SEM LEGENDA

SEM LEGENDA

Amigos do blog, lá vamos nós. De novo, o beduíno deslumbrado é o centro dos acontecimentos (ruins) da cidade. E mais uma vez ele vem se justificar em cima deste escriba. Sou sempre o culpado, parece, por suas mazelas e atos tresloucados. Agora ele vem defender a cobertura de um despejo patrocinado pelo prefeito Geninho (DEM) contra o ex-vereador, hoje presidente da Associação dos Municipais, Antonio Delomodarme, o Niquinha. Defender o indefensável, na nossa opinião. Porque ele vê fato jornalístico onde só vejo notícia, talvez esta seja a diferença. Ele vê interesse público onde só vejo um ato jurídico-administrativo perfeito, em favor do município, contra um casal de funcionários públicos. Ele vê com normalidade tal atitude, respaldando-se na função de repórter, onde vejo um ato de agressão moral em nome da ‘imprensa’.  Nada obsta o senhor prefeito de fazer o que fez, é um ato legítimo. O imóvel é do município, portanto, do povo, e aquele local onde ele está será utilizado para a edificação de uma obra que virá dotar o estádio Teresa Breda de mais um equipamento para uso de jogadores, equipe técnica, etc. O Niquinha mora lá há 23 anos, e antes de entrar com a ação, o prefeito, por meio de sua assessoria jurídica, teria comunicado o ex-vereador de seu interesse. Teria agido melhor Niquinha se atendesse ao pedido e deixasse o local? Sem dúvida nenhuma. Mas, a ele é dado também o direito de contestar. Embora ali é sabido que a derrota era iminente. Não existe usucapião em próprio público. Bom, chegado o momento de executar uma ordem judicial, que se cumpra. Mas, não custava nada ao prefeito deixar que tal ordem se cumprisse…em ordem. E digo sempre que Geninho tem parte nesta situação, porque pude presenciar seu vivo interesse na questão, sendo informado a cada instante do ocorrido e suas consequências. Os ‘espiões’ ou ligavam ou vinham pessoalmente narrar o ‘calvário’ do seu desafeto-mor quando na Câmara.

AUTORIZOU, É?
Diz o beduíno deslumbrado que o juiz Hélio Benedine Ravagnani, que proferiu a sentença e determinou a desocupação, autorizou a imprensa a acompanhar o trabalho dos oficiais de Justiça, policiais militares e funcionários da prefeitura. E daí? E outra, para solicitar autorização do magistrado alguém estava sabendo, por antecipação, que isso iria acontecer naquela hora. E como sabemos que há coleguinhas que não saem dos corredores superiores do Palácio da 9 de Julho, é só juntar dois e dois. Apenas a título de informação, digo aos amigos que havia muito mais ‘imprensa’ no desalojamento doméstico de Niquinha e sua esposa, do que na reunião no Fórum, onde estava em discussão a paralisação ou não dos médicos da Santa Casa – o que acabou se efetivando – deixando claro qual o entendimento de ‘interesse público’ que norteia a nossa imprensa. Depois vem o beduíno e diz que o prefeito, pelo contrário, não queria a cobertura jornalística porque sabe que “parte da imprensa” da cidade é “podre e venal” e que o fato iria ser “distorcido”. Parem o mundo. Distorção é o que praticaram estes coleguinhas. Verdadeiro atentado ao bom senso jornalístico.

ATO VERDADEIRO
É bom que os amigos entendam que não está este que vos escreve professando a não publicação do fato (que não é jornalístico). A publicação do ocorrido pode e deve ser feita. O que não pode e não deve ser feita é a esculhambação, a execração pública de dois funcionários públicos, ao final. Não importa se ele foi foi polêmico, se é agressivo, folclórico, “detentor” (sic) de “várias passagens curiosas e interessantes”, definições que foram usadas pelo beduíno para justificar a ensandecida perseguição jornalística. Sei também que a imprensa é livre. Livre inclusive para exercitar seu discernimento quanto ao que é fato jornalístico e/ou de real interesse público. Se não, vejam os senhores nas linhas acima quais foram os argumentos usados por este cidadão agredido, para tentar nos fazer crer que tratava-se alí, de um fato jornalístico. É risível, para dizer o mínimo. Depois ele diz que eu achei “natural” a reação do Niquinha. Já estou acostumado. Ele é do tipo que houve e não entende, lê e não compreende. O que tentei dizer é que, diante das circunstâncias, e da antevista execração pública a que estaria para ser submetido o funcionário público, e ainda diante da insistência de Niquinha junto ao repórter para que não fotografasse – veja bem, que não fotografasse, e não que não fizesse a cobertura ‘jornalística’ – aquela acabou por ser a última instância de ‘convencimento’.

COMO FAZER?
Ainda dentro desta linha de raciocínio, sobre o direito à imprensa de divulgar o fato, continuo afirmando: Claro que deve ser divulgado. Mas melhor se fosse pelo lado jurídico-administrativo que tem. Por exemplo, alguém está sabendo o que o prefeito pretende fazer ali? Esse seria o lado administrativo da coisa. Alguém se interessou em publicar isso? Ou seja, qual o fato relevante, então, para eles? Claro, o despejo, puro e simples, a exposição, a execração. Caso contrário bastaria aos repórteres abordarem a questão jornalisticamente. E o que significa isso? Simples: ouvir os dois lados. Quem fez (o prefeito), quando fez (desde tal data, entrou com ação na justiça etecetera e tal), como fez (ganhou o direito à reintegração por despejo etecerea e tal) e por que fez (para erigir alí um alojamento, um edifício ou coisa que o valha). O que o funcionário acha disso? Há quanto tempo mora ali? O que pretende fazer agora? Um breve histórico e por aí afora. Pronto, está dada a notícia. Sem o ranço persecutório e revanchista que permeou todo o acontecimento de ontem à tarde. Causou-me espanto a falta de discernimento dos coleguinhas, que seguiram para lá feito bestas enfurecidas, só porque do poder emanou uma ordem.

CALMA, BEDUÍNO!
O cidadão agredido na tarde de ontem durante a ‘maratona’ do despejo do Niquinha não perdeu tempo. Este comentário do qual reproduzo trechos acima e comentarei neste bloco, foi postado por ele na sua página de notícias que ele chama de blog (agora ‘monetizado’ – chique, não? – tem até nota fiscal) logo após os comentários feitos por mim no meu programa na Rádio Menina-AM hoje de manhã. De impropérios em impropérios, o beduíno deslumbrado chega a dizer que eu tenho mesmo que defender este grupo do qual eu ganho para viver – olha, ainda não dá para viver com o que eu ganho deste grupo, não. E que eu já levei ‘lambada’ do ex-prefeito Carneiro publicamente e já estou acostumado. E ele não. Primeiro, que nunca, em tempo algum levei ‘lambada’ de quem quer que seja, porque este não é o meu feitio. A única altercação havida entre eu e o ex-prefeito, para quem não sabe, foi no dia 6 de fevereiro de 2001, em frente à então sede do PT, hoje Planeta News, que respondi à altura, em um jornal eletrônico que tinha, há 10 anos atrás (portanto, o que ele faz hoje está uma década atrasado) e há centenas e centenas de testemunhas desse episódio. No caso dele, acostumado ou não, tem sido tratado feito capacho pelo poder central, do qual insiste em lamber as botas e ser a voz corrente, rabo no meio das pernas. Levava ‘carraspana’ do ex-prefeito, sim senhor – porque ele também esteve naquele governo – e do atual e seus subordinados, então, nem se fala. E diz ainda que ninguém precisa chamar a imprensa, não, basta ser bem informado. De onde ele tirou essa idéia do jornalista-adivinho eu não sei. Mas que é uma novidade, isso é.

OS MÉDICOS
Muito bem, amigos, e deu o que já se esperava. Os médicos já não fazem mais, desde à zero hora de hoje, o plantão à distância na Santa Casa de Misericórdia de Olímpia. Não houve acordo. Eles não aceitaram a última proposta, de R$ 50 mil, feita pela provedoria do hospital. Portanto, não fique mal, não tenha infarto, traumatismo craniano, não tenha filhos, não deixe supurar seu apêndice, cuide bem do seu AVC, do seu coração, não caia, não frature nenhum osso, esqueça o raio-X. É mais ou menos por aí. Diz a nossa Carta Magna que a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. No caso do município, qual ente representa o Estado? A prefeitura municipal. Em última análise, portanto, é do município, leia-se Poder Público, a responsabilidade sobre o que vier a acontecer doravante com a saúde do cidadão que necessitar de um tratamento mais delicado e não encontrar. E morrer por causa disso. Mas, a Justiça local entendeu que o município não tem nada a ver com isso. Que a responsabilidade pelo pagamento dos médicos é da Santa Casa. Decisão polêmica, haja vista que o hospital não tem cacife para uma despesa de R$ 95 mil por mês a mais. Assim, resta ao MP fazer o quê? Sugerir ao município a  intervenção do único hospital de Olímpia.

NÃO TÃO FÁCIL
Mas, observem os amigos o quanto isso trará de dificuldades para o Poder Público. Embora não sejam poucas as vozes dizendo que o que o prefeito queria era isso mesmo, tomar posse também do hospital. Bom, mas a primeira coisa a fazer é transformar a Santa Casa em entidade municipal. A partir daí, dispensar todos os funcionários nela trabalhando hoje, porque o dinheiro público não pode ser usado para pagar quem não é funcionário concursado ou comissionado. Depois, passa pela criação dos cargos necessários para a efetivação deles por concurso público. Antes, o município já terá que ter resolvida a questão dos plantões à distância e presenciais. Neste último caso terá que contratar quatro profissionais em lugar de um só, hoje, porque eles teriam que rodar turno de seis horas, exigido por lei. Teria que ter formado o corpo clínico, nomeado os novos diretores técnico e clínico do hospital. Ou seja, teria que investir e muito para manter a ordem e o nível de atendimento. E se o prefeito alega agora que não pode ajudar a pagar os médicos, como então será possível arcar com tudo isso? Só ele mesmo para dizer. Diante disso, esperemos pelo plano ‘B’ que muitos dizem tê-lo ouvido dizer que tem para a Santa Casa.

E AS CONTAS
Foi uma festa só na noite de ontem. A bancada situacionista saiu para comemorar. Dizem que a chamado do prefeito. Que conseguiu, por meio dela, e com os votos de Guto Zanete (PSB) e Hilário Ruiz (PT), seu intento. Qual seja, a rejeição das contas de 2006 e 2007 do ex-prefeito Carneiro (2001-2004/2005-2008), que por não ter pagado precatórios, veio com parecer pela não-aprovação do Tribunal de Contas, o TCE. Depois de muitas idas e vindas, as contas finalmente foram para a pauta da sessão de ontem, e foram rejeitadas por empate em cinco a cinco nos dois casos. Eram necessários sete votos para a derrubada do parecer do TCE e consequente aprovação. Com isso, o ex-prefeito pode ficar inelegível por até cinco anos – há quem diga que a inelegibilidade é automática e que ele já estaria fora do páreo em 2012 – acabando com o grande medo de Geninho. O resultado, sem o convencimento de Zanete e Ruiz, já era esperado. A surpresa maior ficou por conta da rejeição do requerimento protocolado pela Comissão de Finanças e Orçamento-CFO, pedindo o sobrestamento da votação por duas sessões ordinárias subsequentes, sob a alegação da necessidade de melhor instrução jurídica da defesa, para o debate do tema. Bertoco (PR) e Toto Ferezin (PMDB) votaram contra o adiamento da discussão e votação, pedindo que a ‘novela’ se encerrasse ali.

ARGUMENTOS
Bertoco usou como argumento uma decisão que disse já tinha tomado há tempos, de que quando as contas fossem a plenário e lá estivessem os dez vereadores, votaria. Se um deles tivesse faltado, então “seria o primeiro a pedir o adiamento”. Já Toto Ferezin, ao justificar a rejeição do requerimento disse qualquer coisa assim: “Por acreditar na inocência do ‘réu’, voto pela rejeição do requerimento.” Réu? Ninguém entendeu muito bem. Requerimento derrubado por cinco votos a quatro, os projetos de Decreto Legislativo 304 e 307 foram à votação e, com os empates em cinco a cinco, foram rejeitados os pareceres da Comissão de Finanças e Orçamento, que eram pela derrubada do parecer do TCE. Salata não se conteve e, ao ouvir o voto contrário de Zanete gritou, aplaudindo: “Muito bem!”

SUSTO
Diz a lenda que, antes disso, porém, uma névoa de temor percorreu o plenário, com o lider da bancada imaginando que os votos contrários de Bertoco e Ferezin ao requerimento da CFO fosse uma ‘pegadinha’. Ou seja, que assim havia sido combinado entre eles, para que Zanete e Ruiz votassem favoráveis às contas à última hora. Por isso, talvez, o aplauso e a saudação de Salata. Por alívio.

PENDURADO
Neste episódio das contas do ex-prefeito Carneiro, dizem, tem mais mistérios entre as conversações e a votação propriamente dita do que possa imaginar nossa vã filosofia. Interesses outros que não propriamente políticos estiveram envolvidos. E na hora do ‘vâmovê’ tais interesses falaram – como sempre falam – mais alto. “Os detalhes estão guardados a sete-chaves”, disse-me uma fonte, para o momento mais apropriado. “E este momento não demorará a chegar”, ameaçou.