As informações que nos chegam via TV e outros veículos regionais de informação são as de que os ex-prefeitos de Severínia, Mário Lúcio Lucatelli, o “Babão”; de Guaraci, Valtercides Monteiro, o “Cidinho Monteiro”, e de Olímpia, José Carlos Moreira, estão sendo procurados pela polícia. Ou, visto de outro ângulo, estão foragidos da polícia. Cada um por um motivo, mas todos, em comum, pela prática descarada do desvio do dinheiro público.
Cidinho Monteiro foi julgado por desvio de verbas, emissão de notas frias e por não pagar salários de vereadores e funcionários da prefeitura. A condenação é de três anos em regime semi-aberto. “Babão” foi condenado a mais de cinco anos de prisão em regime fechado. Ele é acusado de desviar dinheiro público por 29 vezes, totalizando R$ 26 mil. Já Moreira foi condenado a quatro anos de prisão em regime semi-aberto. Ele é acusado de participar de licitações irregulares e por um fato curioso: utilizar dinheiro público para comprar flores e entregar em velórios para promoção pessoal:
(PS: apenas para registrar: Moreira acaba de ser inocentado em outra ação por improbidade na Justiça de Olímpia).
Em todos os casos não cabe mais recurso. Os mandados de prisão já foram expedidos, mas os políticos sumiram, dificultando o trabalho dos policiais. As autoridades até já pedem a quem tiver informações, que prestem à polícia, para facilitar a captura deles. Homens eleitos pelo povo, em quem confiou, tendo-os como figuras probas para cuidar dos seus interesses. Mas, não raro, homens deste jaez, uma vez no poder, agem como se a coisa pública fosse o quintal de sua casa ou, pior, a casa da mãe joana.
Não restam dúvidas que são decisões salutares estas tomadas pela Justiça contra ladrões dos cofres públicos. Infelizmente é nossa região que foi “presenteada” com três casos simultâneos. Mas, há que se lamentar a demora para trais decisões. “Babão” foi prefeito de 1997 a 2000; “Cidinho”, de 1993 a 1996, mesmo período em que Moreira administrou Olímpia. Portanto, são delitos praticados há cerca de 13 anos, no primeiro caso, e há cerca de 17 anos, nos segundos casos. Mas esse é o tempo médio das decisões na Justiça deste país, infelizmente.
Lamento a demora porque imagino que para qualquer político, dói mais ser flagrado com a mão na massa e perder o cargo, que qualquer condenação a posteriori. E já repararam que todo crime político só é julgado em definitivo – quando o é – sempre após o político deixar o cargo? As protelações são muitas, o tráfico de influência maior ainda, as ramificações, os tentáculos do poder estão sempre a impedir qualquer punição. E o político ladrão mal-caráter está sempre a rir das nossas caras.
O povo já nem acredita mais que a Justiça exista para essa gente. Faz pouco, quando sabe que fulano ou beltrano, prefeito, vereador, deputado, senador, governador ou ministro, é pego em falcatruas. O povo ri de si mesmo. Incrédulo de sua inocência ao imaginar que ali estava um cidadão probo. Mas é o que sempre digo: enquanto não se apenar o ladrão de casacas com a perda do cargo, nada se resolverá neste país. Porque o ladrão de casacas mantido em seu cargo torna-se um afrontador daquela Justiça que quer puní-lo, e um zombador daquele povo que o colocou lá. E para o qual há Justiça célere e sempre a bater à porta.
Mas, é bom que isso tenha acontecido. Servirá de exemplo para todos os demais governantes de turno. Para aqueles que governam honestamente, servirá para que não se desvie do caminho. E para aqueles que já atravessam caminhos tortos, servirá como tônico da insônia, ao se conscientizar de que não existe crime perfeito.
Até.
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