Também durante o Ciclo de Palestras em Etnomusicologia realizado nos dias 11 e 12 no Pavilhão Cultural do Recinto do Folclore, foi possível conhecer a visão de outros dois acadêmicos da Unicamp, não só quanto ao Folclore em si, mas também quanto Festival do Folclore de Olímpia como um todo.

Para o olimpiense Estevão Amaro dos Reis, por exemplo, “o Fefol de Olímpia já foi referência para criação de festivais no Estado de SP. Era tido como festival-padrão, um paradigma a ser seguido”. Já seu colega Marcos Filho, também palestrante, acha “difícil definir exatamente o que é Folclore, porque este pensamento muda muito”. Para a Academia, diz ele, “(a palavra) Folclore é um pecado utilizar”. Mas, “em Olímpia, se pode falar ‘Folclore’ livremente”, comemora.

Para substituir a designação “Folclore”, hoje se usa muito “manifestações de tradição oral”, para tentar separar um pouco das manifestações midiáticas, de acordo com Marcos Filho.

Estevão Amaro diz que ao longo do tempo em que Olímpia era referência com seu Festival, houve transformação de conceitos, veio o viés da cultura popular, “e isso mudou nas estâncias de fomento”, ou seja, seria essa uma das causas da dificuldade de Olímpia conseguir financiamento.

“O paradigma mudou e Olímpia ficou no meio do caminho com o Festival. Um pouco por desconhecimento, as estâncias que decidem não conhecem profundamente, então pega essa carga negativa da palavra Folclore e se estende aos festivais, tipo ‘já não se pensa mais no Folclore, e não compensa botar dinheiro público nisso’, prossegue Estevão Reis.

“Mas já foi um formador”, observa, lembrando, no entanto, que “ainda pode continuar sendo”.  Para tanto, é preciso formar uma conceituação de Folclore para estudar o festival. “E será que a partir disso não se consegue argumentação junto aos órgãos de financiamento público?”, pergunta. “O Folclore se tornou uma ‘coisa’, uma carga negativa. Tem que se trabalhar para mudar esta concepção”, pede.

“Então, o que é Folclore?”, pergunta Marcos Filho. “Acho que é o que está ligado a essa música de um ritual de trabalho, um ritual religioso, uma prática festiva que celebra colheita, que celebra seca, etc. Musica que não tem uma origem muito clara. Não é elaborada, não tem origem racional. Brota das raízes do chão”, responde.

Estevão entende que tal situação em relação ao Folclore “se dá mais pelo embate que teve entre os cientistas sociais”. Em Olímpia, ele conta, houve um período no qual o professor José Sant´anna trouxe cientistas sociais para uma aproximação, “mas deu tanto problema que ele abandou a ideia, e tocou o festival sem eles”.

“O momento do professor Sant´anna tinha uma atitude em relação aos grupos que se ‘modernizavam’. Era uma defesa importante para aquele momento. Não existe um pensamento das cidades e dos próprios grupos, de que aquilo é importante, precisa ser preservado. É necessário que se pense mais nisso, que se discuta”, pede Marcos Filho.

Até.