Sim, o Folclore é uma ciência, além de arte popular.

“O folclore é uma ciência que se reveste de grande importância, pois nos leva a conhecer os atores que constituíram a cultura de um povo, o que equivale a dizer que constituíram o próprio povo. O trabalho do folclorista é de difícil realização, principalmente quando o país é de grandes proporções. É preciso pesquisar nas regiões que mantiveram seus costumes, verificar criteriosamente antigos registros, para que as informações se transformem em eficiente material de estudo.” (in www.construirnoticias.com.br)

A partir desta constatação, já de muito tempo e pelo tempo todo disseminada pelo ideólogo do nosso Festival, professor Sant’anna, é que surgiu a ideia de, este ano, começar a se delinear um ciclo em torno do evento que se poderia chamar de “a ciência do Folclore”. Uma forma de perscrutar o seu significado mais profundo, para muito além do imaginário popular. Significando, talvez, “estudar” o Folclore. Ou debatê-lo, buscar seu significado e sua significância científicos.

Para tanto, nos dias 11 e 12 de agosto, segunda e terça-feira de Festival, das 10 ao meio dia, se desenrolará no Pavilhão Cultural do Recinto de Atividades Folclóricas “Professor José Sant´anna”, o círculo de palestras em Etnomusicologia “O Folclore na Modernidade”, palestras estas a serem proferidas por mestres doutores da Universidade de Campinas, a Unicamp, por meio do Grupo de Pesquisas e Antropologia do Som, do Instituto de Artes daquela universidade (com registro no CNPQ).

“A ideia é pensar o festival”, resume Estevão Amaro dos Reis, músico olimpiense com doutorado em Etnomusicologia na Unicamp. “Qual a trajetória, como surgiu, de onde veio, para onde vai” serão as questões básicas a serem debatidas, informa ele, que fez mestrado em Folclore e agora faz doutorado.

“Qual o papel do Festival no mundo moderno?”, é a pergunta que se tentará responder nestes encontros. Outra é “ele nasceu num contexto que não existe mais?”. Ou tudo é uma questão de adaptação?  “A tentativa é de responder a estas questões. Podemos até nem obtermos as respostas, mas com certeza suscitaremos outras questões maiores”, diz Estevão dos Reis. De acordo com ele, o Folclore “é um tema delicado, não é tranquilo”.

Este encontro marcado de 2014 tem também o propósito de ser a “semente” para algo ainda mais grandioso, que é a realização, ano que vem, de um Congresso sobre o tema. “É uma semente em forma de palestra para culminar num congresso”, resume Reis, complementando que a base de tudo isso é “pensar o Folclore no Brasil”. Ele garante que não existe no país inteiro nada no gênero como acontece aqui.

“Aqui é o lugar”, sentencia. “E o que se faz aqui, agregado a uma universidade, só se tem a ganhar”, garante.

Também está integrada ao projeto a criação de um “periódico” on line, mas não para divulgação do evento em si, mas para que estudiosos e pesquisadores possam publicar seus trabalhos sobre Folclore. Ou seja, será uma plataforma de consultas, pesquisas e busca de conhecimentos e informações. Deve ir ao ar após o Festival. Será desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da Unicamp. Estevão adianta que serão publicados artigos até de pesquisadores internacionais.

Além de Estevão Reis, cujo tema será “Festivais de Folclore e Encontros de Cultura Popular”, participarão deste ciclo de palestras Marcos Edson Cardoso Filho, da Universidade Federal de São João Del Rei (MG), que vai tratar o tema “Folclore e Novas Tecnologias”. Cardoso Filho é compositor e doutor em História; Erica Giesbrecht, que é antropóloga doutora em Etnomusicologia, com pós em Audiovisual vai falar sobre “Comunidades Negras em Campinas – Recriações Tradicionais no Cenário Contemporâneo”; Alessandra Ribeiro Martins, Historiadora e doutora em Urbanismo, líder de uma comunidade de Jongo campineiro, vai palestrar sobre “Folclore e Patrimonialização”.

Todos os participantes receberão certificado de participação. O encontro é destinado a estudiosos, professores, coordenadores de grupos, universitários e a quem mais interessar possa. “Esperamos suscitar o debate já no momento das palestras”, pede Estevão Reis. Que assim seja, pois.

Até.