Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: setembro 2020

ERA UMA VEZ…

“Existiu há tempos um reinado onde pessoas do bem e pessoas do mal conviviam harmoniosamente, quase sempre. Certa feita, naquele reinado, apareceu um peregrino que, devido a forças telúricas, se tornou rei.

Este rei, aparentemente não gostava do seu povo. Apenas bajulava os estrangeiros que vinham trazer vantagens pecuniárias ao reinado, das quais uma certa quantia ia para sua Almoniere já abarrotada de ouro.

Muito bem, passou-se o tempo e tal reinado ia chegando ao fim. O reizinho, todo impoluto e dono de si decidiu que ainda não era a hora de deixar o trono.

E quando lhe argumentaram que o povo não o amava tanto assim, ele arguiu sua máxima: “O povo, ora, o povo é só um detalhe”. E lançou-se, e aos seus bajuladores, na empreitada pela permanência no trono que usurpara dos nativos.

O reizinho que o antecedera, findada todas as possibilidades de se manter no trono, suspeita-se ter ido a terras não muito distantes buscar aquele predestinado para o substituir. Eis que não confiava nos acólitos que o rodeavam.

Pois bem, tomado o trono, o reizinho tornou-se absoluto, inimigo de seu povo e, pasmem, senhores!, até do antecessor, atacando-o de todas as formas.

Porém, quando se esperava que este ex-rei viesse com sua legião para o combate, para reaver o trono, capitulou, juntou os poucos combatentes que lhe restaram e foi emprestar apoio ao reizinho absoluto.

Então, o reizinho, sentindo-se fortalecido, colocou ainda mais à mostra sua peculiar sanha persecutória e de vingança a quem quer que se atrevesse a dificultar sua caminhada.

Ouviu-se nos corredores do palácio, seu tonitruar inconfundível, quando se dirigia aos acólitos: “Quem não está comigo é meu inimigo, e aos inimigos, a forca!”.

Consta que sua primeira vítima teria sido uma inocente donzela à qual havia assediado para que se unisse a ele e aos seus, na batalha pela permanência no trono, ao qual se apegara de forma incontinente.

A donzela, de um vilarejo distante, muito amada pelos moradores do local, teve a ousadia de dizer a um dos acólitos do rei que sim, estaria ao lado dele, mas precisava também levar consigo na jornada outra donzela, de outro vilarejo, na busca por um dos assentos do burgo.

Não satisfeito com a “infidelidade” da donzela, o reizinho a rechaçou. Ela, então, muito triste, foi reclamar sua sorte com a amiga, temendo o pior.

Esta, então, lhe apresentou um jovem rebelde que, no condado, arregimentava bravos e corajosos guerreiros para reaver, para o povo, o trono usurpado.

Enfurecido, o reizinho lançou mão de sua mais habitual resposta, que era o uso do mecanismo do poder sem respeitar o limite da ética, do pudor e do direito do outro: convocou seu mais valioso bobo da corte para que fizesse o serviço sujo, em seu nome, e assim colocasse uma trava nos propósitos da donzela….”.

PS: Infelizmente não se sabe como a narrativa termina, porque seu autor, um degredado daquele mesmo reinado, foi encontrado boiando no grande lago dos mandriões.

Como vivia isolado pelos cantos, dormindo onde lhe dessem abrigo, comendo os restos até dos cães, não foi difícil incutir no povo, a verdade oficial, de que ele, bêbado, caiu naquele lago e se afogou….

Geninho, um político comum

E, lembremo-nos de que quase não consegue formar sequer uma chapa com condições de disputar cadeiras à Câmara de Vereadores. Precisou, em grande parte, contar com a boa vontade de amigos e correligionários. Miséria política, é o nome disso.

Artimanha com vistas a um futuro que talvez só ele e sua cúpula vislumbrem para Olímpia, subserviência aos “caciques” do partido, ou mera covardia política?

Como o nobre leitor classificaria a decisão do deputado federal Geninho Zuliani de deixar seus parceiros locais a ver navios, esperançosos que estavam de seguir caminhos próprios, de mãos dadas com um candidato majoritário que fosse do agrado de todos?

A artimanha caberia aí porque com a sua virada de mesa, o deputado desarrumou toda a oposição ao atual prefeito, além de pavimentar seu caminho com as facilidades eleitorais que ele tanto necessitava.

A subserviência viria como segunda possibilidade, uma vez que Cunha prefeito da Estância é resultado de uma “arrumação” do mentor político do deputado, Rodrigo Garcia, que agora desejaria tê-lo por mais quatro anos à frente do Executivo local, a fim, então, de levar a cabo a “artimanha” do amanhã.

A mais triste das possibilidades também pode ser verdadeira. Geninho apenas teria se acovardado diante de seu grupo e de seu principal oponente, já que teria que demonstrar suprema força política e de arregimentação.

E, lembremo-nos de que quase não consegue formar sequer uma chapa com condições de disputar cadeiras à Câmara de Vereadores. Precisou, em grande parte, contar com a boa vontade de amigos e correligionários.

Miséria política, é o nome disso.

Triste tal situação, para quem acaba de galgar dois degraus acima da seara política da província. Chegou lá e para muitos, seria a sacramentação como “ducis ingenium“. Mas, enganou-se quem assim raciocinou.

Geninho agora demonstra ser, isso sim, um político comum. Daqueles de muita sorte. Com capacidade infinita de conquistar votos, mas em nível local, haja vista sua penosa escalada ao Congresso.

(O que agora pode se inverter: terá facilidades lá fora (?), mas dificuldades aqui dentro. Seu protegido de turno foi vítima desta mesma tragédia. Perdeu sua reeleição à Assembleia paulista aqui na província)

Todos os que se dignaram a sair candidatos à Câmara de Vereadores pelo Democratas estão profundamente constrangidos. Não têm um nome à principal cadeira da Praça Rui Barbosa para chamarem de seu.

No fim das contas sobram quatro candidatos a prefeito na cidade, 129 candidatos a vereadores, dos quais talvez nenhum saia eleito das hostes do deputado.

Vergonha democrática. Ou seria do Democratas e seu, até então, principal personagem em nível local?

Geninho vai domar o leão que ruge à sua frente?

Quando a gente vê o deputado federal olimpiense Geninho Zuliani (DEM) todo serelepe por aí lançando candidaturas a prefeitos e prefeitas, automaticamente nos perguntamos: Por que não aqui, também? Mas, deixemos que a história responda.

Zuliani está agora empenhado com sua chapa diminuta de vereadores, a ser confirmada na convenção deste domingo, 13. O deputado vive um dilema crucial, pois terá chances diminutas de mostrar que ainda tem alguma influência política na cidade, considerando que imagem política positiva e influência política não bebem café à mesma mesa.

A meta do deputado, dizem, é formar uma bancada de pelo menos três vereadores dentro de sua reduzidíssima relação de nomes. Missão hercúlea para o congressista da Estância, e perigosa para quem se aventura estar ao seu lado nesta empreitada.

Ele tem nesta caminhada apenas um ocupante de cadeira no Legislativo, Luiz Antonio Moreira Salata. Caso vislumbre a impossibilidade de emplacar os pretendidos três, em quem os senhores acham que ele vai centrar seus esforços?

Enfim, para nós, espectadores, vai possibilitar vermos se Geninho ainda cavalga o leão da ‘selva’ eleitoral da cidade.

Ou, se não, ficaremos nos perguntando onde foi que um belo dia o deputado deixou o leão que sempre cavalgou.

PESQUISAS AMEDRONTAM
Começo este outro curto tópico, com mais uma pergunta: por que pesquisas assustam tanto o prefeito de turno, candidato à reeleição?

Os moralistas virão com aquele argumento de que os pedidos de impugnações são decorrentes das ilegalidades, das dúvidas, etecetera e tal. Já foram duas. E, coincidentemente, duas que não lhe davam vantagem numérica.

Mas a primeira a ser divulgada, que o coloca em uma posição nunca antes imaginada, ele não se opôs, e até comemorou, por meio de seus bate-paus.

Os moralistas vão dizer mas aquela foi feita pelo SBT que contratou um instituto (supostamente) idôneo. Será?

Cadê as outras pesquisas que prometeram fazer “em vários municípios”? E não nos esqueçamos das relações íntimas do poder com a mídia em questão e nos lembremos que ninguém teve a iniciativa de barrá-la. Porque podiam.

Não considerando aqui os aspectos legais e/ou ilegais envolvidos na situação com um todo, a pergunta é: por que Cunha tem medo de pesquisas que não são dele?

Eleições-2020 e o círculo concêntrico da Estância

Atentem para um detalhe: o deputado federal Geninho Zuliani, em sua chapa conta com apenas um vereador na busca pela reeleição: Luiz Antônio Moreira Salata.

Ao longo dos últimos quase quatro anos, perdeu dois parceiros demistas: Flávio Olmos e Luiz do Ovo.

Agora, acaba de perder seu parceiro de primeira hora e “pau-para-toda-obra”, o tucano Gustavo Pimenta.

Não é pouco, para quem ocupa um cargo da magnitude de um deputado federal, e de cuja cidadezinha foi político destaque, com carreira política relâmpago.

O deputado tem uma missão: fazer uma bancada de no mínimo três vereadores. Consta ser seu compromisso, aliás.

Menos que isso, dará a exata dimensão de seu peso político na cidade. Menos que isso, sua representatividade legislativa na Estância estará comprometida.

Esse foi o calvário de Cunha, quando deputado. Não agregou na urbe de onde fora originário. E inviabilizou sua reeleição dentro dela.

Pimenta era o único nome que lhe restara como potencial candidato a prefeito, depois que rechaçou a candidatura Flávio Olmos, por razões que só ele, deputado, poderia revelar.

Mas, se Pimenta lhe fora um vice confiável por duas vezes e agora um vereador igualmente confiável na defesa de seus interesses políticos, parece não ser confiável o bastante para disputar a cadeira principal da Praça Rui Barbosa.

Igualmente a Olmos, somente o deputado poderia revelar por quais razões Pimenta não lhe serve agora.

No caso do pré-candidato a prefeito consolidado podem ter ocorrido turbulências de bastidores na relação de ambos ao longo do tempo.

Já no caso do pré-candidato a prefeito tucano ainda por ser chancelado, talvez por ter detectado ser um nome inviável eleitoralmente.

Mas isso foge à razão, por ter sido Pimenta a emprestar-lhe nome e prestígio quando disso precisou, nos primeiros movimentos em 2008.

Há políticos que quando abraça um parceiro, o mantém ali, enredado, forte e seguro, e com ele enfrenta as maiores tempestades.

Há políticos que não fogem do barco quando o mar se apresenta turbulento, duvidoso, com altas e perigosas ondas.

E estes, damos o nome de líderes.

Que líder sou eu?

Não que isso não fosse o esperado. Era. Mas é tão frustrante quando o pior de nossas expectativas se cumpre, é ou não é?

Fato consumado, o deputado federal Geninho Zuliani, do DEM, “lava as mãos” com relação a encarar uma oposição ao atual detentor da cadeira principal da Praça Rui Barbosa e anuncia que vai facilitar a caminhada daquele que é o seu maior desafeto político, até em níveis judiciais (consta terem sido mais de uma dezena de denúncias na Justiça, algumas ainda em andamento).

Mas, a justificativa que ainda não foi dada, parece ser em razão de ordens emanadas de cima para baixo. Pode ser também falta de vontade do deputado ou, pior ainda, de capacidade de arregimentar bons nomes ao pleito no seu entorno.

O que redunda em renúncia à busca pela posição de liderança política desta Estância, tão necessitada de uma.

Acomodando-se tal como fará, Geninho evita uma eventual derrota política e o desgaste com consequências futuras. Como presume-se estar ele bem avaliado no momento, devido às circunstâncias, preferirá garantir sua reeleição sem muitos riscos.

Enquanto isso, o lugar reservado a uma liderança política local continuará vago. Até quando, o tempo dirá.

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