Amigos do blog, terminada a portentosa festa do peão – que em olímpia, aliás, “não é rodeio, é PBR”, seja lá qual for o significado disso, é hora de pensarmos no evento muito mais valioso do ponto de vista de sua importância histórica, que é o Festival do Folclore. Já há alguns dias, à pergunta sobre quantas anda a organização da festa, sua principal responsável, professora Cidinha Manzoli, responde que está tudo pronto. Mas, deste “tudo pronto” ainda não se tem a exata dimensão até o momento. Pode ser que seja relativo apenas às questões burocráticas, técnicas e de desenvolvimento daquilo que porventura tenha sido programado para esta edição. Restaria a questão relativa ao que se vai apresentar, que grupos contratar, qual a estrutura que a festa terá. Afinal, são 46 anos de tradição, na busca à qual poucos municípios se dedicam, a da preservação das raízes culturais de um povo. É claro que dizer isso, na atual conjuntura de Governo que temos, pode parecer algo sem valor nenhum, já que por aqui respira-se outros ares, de menor densidade cultural e pífio apelo ao conhecimento humano – os corcoveios bovinos e os trejeitos, trajes e jeitos “importados”. O apelo é muito mais fácil, e consequentemente a “resposta” do público também, o que se traduz em movimentação financeira, lucro, como lembrou um leitor do blog em comentário recente. Mas, a cidade não é só isso. Aliás, nunca foi. E uma coisa nunca interferiu na outra, até mesmo porque as coisas dos peões eram tratadas por entes privados, sem investimento público e sem o “mergulho” de corpo, alma e coração, da figura do prefeito na organização de tudo. Se ele preferiu assim, tudo bem, é problema dele. Mas, o que a cidade não pode experimentar, doravante, é o desprezo pela sua festa maior, para a qual seu mestre criador, José Sant’anna, deu a própria vida. Seria, antes de tudo, um desrespeito imperdoável à sua imagem, à sua memória e a tudo o que seu trabalho representou para Olímpia. Claro, o Fefol não dá lucro, como a festa do peão, conforme aquele mesmo leitor. Mas cultura, via de regra, não dá lucro em lugar nenhum. Mas, também não dá despesa. Porque, por mais que se queira passar idéia contrária, o que se põe em recursos na atividade com fins culturais é investimento. Investimento, principalmente, no ser humano, na sua alma, na sua mente, no seu coração. Eventos assim, diferentemente de festas de peão, quando o cidadão participa, compartilha, assiste, leva sempre algo dentro de si na volta para casa. Este é o grande investimento. No conhecimento humano, no seu engrandecimento, no seu crescimento. E alguém até pode dizer – repito, na atual conjuntura de Governo que temos – que isso não é importante. E até visualizo algumas figuras rindo, debochando destas linhas e ainda vibrando histericamente com o resultado final da festa do peão que “não é rodeio, é PBR”.
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INSISTA CURUPIRA, INSISTA!
É sabido que por pouco o Curupira não foi expulso de suas matas por aqui. Aliás, o seu resgate é quase um mea-culpa mal disfarçado, porque mais alguns passos e ele estará mesmo fora de seu recinto, conforme sua reprodução em concreto na porta de entrada. Em direção à rua. E parecendo correr. Um protetor dos animais a conviver com um espetáculo que os tortura, machuca e faz sentir dor. Há também a opinião de outro amigo do dia-a-dia no sentido de que por ser ano eleitoral, as coisas podem se dar este ano de forma diferente em relação ao Fefol. “O Geninho é esperto”, lembrou o interlocutor. Entendam o “esperto” como alguém que não deixará a “peteca cair”, porque precisa montar um ótimo ambiente para receber seus parceiros políticos, dar a eles um palanque de certo nível. Então será um investimento político, em primeira instância – ou pró-política, caso queiram – e por tabela na cultura e no conhecimento. Só por tabela. Mas, já é um progresso.
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DINHEIRO À GOSTO
De qualquer forma, vejo em um grupo de expressão ou de projeção folclórica, num aspecto por seu conteúdo lúdico, noutro aspecto por seu contexto cultural, valor factual muito maior que uma dupla chamada sertaneja, mais que isso, chamada sertaneja “universitária”, para a qual se paga, sem a menor cerimônia, quase R$ 150 mil por uma apresentação com música e perfomances de gosto duvidoso, ou para consumo imediatista (ouço gargalhadas também por isso!). Mas é a pura realidade. Ou alguém acha que aquilo que esta gente canta tem nível universitário? Mas, enfim, o ponto não é esse. O ponto é exatamente pedir ao nosso alcaide que o evento maior da cidade, malgrado seu orgulho pelo resultado da festa que valoriza sobremaneira, chama-se Festival do Folclore. Que existe desde antes de seu nascimento. É que só por isso teria que merecer toda a sua reverência, e não seu aparente desprezo.
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A LÍNGUA, A RAIZ, A PÁTRIA
Aliás, pouco se me dá que o recinto seja invadido pelos aficionados de outras manifestações que de cultural nada têm. Desde que não mexam no Fefol. Ele é um patrimônio público. E do povo. Uma forma de garantir, caso se levasse muito, mas muito mesmo a sério, as raízes de um povo, uma nação e, consequentemente, sua independência. Aliás, paradoxalmente, já pelo segundo ano consecutivo sofremos uma espécie de “invasão” de costumes, e o que é pior, patrocinado com o dinheiro deste mesmo povo, que corre o risco de ter seu patrimônio cultural jogado senão no lixo, pelo menos na lata do esquecimento.