“Olímpia é uma cidade que cresce, se desenvolve”, gosta sempre de repisar o prefeito Geninho (DEM), antes de foguetórios. Só que sempre que faz tal afirmação, ele nunca diz para quem a cidade cresce e se desenvolve. Porque para uma parcela considerável da população olimpiense parece que não é. O próprio setor do Serviço Social acaba de anunciar que nossa cidade possui mais de 1,5 mil famílias “muito pobres”, ou seja, em situação de extrema pobreza. Leiam atentamente: eu disse 1,5 mil famílias, o que pode representar algo em torno de seis mil pessoas vivendo as agruras de uma vida sem conforto, sem bem estar algum.

Contado em termos de habitantes, o índice percentual de pobres em relação à população total do município – 50.024 habitantes, sobe para 12%. É muita gente em situação miserável numa cidade que se propõe desenvolvimentista, em crescimento vertiginoso como quer nos fazer crer o alcaide e seus acólitos. Está certo que Olímpia tem índice inferior ao do Estado e do país, já que a média nacional é de 8,5%, e do Estado, de 7%. Mas os dados ficam ainda mais assustadores quando se sabe que 3004 famílias estão cadastradas em programas sociais do município, o chamado Cadastro Único para Programas Sociais-CadÚnico, alcançando, portanto, 9.740 olimpienses, ou seja, 19,47% da população de 50.024 habitantes.

Há ainda outras 1.641 famílias que recebem o abençoado – para elas -, Bolsa Família, número que a Assistência Social informa que “deverá ser multiplicado” com o novo plano de Dilma, o “Brasil Sem Miséria”. O que significa estar em situação de extrema pobreza? Receber per capita, R$ 70 mensais. Numa família de quatro pessoas representa R$ 280 por mês. Esta família, portanto, não pode morar, não pode comer, não pode se vestir e, principalmente, não pode ter a mínima dignidade.

Informa a Assistência Social que Olímpia, por meio do Estado, já vinha combatendo a extrema pobreza através de programas como Renda Cidadã para 271 famílias, recebendo R$ 80 cada, 723 adolescentes e jovens dentro do Programa Ação Jovem, recebendo R$ 80 cada, e o ProJovem Adolescente, com 187 jovens, cada um recebendo R$ 35. Só aqui são 1.181 famílias, jovens e adolescentes que têm que recorrer ao Poder Público para sobreviver com o mínimo possível. Isso talvez explique, em parte, o aumento da violência e de jovens e adolescentes envolvidos com o tráfico?

Os números são absolutos. E oficiais. Eles mostram que já está mais que passada a hora de a Administração Municipal mudar o discurso desenvolvimentista que privilegia o material em detrimento do pessoal, do familiar, do humano. Quem está precisando nesta cidade de firmes alicerces, de obras urgentes e necessárias é esta grande parcela de olimpienses que, mais que prédios dispendiosos e obras para “alimentar os olhos” de quem vem de fora e vai embora em seguida, necessita da atenção do poder público para sanar problemas básicos resultantes da falta de política de bem estar coletivo.

Porque o desenvolvimento e crescimento de uma cidade só podem ser medidos pelo grau de bem estar coletivo do povo, pelo nível de satisfação da sociedade. Desenvolvimento, entre outros significados, é a passagem gradual de um estágio inferior para um estágio mais aperfeiçoado; e crescimento, entre outros significados, é o aumento da capacidade produtiva da economia, por exemplo, de determinado país, estado, ou município. Portanto, onde e quando construir prédios caros, ou outra forma de materialismo como dialética é desenvolvimento ou crescimento? Desenvolver formas de aumentar o nível de empregabilidade do município pode ser um bom começo.

Até.