As eleições 2024 começam a esquentar. Mas, o engraçado é que já se vê, enquanto elas ainda estão nos umbrais, atos de desesperos aqui e ali, destemperos exagerados acolá e até posturas ridículas de quem se esperava pelo menos um pouco de seriedade.

Pode parecer que não, mas política é coisa séria, embora os vilipêndios em série que se perpetram contra ela em todos os níveis onde é praticada. E quando se trata de um pequeno reduto como a Estância e outros do mesmo porte, todas as mazelas tornam-se conhecidas, por estarem, seus personagens, muito próximos de cada um de nós.

Conhecemos sua origem, sua evolução (ou involução), seu passado, seu presente e, por vezes, até arriscamos projetar seu futuro. Assim, nada escapa aos olhos atentos de cidadãos atentos. Prestidigitações à parte -substantivo feminino que no caso diz respeito à tradição do ilusionismo, não aos outros significados-, porque política é também a arte de iludir.

E mesmo quando o político comete seus sincericídios por aí, ainda assim está iludindo. Às vezes até a si mesmo. Haja vista que agindo assim, comete uma espécie de verdade relativa, em que o indivíduo fala sem pensar, desconsiderando o que o outro sente ou deseja, conforme a definição acadêmica do termo.

Mas, digressões à parte, o fato é que se a disputa não for moldada agora, em seu princípio, tudo indica que pode resvalar para a selvageria verbal, editorial (o que já se está vendo, embora a precocidade de tempo) e assim, anuviar a visão do eleitor, este ser supremo sempre tratado a chineladas e malversações de verdades.

É preciso ter cautela, subir os degraus dos debates e discussões, promover interações propositivas, positivas, e de alto nível. Porém, talvez seja pedir muito, já que as figuras exponenciais da contenda eleitoral que se avizinha são praticamente as mesmas de sempre, com seus “espetáculos” de sempre.

É pena já estarmos vendo, tão cedo, atitudes de baixo calibre, beirando ao ridículo, digna do desespero em muito antecipado por uns e outros. Se a mando deste ou daquele, não se sabe. Mas que está ficando feio, está. Embora seja muito cedo, para isso. Porque até arsenais de ataques odiosos têm seu tempo de validade.

Vale até que nos deparemos com as verdades encobertas, escamoteadas, surrupiadas do imaginário do cidadão comum. Todo mundo mente. Eis a verdade inabalável. Outros usam das meias mentiras para dizer meias verdades. Ou o contrário, tanto faz. Porque toda meia verdade é também uma meia mentira, insofismavelmente.

Assim, todo mundo mente, pela metade ou por inteiro, e àqueles que se atrevem dizer a verdade pura, está reservado o ceticismo de quem está acostumado à mentira, e que quando diante da verdade pura, acha que está sendo enganado.

Não há verdade absoluta, apregoam alguns. Mas, se só há “a minha verdade e a verdade do outro”, no meio fica o que, o limbo neural? Eis que a verdade absoluta é aquela que é verdade todo o tempo e em todos os lugares. Ou seja, o que é verdade para uma pessoa, é verdade para todos. A chamada verdade factual. Só no universo da subjetividade, a existência de uma verdade absoluta é praticamente impossível.

Mas política não é algo subjetivo, certo? Então a verdade absoluta cabe muito bem dentro dela. O diabo é o cidadão escaldado acreditar. Ele, que vive mergulhado num mar cotidiano de mentiras deslavadas. É quando sempre a verdade, ainda que absoluta, torna-se relativa, por, infelizmente, ser indissociável do contexto histórico.