Leio no site do bem, só do bem, de Olímpia, texto publicado agora há pouco dando conta de que “lideranças políticas” deixam o PMDB. Não considerando que trata-se de uma ação orquestrada pelo poder central, o site dá conta, ainda, de que estas “lideranças” estão de mudança para o Partido da República, o PR do vereador Dirceu Bertoco. Diz mais, ainda, o site quase oficial: que haverá mais “defecções” na sexta-feira, amanhã, portanto.

Reza o Michaelis, que o substantivo feminino “Defecção”, além do significado de “Rebelião”, é também o “Ato de abandonar um partido ou uma opinião”. O primeiro significado do termo é aquele que, naturalmente, mais interessará ao alcaide e seu grupo difundir, pois isso passará para o público médio a idéia de que a pré-candidatura do vereador João Magalhães, peemedebista histórico e fundador do partido em Olímpia, afugentou as tais “lideranças”, por qualquer motivo que seja, motivo este aliás que nunca virá a tona, por uma simples razão: não pode ser facilmente detectável ou, por outras palavras, não existe.

Até mesmo porque, o que vão alegar as “lideranças” rebeladas? Que o partido tem uma pré-candidatura e isso não seria possível nesta altura dos acontecimentos? Uma pré-candidatura, é bom lembrar às “lideranças”, nada mais é do que uma pré-candidatura. Em política, o prefixo indica algo que pode ou não acontecer. O nome é lançado, mas as discussões não se fecham a partir daí em nenhum partido democrático. E Magalhães deixou bem claro que estava colocando seu nome à disposição. Não li em nenhum lugar, nem nos semanários agregados, que ele É o candidato do partido.

Portanto, esta “defecção” precoce é muito, muito, suspeita. Acredita-se ser um belo jogo de cena patrocinado pelo prefeito Geninho (DEM), que tem se revelado um mestre imbatível na arte de seduzir políticos, neófitos ou não. O site neo-oficial tenta iludir seus leitores (como aprendiz de feiticeiro que é seu mantenedor), ao dizer que as tais “defecções” ocorrem, “coincidentemente ou não”, após o anúncio da pré-candidatura de Magalhães. E notem que ele mesmo crava lá: pré-candidatura.

A propósito, desfiliaram-se do PMDB dois suplentes da legislatura passada, Rubens Antonio Gianotto, 13º em volume de votos, ou 2,64% deles – 754 no total, e Flávio Fioravanti Júnior, o Flavito, que recebeu 823 votos e ficou na 12ª posição, com 2,89% dos sufrágios. Também deixou o partido o advogado e também suplente na legislatura iniciada em 2005, Paulo Roberto Poleselli de Souza, que obteve naquele pleito 570 votos (2,06%).

Lembrando que nas discussõs internas do PMDB, o próprio Flavito foi convidado a ser o nome majoritário da sigla e declinou, segundo algumas fontes que estiveram nestes encontros.

Portanto, bem avaliadas, vê-se que não se tratam de “lideranças” de peso dentro do partido, no âmbito político. Podem ter seus valores traduzidos no cabedal de votos que receberam, porquanto virem a ser cabos eleitorais de peso no grupo genista, quiçá se elegendo, um ou outro, ou os três. Diz ainda o site do bem, só do bem, que “cada uma dessas lideranças poderá, nos próximos dias, retirar mais quadros do PMDB local”.

Que seja, mas que os motivos reais sejam revelados. Dizer que saem porque Magalhães foi “lançado” prefeito sem que fossem avisados é desculpa pífia demais. Até porque ele não foi “lançado”. Apenas colocou o seu nome à disposição, o que é uma coisa bem diferente. Ademais, consta que várias reuniões foram feitas entre o grupo peemedebista, onde o assunto candidatura à cadeira da 9 de Julho foi colocado em pauta. Ninguém se manifestou. Antes de tudo porque para assumir tal incumbência, diante da máquina infernal que será posta na rua pelo grupo no poder, é preciso determinação e destemor.

À tal pré-candidatura, se fossem as “lideranças” partidárias fiéis à sigla que representavam, também poderiam se colocar, ao invés de debandarem. No seio do partido, depois se escolheria o nome mais denso entre eles. Observem que o fecho do texto é ameaçador: “Nesta sexta-feira (30), haverá outra defecção, também de peso, mas confirmaremos o nome nas próximas horas”, escreve, tenebrosamente, o “escriba” neo-oficial.

E quanto a esta nova “defeção” de sexta-feira, pode tratar-se de Cristina Reale, a ex-secretária de Carneiro recentemente convertida ao genismo. Deve deixar o PSD (o partido de Kassab está sendo organizado em Olímpia pelo vereador petista Hilário Ruiz) e, da mesma forma, migrar para o PR ou qualquer outra sigla menor da base política-eleitoral do burgomestre. Não se deve apostar em um dos dois vereadores peemedebistas – Toto Ferezin e Das Pedras, porque isso seria políticamente problemático para eles.

E no final de seu primoroso “furo” jornalístico, o “escriba” acaba entregando o jogo: “Assim, a base que dá sustentação ao prefeito Geninho Zuliani (DEM) ganha mais força política, já que o PR, para o qual foram os ex-suplentes peemedebistas, faz parte da sustentação do atual governo municipal.” Viram? Não é difícil entender.

EM CIMA DA HORA
O blog acaba de receber (19h15) a informação de que o agora ex-peemedebista Flávio Fioravante Júnior, o Flavito, está indo de mala e cuia para as hostes genistas porque teria recebido convite do prefeito Geninho para ser seu vice no pleito do ano que vem. O convite teria sido feito há cerca de 20 dias atrás, em reunião agendada pelo vereador Bertoco, no próprio Gabinete do alcaide, segundo fontes próximas ao grupo no poder.

E quem estaria viabilizando esta “dobradinha” seria o próprio Bertoco. Resta saber se o prócer do PR tem mais força política que os próceres do PSDB, com cujo partido o prefeito havia se comprometido a se manter unido, e ter Pimenta de novo como vice.

Até.