Confesso que dá uma preguiça danada ficar aqui mencionando o blog “lambe-botas” do Leonardo Concon. Mas parece que ele nutre um prazer doentio em perseguir aqueles que, na imprensa local, não comungam com sua tresloucada mania de andar grudado nas partes baixas dos poderosos de turno. Tamanha sua sanha que quando não tem do que falar – e principalmente quando toma “furo” -, busca formas de desqualificar o trabalho alheio. E sempre encontra guarida naqueles que, penduricalhos do poder, usam o meio que ele coloca à disposição, para destratar pessoas de bem.

Desta vez, tanto ele, quanto o provedor da Santa Casa, Mário Francisco Montini, partiram de uma premissa equivocada para “jogar pedras” neste blog e na Rádio Menina, pelo que julgaram distorções naquilo que foi escrito e falado, quando o texto e as falas seguiram rigorosamente o que está no Ato editado por ele em represália aos médicos que não querem nomear um diretor-clínico para o hospital. E quem disse que “o diálogo com a categoria está difícil” foi ele mesmo, ninguém inventou. Está lá, no Ato Adminsitrativo. Aliás, as datas publicadas no “lambe-botas” são outras e não batem com as do Ato, conforme verão abaixo.

Antes, só a título de esclarecimento, a função de diretor-técnico é responsabilidade da provedoria indicar alguém para axercê-la e não dos médicos, até porque trata-se de uma função remunerada. O diretor-clínico é responsábvel pelos atos médicos. O técnico é pela parte burocrática, conforme lerão abaixo.

Primeiro, trecho do texto “manhoso” redigido por Concon e publicado no blog agora à tarde: “Montini havia editado, em âmbito administrativo, um ato pedindo providências para a classe médica, porém foi ‘vazado’ para a rádio do ex-prefeito Carneiro (segundo revelou o vereador Zé das Pedras) e muitas ilações e falácias conturbaram ainda mais o cenário, principalmente junto ao público, daí o provedor publicou, no final da tarde de hoje, um boletim esclarecedor.”

Primeiro, o Das Pedras revelou o quê? Que o documento foi vazado para a Rádio Menina? Não entendi. Segundo, publicou onde? Se foi no mesmo lugar onde estava o Ato e o “lambe-botas” teve acesso, por que outros meios não podem?

E, depois, que “ilações e falácias”, se o texto que está no jornal Planeta News (onde foi originalmente publicado) segue rigorosamente o constante do Ato? E ainda com as palavras do médico Nilton Martinez dando integral apoio a Montini? Do que, agora, o provedor se queixa? Terá sido induzido a erro? E, também, o que seu “boletim esclarecedor” esclarece? Coisa nenhuma. Se não, vejamos: 

Eis a sua íntegra:

1) A Santa Casa é uma Instituição Privada, de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, que presta relevante serviço social na área hospitalar.
2) Embora a Santa Casa seja uma Instituição privada, presta serviço público e deve obedecer à regras impostas pelos diversos órgãos públicos.
3) Dentro de suas responsabilidades, para manter o atendimento hospitalar, obriga-se a manter o controle da atividade médica através da eleição de um Diretor Clínico e indicação de um Diretor Técnico.
4) A Provedoria, no âmbito administrativo, editou um Ato outorgando prazo para providências do Corpo Clínico no sentido de cumprir determinações legais.
5) Tal Ato, no entanto, não indica qualquer inferência quanto à parceria cordial que esta Provedoria sempre teve com o Corpo Clínico, muito menos que existe qualquer tipo de problema entre as partes, como se cogitou equivocadamente por órgão de imprensa local.
6) Esclarecemos, outrossim, que não é crível que qualquer funcionário do hospital se preste a levar à público preocupação com demissão, uma vez que nas diversas reuniões com os diversos setores do hospital foram esclarecidos sobre as propostas administrativas desta Provedoria.
7) Quanto à Provedoria do Hospital, bem como em relação aos diversos voluntários que lá atuam, todos sem qualquer remuneração, gostaríamos de esclarecer que somos trabalhadores, temos trabalho com cumprimento de horários e obrigações, temos família e muitas vezes prejudicando nossa própria convivência familiar devotamos, todos, horas de trabalho em prol do Hospital e da comunidade, sendo ofensivas algumas colocações de que não dispomos de tempo o dia todo para atender chamados de pouca relevância, pois os nossos compromissos e reuniões de interesse do Hospital sempre cumprimos.

Ademais, é preocupação premente da Provedoria criar mecanismos de valorização do Corpo Clínico que tem devotado relevantes serviços ao Hospital e à coletividade regional, razão de estarmos buscando parcerias para aquisição de novos equipamentos, criação de protocolos de procedimentos, treinamento de pessoal entre outras ações que buscam dotar o hospital de um atendimento de excelência.

9) Para referendar esse esclarecimento, a Provedoria informa que pretende realizar em breve um Simpósio Médico com conferências de excelência, para melhor interagir Hospital-Médicos-População.

Em que momento, no rádio, qualquer outra coisa que não o que está estritamente no Ato foi dita na emissora? Sugiro que leiam abaixo a íntegra da publicação no Planeta, edição de hoje, que foi lida na íntegra no programa “Cidade Aberta”:

Santa Casa não fará cirurgias a partir de domingo
Ato do provedor em represália a médicos também poderá proibir internações

 
Um Ato Administrativo (nº 04/2001), expedido no dia 15 passado, mas com vigência a partir do dia 18, proibirá cirurgias que não forem de urgência e emergência a partir deste domingo, 28, e também as internações que não sejam de urgência e emergência, a partir do dia 7 de setembro. A decisão foi tomada em represália ao corpo clínico do hospital, que segundo o provedor Mário Montini, tem se negado a indicar um diretor clínico e um diretor técnico para a Santa Casa, como manda a lei.
Montini justifica a medida drástica dizendo, entre outras coisas, que “o diálogo com os diversos médicos não tem gerado efeito para as providências de indicação dos ditos diretores, o que poderá dar origem às responsabilidades que não serão assumidas pela provedoria do hospital”.
Segundo ainda Montini, a Santa Casa já foi oficiada pelo Ministério Público, por meio da Curadoria de Saúde, para que sejam tomadas providências neste sentido. “Inclusive havendo a necessidade de levar ao conhecimento do órgão as providências nesse sentido”, relata Montini no Ato.
“A indicação de um diretor clínico para efeito de faturamento junto ao SUS é exigência legal”, segundo o provedor, que considera “injustificável” o corpo clínico continuar atuando no hospital sem a indicação dos diretores clínico e técnico.
E, por isso, resolveu determinar, no prazo de 10 dias, a suspensão de todas as cirurgias do hospital que não forem consideradas de urgência e emergência, caso no prazo não houver a indicação dos profissionais médicos para responderem pelas respectivas diretorias. Caso isso não aconteça neste prazo, outros dez dias serão concedidos para que sejam também suspensas as internações, por tempo indeterminado.
O Ato é do dia 15 de agosto, e está afixado no mural do hospital. Como o prazo de vigência é a partir de três dias de sua expedição, entrou em vigor no dia 18. Portanto, os dez dias de prazo para interrupção das cirurgias não urgentes e emergentes terminam domingo, 28, e o segundo prazo, para interrupção também das internações não urgentes e emergentes, vence na semana que vem, dia 7 de setembro, feriado da Proclamação da Independência.
O provedor diz ainda que denunciará o fato ao Conselho Regional de Medicina-CRM, bem como encaminhará o problema à Curadoria da Saúde Pública e ao representante do Ministério Público da comarca de Olímpia. Montini diz querer a apuração de responsabilidade médica dos membros do corpo clínico da Santa Casa.

Muito bem, agora leiam o que disse o médico Nilton Roberto Martinez, ao jornal, o que foi também repetido no programa, em partes:

Martinez diz que ‘é falha do corpo médico’
Diretor clínico por 25 anos, ele diz que hoje até assumiria ‘em revezamento’

 

O médico Nilton Roberto Martinez disse ontem à tarde ao Planeta que a medida do provedor Mário Francisco Montini está correta, porque a Santa Casa precisa ter diretor clínico. “É uma falha do corpo médico” não terem ainda nomeado um profissional para a função, segundo Martinez. “Não pode o hospital funcionar sem o clínico”, enfatiza. Já o diretor-técnico é indicação do provedor. “Como dá muito trabalho, ninguém quer”, revela.
Martinez disse que até aceitaria a função de diretor técnico, que é mais burocrática. E que se fosse possível, toparia ser diretor-clínico no sistema de “revezamento”. “O Mário está correto, tem que ter, porque se eles não decidirem, o CRM vem aqui. Não tem sentido não ter, é uma função de fiscalização do ato médico”, informa.
Para ele trata-se de uma “situação inusitada”, mas disse ter a impressão “que vai acabar surgindo (alguém para a função)”. Martinez foi diretor clínico da Santa Casa por 25 anos, por isso hoje não mais aceitaria a função, pelo trabalho que ela dá. “É polícia, é promotor, é o médico que falta no plantão, que briga com a enfermeira, e várias outras questões que competem ao clínico resolver”, exemplifica. Por isso que ele diz aceitar ser diretor técnico, nunca clínico.
O diretor técnico cuida mais da parte burocrática, como recebimentos e outras questões de papelada, e não tem responsabilidade sobre questões médicas. “Mas o clinico é mandatório, tem que ter”, cobra. Para ele, o Ato de Montini “é interessante”, do ponto de vista de gerenciamento do hospital.
‘SITUAÇÃO INUSITADA’
Perguntado se a paralisação do atendimento ao paciente nas cirurgias e internações será prejudicial ao cidadão, caso os médicos não resolvam o problema, Martinez disse que isso não acontecerá. “Se prejudicar, a responsável será a classe médica”. Mas, ele entende que Montini, enquanto provedor, agiu certo, por questões de hierarquia. “Se não obedecerem, para que serve o provedor, então?”, pergunta. “Usam a Santa Casa e não dão nada em troca?”, arremata.
Embora isso não seja possível, Martinez sugere até um “revezamento” entre médicos na função de diretor clínico, porque a situação tem que ser resolvida. “Se não o CRM intervém. Como, eu não sei, porque não vi, até hoje, situação semelhante a essa”, finalizou.

E, para terminar, republicamos a pérola do “lambe-botas” colocada ao final das palavras-de-ordem de Montini: “Não podemos nos responsabilizar pela imprensa xiita e partidarista.” Xiita? Partidarista? Xiita, para nós, é quem publica noticia pela metade, omite nomes de envolvidos em fatos graves e escamoteia realidades, para não aborrecer os poderosos – com o perdão do povo xiita por uso tão pejorativo de sua denominação. Partidarista para nós é quem, da mesma forma, “bate-bola” com os poderosos para denegrir e desqualificar aqueles que ainda têm a consciência não embotada pelas promessas e falsas qualidades de quem se quer acima do bem e do mal.

Até.