O prefeito Geninho (DEM) disse na semana passada que pretende desapropriar a área de quatro alqueires e meio existente próximo do conjunto habitacional “Hélio Casarine” (Cohab III) – onde seria erigido o conjunto residencial “Maranata” -, para construir as 200 casas que já estariam liberadas pela CDHU para Olímpia.

Ele sugere ainda que o montante a ser pago sirva depois para ressarcir aqueles que compraram um imóvel do conjunto que não saiu do papel. “É área sem dono, os proprietários faleceram”, observou.

Um pedaço daquela área, medindo 16 mil metros quadrados, havia sido doado ao município pelos seus proprietários Osvaldo Faganello Engenharia e Construções Ltda. e Ricardo Pacheco Faganello, em 1994, conforme ofício encaminhado ao então prefeito José Carlos Moreira, datado de 14 de junho daquele ano.

A área serviria para a construção de um CAIC, escola de tempo integral dotada de área de lazer e de esportes. Mas, não houve o aproveitamento da área cedida. Nem se sabe se foi formalizada a doação.

Depois, em abril de 2010, parte da área, com 12 mil metros quadrados, foi desapropriada pelo prefeito para a escola ainda não construída. A prefeitura, à época, fez um depósito judicial de R$ 275 mil.

E, por fim, aquela área ainda, em sua totalidade de 432,8 mil metros quadrados, correu o risco de ter ido a leilão judicial no ano passado, mas o ato foi cancelado pela Justiça no dia de sua realização. O imóvel estava avaliado em R$ 4.328.484,60.

E agora, vem o prefeito com a ideia de desapropria-la no todo, na esperança, também, de que uma decisão da Justiça venha a favorecer aqueles olimpienses que compraram uma casa do conjunto e pagaram algumas parcelas, totalizando entre R$ 1 mil e R$ 2 mil.

Seria assim: a prefeitura desapropria, paga, e o juiz, quando julgar extinta a ação do “Maranata”, pega o dinheiro e devolve para quem julgar prejudicado, sejam os contribuintes ou os donos da construtora (Faganello, de Araçatuba).

Disse o prefeito que “a cooperativa sumiu do mapa, dizem que está até no exterior”. A tal cooperativa, chamada Fobraice, foi que trouxe para Olímpia o projeto do conjunto habitacional, financiado pelo Governo Federal, então Fernando Collor de Melo. Tratava-se de uma cooperativa evangélica.

O conjunto seria destinado prioritariamente a famílias evangélicas. Chegou a começar ser construído, colocaram os pisos radiês, ergueram algumas paredes, mas todas vieram abaixo, restando no local somente os pisos.

Mas a descoberta de restos e utensílios indígenas impediu a sequência dos trabalhos num primeiro momento, e depois a queda de Collor enterrou-o de vez.

E quanto ao cemitério indígena? Diz o prefeito que, “na realidade, o ‘cemitério’ ficou muito no mito. Fizemos pesquisas e não descobrimos nenhum documento que impeça de se fazer alguma coisa lá. Acharam peças (indígenas), mas nada ficou comprovado. Nunca recebi ofício dizendo que não poderia construir algo lá”.

Até.