Ainda não se sabe se por concordância ou “rasteira” político-jurídica, mas o fato é que a Comissão Provisória do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB de Olímpia desde o dia 21 de novembro, com validação a partir do dia 28 de novembro, oficialmente está nas mãos do ex-deputado federal Geninho Zuliani, secretário geral do União Brasil no estado de São Paulo. No quadro de dirigentes estão amigos próximos e até ex-assessores de Gabinete na Assembleia Legislativa.

A mudança de mãos do partido reveste-se de grande importância e merece destaque, uma vez que isso significa ter o partido saído das mãos de um grupo que o detinha na cidade desde a sua criação, em 1966, qual seja, o saudoso Décio Eduardo Pereira e seu irmão, Milton Antonino Eduardo Pereira, e pelo qual foram eleitas grandes figuras políticas à Câmara de Vereadores, e até mesmo dois prefeitos, o saudoso José Carlos Moreira, em 1993 até 1996, e Luiz Fernando Carneiro (2001-2004 e 2005-2008).

De acordo com dados passados à reportagem, a provisória do MDB local agora tem endereço à Rua Marechal Deodoro, nº 1.143, no centro da cidade, e tem como membro da Comissão Provisória Fernando Barbosa Velho, e como presidente Marco Antônio Loureiro Barboza; Marco Aurélio Pereira Storto, o Xuxa, ex-assessor de Geninho, é o tesoureiro da Provisória; a advogada Mirela Sechieri Costa Neves de Carvalho é membro da Comissão Provisória Municipal, que tem ainda Vitor Augusto Montini.

De acordo com dados obtidos junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, o agora MDB genista seria o partido com maior número de filiados na cidade, na casa de pouco mais de quatro mil, representando cerca de 51% de todos os filiados a agremiações partidárias em Olímpia, lista que evidentemente deverá ser atualizada, uma vez que 90% destas filiações foram feitas na “avalanche” de uma convenção partidária realizada em 1992, quando o partido “rachou” internamente e uma ferrenha disputa por espaço entre dois grupos políticos sob uma mesma sigla tomou conta da cidade.

Um grupo era liderado por Décio Eduardo Pereira e seu irmão Milton, levando a bordo aquele que viria a ser o próximo prefeito eleito da cidade, saudoso José Carlos Moreira. De outro lado estava o grupo político que detinha o poder até então, liderado pelo prefeito de turno, José Fernando Rizzatti. É preciso constar que Pereira venceu aquela convenção e manteve o partido sob sua guarda, expulsando os “infiéis”.

O Movimento Democrático Brasileiro foi criado em plena ditadura militar, em 66, e extinto pela Lei Eleitoral em 1979, com a implantação do pluripartidarismo. Em 15 de janeiro de 1980, surgia então o PMDB, registrado oficialmente em 1981. Depois, em dezembro de 2017, por decisão interna, voltou a ser MDB.

Importante lembrar, também, que o atual prefeito Fernando Augusto Cunha, hoje no PSD, em 1994 elegeu-se pelo PMDB deputado estadual por Olímpia, com 39.780 votos. Ao longo do exercício do cargo, no entanto, filiou-se ao PSDB de Fernando Henrique Cardoso, pelas mãos de Aloysio Nunes Ferreira, de quem era muito próximo politicamente. Como se sabe, Cunha não logrou êxito em sua reeleição, em 98.

Desde sua criação, o MDB, depois PMDB e depois MDB de novo posiciona-se, em nível nacional, como partido de centro. Mas, em Olímpia, onde inicialmente fora um partido de esquerda pura, com os Pereira, depois acabou guinando ao centro sob a liderança do advogado e ex-vereador João Batista Dias Magalhães.

Magalhães, aliás, foi candidato derrotado a prefeito, pelo partido, em 2012, mas com trajetória legislativa de cinco mandatos como eleito e um sexto mandato como suplente na Câmara de Vereadores.

A propósito, Décio Eduardo Pereira, morto em 2000, conseguiu se eleger vereador na Legislatura de 1993 a 1996. Aliás, em várias gestões legislativas, o MDB sempre ocupou grandes espaços, ocupando cadeiras na maioria das legislaturas, chegando a ter até cinco vereadores em uma mesma gestão.