FORA, ‘PESSIMISTAS!‘ A julgar pelas colocações do presidente da Câmara, Beto Puttini (PTB), na sessão de ontem à noite, 13, da Câmara de Vereadores, somente os “bons” estão autorizados a ficarem na cidade onde nasceram, cresceram, namoraram, casaram, tiveram seus filhos e netos. E como “bons” entendam, aqueles que emprestam integral apoio e confiança ao Governo de turno, bem como na Casa de Leis de turno. Para ele, os eleitos legisladores atuais são espécie de seres “ungidos pelas mãos divinas”, intocáveis portanto e, principalmente, inatacáveis.

‘PEGA SEU CARRINHO…‘ Num discurso carregado de rancor, o presidente Puttini exortou àqueles que têm críticas, senões e questionamentos a fazer ao atual quadro político local, que deixem a cidade, se não definitivamente, pelo menos em momentos esporádicos. “Pegue seu carrinho e vai passear com a família, se tiver”, mandou. Depois, novamente, o substantivo “otimismo” veio à tona nas falas do presidente.

‘NÃO QUERO NINGUÉM ASSIM!‘ Tecendo loas ao trabalho da atual Casa Legislativa, comparou-a com as composições anteriores e deixou antever que acha esta, de longe, melhor que qualquer outra. Para ele, a atual composição da Casa de Leis seria resultado de análise e escolha criteriosa dos eleitores. Ou seja, entende o edil-mor que, se estão ali aqueles dez, é porque não haviam nomes melhores para serem escolhidos pelo eleitor. Aos pessimistas de plantão, mandou um recado: “Não quero ninguém assim aqui na minha cidade!”

‘ANONIMOUS‘ O único senão na fala do presidente Puttini é o fato de ele não ter sido claro e direto, por exemplo revelando sobre quem estava falando e do que, exatamente, estava reclamando. Disse que as críticas à cidade e todas as suas coisas (ruins) “é covardia”. Bom, pelo menos, seja lá de quem estivesse reclamando, acredito que o tal ou tais críticos devem ter citado o objeto de suas críticas. Portanto, teriam sido bem menos covardes do que imagina o nobre edil.

‘PROIBIDO PESCAR’ Na mesma esteira – para usar uma expressão comum nas falas do presidente -, cerceadora, vem o vereador Marcelo da Branca (PSL) com uma indicação sui-generis. Ele quer que o prefeito proíba a pesca nas margens do Rio Olhos D’água. Consta que apenas no trecho compreendido entre a Deputado e a Constitucionalistas de 32. A alegação é a de que aqueles peixes estão condenados pelas más condições do rio. Contaminados, estariam sendo vendidos para bares na periferia, cujos proprietários, “mal intencionados”, os estariam servindo à clientela.

‘CASO DE POLÍCIA’ Da Branca disse que já chegou a procurar a polícia para resolver esta questão, mas que lá a orientação foi para que, de alguma forma, conseguisse a proibição, “pois não adianta a polícia ir lá e tirar hoje, que eles voltam amanhã”, afirmou. Não desmerecendo a preocupação do vereador, entendemos não ser caso de polícia nem de política a pesca às margens do glorioso rio.

SAÚDE Se o problema é a contaminação dos peixes, o que os tornaria impróprios para o consumo humano, então é caso de Saúde Pública. Sendo assim, ficaria a Saúde responsável por sanar este problema. E de que forma? Emitindo ela, talvez, um comunicado oficial informando os “pescadores” da ameaça à sua saúde que aqueles peixes representam. Talvez colocando ao logo do rio placas com esta advertência. Porque tolher o livre arbítrio, arrancar o direito constitucional da liberdade de ação do cidadão, é violar os mais elementares princípios democráticos.

PANCADA A propósito, toda a fúria retórica do presidente da Câmara de Vereadores originou-se da fala do vereador Paulo Poleselli (PR) quando se debatia na casa a questão dos taxistas. “É preciso que deixemos claro cada tema debatido aqui, porque vereador leva muita pancada, presidente”, teria dito, ainda que com variações de palavras, o vereador. Logo em seguida veio o presidente com sua carga oratória extremista.

Até.