Nem tudo está perdido. E, mais do que ninguém, o prefeito Geninho sabe disso. Faltam dois anos para o próximo pleito. Se sua aceitação está de ruim para péssima agora- depois de um início meteórico de Governo, que indicava ser o jovem prefeito talvez o melhor gestor a ocupar a cadeira principal da Nove de Julho -, o patamar inicial poderá ser recuperado de novo, se as coisas forem recolocadas nos eixos, a “volúpia de fazer” deixando de ser a “pedra-de-toque” das decisões administrativas.

Não se sabe o que se passava na cabeça do então recém-chegado ao poder que acionou a máquina disponível de Governo para transformar a cidade em um “canteiro de obras”, como sua assessoria gostava de propalar via relises diários. Talvez as eleições postas para dali a dois anos, agora passadas, e de sua parte, vitoriosa, porque “encheu” as urnas de votos para o seu candidato principal a Federal, Rodrigo Garcia – mais de 11 mil votos – e outro tanto de deputados federais e estaduais trabalhados pela sua trupe que conseguiram chegar lá. Foram outros cinco federais e nove estaduais.

Se for uma jogada estratégica do prefeito, visando engrossar sua base de apoio nos níveis federal e estadual, parece que o caminho já está meio andado. Se isso redundar em verbas e mais verbas para resolver problemas cruciais da cidade, então, mais andado ainda estará o caminho. Mas, se foi apenas erro de estratégia administrativa, ou simples falta dela para fazer as coisas como vem fazendo, então a coisa fica mais difícil. Bem mais difícil. Hoje, Geninho não seria aceito nem como candidato a guarda de quarteirão, dada a ojeriza que o povo tem nutrido por ele.

Esse sentimento é compartilhado por todos, até pelos mais próximos, à frente, o funcionalismo municipal, que hoje é “um poço até aqui de mágoas” por conta de certas ações do alcaide. Sua base de sustentação política anda arredia, e até já fazendo planos para 2012, segundo as rodas políticas. Nas “bolsas” de fofocas, inclusive, está em alta a possibilidade de que ele não termine o mandato. Acho um tanto exagerada, extremada, até, esta aposta. Há coisas tão graves assim? Para este blog, tratam-se, até onde se pode vislumbrar, de meros dessarranjos de quem não tem aptidão para a organização, o gerenciamento de coisas que estão acima de sua estatura, de modo geral.

A história é: a partir do começo do ano passado, a cidade foi brindada com milhões em recursos vindos de fontes diversas, União e Estado enchendo as burras locais via deputados. O atual governo ainda herdou mais de R$ 7 milhões do governo passado, projetos prontos, dinheiros empenhados, enfim, Geninho assumia, arregaçava as mangas e obras começaram a aparecer aqui, alí, acolá. E tome propaganda, e tome otimismo, tome aprovação popular. Mas, passado um ano e pouquinho, como num sonho, tudo se desvaneceu. O que parecia sólido desmanchou-se no ar. E a pergunta a ser feita é: por quê?

Só mesmo o próprio prefeito pode explicar em  detalhes. Mas, o que “escapa” das entranhas do poder central dá conta de que a razão principal seria – piegas até! – descontrole financeiro. Gastou-se mais do que se tinha para gastar. O que não dá ainda para entender é como se gastou dinheiro “carimbado” de obras sem que estas fossem terminadas. Por exemplo, a canalização das águas pluviais da Rua Floriano Peixoto. A obra ali, na verdade, não está pronta e não há previsão de conclusão.

O que se fez foi enterrar os tubos e jogar uma camada de asfalto sobre a terra. Mas, cadê guias, cadê calçadas, cadê a devolução daquela região aos seus moradores nas condições de uso em que estava? A Praça da Matriz, que em condições normais é obra para três, quatro meses, no máximo, já está há oito meses num “chove -não-molha” interminável.

A empresa contratada faliu, dizem. Foi passada a obra para outra menor, que também não teria dado conta, e agora a preitura faz o trabalho final, mas numa lentidão desesperadora. Esta empresa é a mesma que ganhou a concorrência da UPA, começou a obra e deixou-a apenas no alicerce, praticamente (E, o que é pior, parace que Brasília tem um relatório da obra que não estaria compatível com o vedadeiro estágio dela). Aí temos o Centro de Recepção ao Turista, na praça central, obra também para três, quatro meses, já parada há mais de seis, incluindo os dois banheiros centrais, obrigando o uso de equipamento químico, que vez ou outra inunda o centro com uma catinga dos diabos, quando é manuseado.

A avenida Harry Giannecchinni, cuja “mexeção” serviu até agora só para privar os olimpienses de uma figueira cinquentenária, frondosa, linda, a enfeitar uma das entradas da cidade, que agora cortada, decepada, mais parece um mostro indecifrável a espantar os bons ventos que sopram por ali. No caso desta avenida, dá para dizer apenas que a obra parou na intenção, nem no começo, nem no meio. Aliás, o meio tem sido o fim das obras nesta cidade. 

Aí, temos ainda a brilhante idéia do prefeito de mudar a prefeitura de lugar. Levá-la para onde então funcionava o Daemo, nossa autarquia de água e esgoto. O que se fez? Alugou-se um imóvel no centro, colocou lá o Departamento para que o prédio, aliás histórico da cidade, fosse reformado. Bingo! A obra começou e está parada há pelo menos dois meses ou mais. Assim, o Daemo continua pagando aluguel e a prefeitura continua no mesmo lugar, na 9 de Julho, e o prédio onde deveria estar a autarquia, quietinha, fica vazio. Desnecessário dizer que, enquanto isso, o dinheiro público vai voando pela janela…

Asfalto, continua um mistério. Anuncia-se que nunca se fez tanto recape na cidade, e nunca se viu tanta gente reclamando de buracos, terra e barro. O sistema de abastecimento de água, falando em Daemo, também nunca foi tão caro, tão “técnico” e tão insuficiente como tem sido nesta gestão. As obras não saem nunca do papel, a lagoa de esgoto “encruou” e o projeto de captar água no cachoerinha, com a necessária construção de seis quilômetros de emissários, vem sendo considerada uma utopia por quem é familiar ao sistema. Há uma UBS desativada na cidade, fechada que foi para reforma, mas seis meses depois ainda não se viu um pedreiro sequer por lá.

Enfim, há um rol enorme de desacertos do alcaide. Mas, que poderá muito bem se tornar acerto. Como já disse acima, há tempo para isso. Se Geninho conseguir organizar tudo novamente, colocar as coisas nos seus devido lugares, não continuar com essa “volúpia de fazer” desenfreada, honrar compromissos com fornecedores, não começar uma obra sem terminar a anterior ou, no caso, terminar uma a uma, e uma de cada vez, as obras paralisadas, ainda que leve um ano e meio, terá sua imagem recuperada frente à opinião pública, bem na porta das eleições municipais.

Desta forma poderá então pleitear a reeleição e até chegar lá. Assim viabilizando, dois anos depois de reeleito, sua caminhada rumo à Assembléia Legislativa, seu maior “sonho de consumo”. Mas, caso o prefeito não introjete em si a “volúpia da concertação”, pode dar adeus às suas pretensões maiores. Aliás, penso que ele poderá dar adeus à política. Porque a não-reeleição em 2012 significará o fim de sua carreira política. Que em nível local chegou no auge extemporaneamente. E pode ir ao ocaso de forma precocemente tempestiva.