Amigos, pode parecer o título acima um mero nome de um destes blocos carnavalescos de amigos que costumam pulular (é pulular mesmo, no sentido de germinar rapidamente, fervilhar, abundar, etc.) por aí, mas, na verdade, trata-se de um chamamento ao povo do Governo Municipal ligado ao Carnaval olimpiense, ao próprio e dirigentes e amantes do samba de rua de modo geral.
É claro que não há culpa inteira do atual prefeito e seus próximos, com a situação reinante nesta seara de Momo. Mas, o alerta vai servir, com certeza, porque há no seio do Governo quem pretenda “resgatar” os carnavais de Olímpia, nos moldes em que ele foi no passado, quando por aqui se fazia a melhor festa em termos de região.
Servirá o alerta, também, para lembrar a eles que nossos carnavais sempre se pautaram pelo trinômio escolas de samba-bailes populares-bailes nos clubes. Formato que, tranquilamente, dá para trazer de volta com toda pompa, circunstância e vontade. Claro que, também, com dinheiro e profissionalismo.
Porque não dá mais para continuarmos escutando a velha cantilena da falta de recursos para a festa, as desculpas das escolas de que, por falta de recursos, está levando para os desfiles aquilo que pode e que no ano que vem tudo vai ser melhor.
Não sei quanto a você que me lê neste momento, mas eu escuto esta cantilena há anos. E entra ano e sai ano é sempre a mesma coisa. Desleixo e pouco caso por parte do Poder Público, e falta de maior profissionalismo e criatividade por parte das escolas.
É isso que precisa acabar. Se não, não há porque se falar em “resgate”. Resgatar o quê? No passado as escolas que a cidade dispunha eram tocadas, em sua maioria, com os esforços de seus dirigentes e o amor de seus componentes – uma delas pelo menos, sempre dispunha de um dinheirinho a mais para investir, já que sempre tivemos uma agremiação “dazelite” na nossa história momesca.
(Um parênteses: o fato de sempre uma agremiação representar a “elite” local dava um quê a mais às disputas entre elas, porque um componente novo e extracarnaval surgia no imaginário do público, que seria a disputa de classes transmutada em confetes, serpentinas, gritos de guerra e muito, muito ritmo e empolgação. O resto é história).
Tá bom, volou-se a premiar as duas escolas que melhor se sairem na avenida, ok, hum-hum, beleza. Mas, as que melhor se sairem, serão mesmo as que melhor se sairam? Porque o regulamento é rígido, e coisa e tal, mas como tudo foi feito de improviso, ao que parece até a própria comissão organizadora da festa, pressupõe-se que o julgamento também será no improviso. Só para dizerem que houve um.
Mas não há nada digno de ser julgado ali. Sob pena de privilegiar uma agremiação e penalizar outras. Julgar a melhor aquela que mais próxima está do que foi exigido a todas elas, e condenar aquela outra sem a menor noção do que sejam harmonia, alegoria, evolução, enredo, etc., e…luxo (que, afinal, quem gosta de pobreza é intelectual – salve, salve, mestre Joãosinho 30!).
Sendo assim, que julgamento há a fazer? Do improviso, apenas. Do tipo colocando algo imaginário nesta ou naquela escola, para constar que pelo menos ela levou isso ou aquilo para a avenida. E ter que despejar todas as boas notas em uma delas apenas, aquela que melhor esboçou conhecimento do que seja uma escola de competição. E assim por diante.
No entanto, senhores, mãos à palmatória. Falta muito para nosso Reinado de Momo chegar lá. Mão à palmatória, também, ao fato de que ele sofreu, ao longo dos últimos anos, todas as intempéries das mudanças de Governo e de seus próximos adoradores do samba. Sem contar os momentos de cruel “desconstrução” pelos quais passou nosso querido samba de rua.
Então, que esqueçamos o passado e, doravante, pensemos algo melhor para a festa. Se queremos um “resgate”, primeiro é preciso resgatar as consciências em torno dela, depois o respeito que ela merece e por fim o profissionalismo que ela necessita. Caso contrário, deixa prá lá (não parece outro nome de bloco de rua?).