Cabe uma pergunta dentro dos acontecimentos registrados neste início de semana. O projeto de construção de um novo hospital para Olímpia é uma proposta sensata ou uma ideia mirabolante? A começar pelo fato de que é de execução longínqua, é lícito presumir que o prefeito Fernando Augusto Cunha esteja pensando a longo prazo… nas eleições futuras? Fora duas perguntas, pois…
Sim, porque pelas próprias projeções do alcaide, este monumento não ficará pronto antes do final de 2024. O blog arrisca dizer que não ficará pronto antes do final de 2025. Quiçá 2026! Porque se o prazo oficial é dois anos, sabemos bem como funcionam as coisas quando se trata do Poder Público.
E por que a ilação com as eleições futuras? Bem, porque Cunha não estará mais na prefeitura quando se pretende o hospital pronto, correto? Terá ou não, eleito um sucessor. Bom, considerando que tenha elegido um sucessor, sua exigência maior será a de que ele dê curso à obra que, se cumprido o cronograma, estará em fase final de construção em 2024.
Se não cumprido, as obras ainda estarão, digamos, meio “cruas”, e aí o empenho a ser cobrado será ainda maior. Bom, como até lá, 2028, provavelmente o instituto da reeleição ainda não terá acabado, o compromisso do aliado terá que ser ainda mais firme, para não haver “golpe”, no sentido de que a vaga para 2029/2032 será dele, Cunha.
Aí então todos entenderemos a razão pela qual o poderoso de turno investiu tão alto. E tão antecipadamente. Um exemplo básico de “visão de futuro longínquo”. Pega quem quiser.
A EXEQUIBILIDADE
E do ponto de vista administrativo, é uma proposta sensata ou mirabolante? Serão R$ 50 milhões investidos, entre a construção propriamente dita e a compra de equipamentos, muitos e muito caros, com os quais se gastariam pelo menos R$ 15 milhões num orçamento prévio. Outros R$ 35 milhões seriam gastos com a construção do prédio. Trata-se, pois, de um projeto “gigantesco”.
O novo prédio contará com seis andares, sendo dois subsolos e quatro pavimentos, totalizando mais de 9,5 mil metros quadrados construídos. O projeto prevê, nos subsolos, estacionamento com cerca de 150 vagas destinadas a funcionários, clientes e pacientes, além de recepção, pronto atendimento, salas de observação, consultórios, entre outros.
O térreo terá duas salas cirúrgicas e salas para exames e especialidades como Tomografia, Ressonância Magnética, Angioplastia, Hemodinâmica, Quimioterapia, Posto de Enfermagem e espaços de convívio como Lanchonete, Área de convivência, passarela de interligação e salas administrativas de suporte à hotelaria e aos serviços médicos hospitalares.
Ou seja, o “hospital dos sonhos” de qualquer profissional ligado à área. Seria uma antecipação futurista, daquelas que, quando passado o tempo as pessoas olharão e dirão: “Nossa, se não fosse o Cunha ter tido esta ideia, hoje a cidade estaria mergulhada no caos do atendimento médico e de ausência de leitos”? Ou, dado o não alcance pretendido pelo alcaide, as pessoas olharão e dirão: “Devia ter investido todo esse dinheiro na própria Santa Casa e nas Unidades Básicas de Saúde, na UPA, isso sim”?
Exatamente. Porque não deixa de ser uma boa ideia e sensata sugestão, o investimento destes R$ 50 milhões no próprio hospital que nos atende e ampara há mais de 86 anos, considerando sua inauguração, em abril de 1937, ou há mais de 96 anos, considerada a sua fundação, em julho de 1927.
Toda esta estrutura pensada para o novo hospital, se ajustaria perfeitamente ao que já temos em termos de atendimento hospitalar, supomos, uma vez que o tal novo hospital terá como local os fundos da própria Santa Casa e Abrigo São José. Ou seja, local apropriado para os anexos ou andares que fossem necessários. Já imaginaram a nossa Santa Casa com esta estrutura toda?
Hoje a prefeitura repassa para o hospital, tranquilamente, algo em torno de R$ 1 milhão por ano. O prefeito pretende que o novo hospital seja auto-sustentável, coisa que a Santa Casa atualmente não é. Pois então a Santa Casa passaria ser auto-sustentável mediante a estratégia administrativa que está preparada para o novo hospital.
É possível calcular que seriam necessários menos que R$ 35 milhões para tanto? Ou ainda que se usassem os R$ 35 milhões, e os resultados seriam os mesmos do pretendido para o novo hospital. Ou, fazendo economia, sobraria dinheiro para investir nas UBSs, tornando-as mini-postos de atendimento em especialidades diversas, capazes até de fazerem micro-cirurgias, ou prestarem atendimentos um pouco mais complexos nas emergências.
E a “Geni” das emergências local, a Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas, a injustiçada UPA, recebendo também incrementos técnicos, profissionais e de equipamentos, deixaria para trás um passado e presente de insensatos massacres promovidos pela opinião pública.
TRAJETÓRIAS DO PENSAMENTO
É claro que tratam-se de conjecturas de um leigo tudo isso aqui exposto. Queremos crer que o prefeito saiba muito bem o que pretende. Tenha em mente claramente qual o resultado que espera auferir disso tudo, no aspecto da dinâmica do atendimento médico da cidade.
Mas, como opinião é de graça, no sentido lato do termo (porque no meu caso eu pago para emiti-la), deixo aqui estas impressões. Claro que não têm, nem nunca terão a pretensão de mudar coisa alguma, até porque decisão de governo só se muda mediante forte apelo popular ou inexequibilidade provada deste ou daquele projeto. E nada disso se viu, se vê, ou se verá (?). Portanto….
No tocante ao tempo estimado para a consecução do projeto, lembremo-nos que tudo isso dito acima está atrelado à concessão da Daemo, cujos primeiros passos foram dados efetivamente nos últimos dois a três meses, a partir da aprovação de autorização pela Câmara de Vereadores.
É daí que se pretende extrair os R$ 50 milhões para executar o projeto. A concessão da Daemo, estima-se, deve render aos cofres públicos R$ 60 milhões, a serem pagos em duas parcelas. Sendo assim, o tempo de um, fica atrelado ao tempo do outro.
E não pode, em hipótese alguma, ocorrer “furos” neste roteiro. Assim, temos o futuro como aposta….
Comentários fechados.