Até o final da tarde de ontem cerca de 50 barracos, tendas ou terrenos demarcados tomavam conta de uma extensa área aos fundos do Residencial Harmonia, onde antes funcionavam duas lagoas de tratamento de esgoto. São dezenas de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, até em fase de amamentação, que alegam não terem onde morar e que por isso estão ali, à espera de uma ação do Poder Público.

O vice-prefeito e secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Gustavo Pimenta, este lá na tarde desta segunda-feira, 4, conversando com os invasores, que apesar de alegarem ter sido um movimento espontâneo, foi possível à reportagem apurar pelo menos duas lideranças: o empreiteiro Carlos Alberto da Costa, e Paulo Roberto Amaro, o “Pardal”.

Naquele local, há cerca de um ano e meio, reside um casal de homossexuais, Paulo César Torres e Alessandro Barbosa de Freitas. Torres diz que mora ali desde quando as lagoas foram desativadas e o local virou uma espécie de “lixão”. Ele puxou energia elétrica de uma casa do Harmonia, com a autorização do proprietário, com fiação enterrada. A água, ele busca também na casa e banho tomam, seguindo ele, no alojamento de peões em uma obra pouco acima do local.

Mas ele garante nada ter a ver com na invasão e muito menos de tê-la incentivado. “Moro aqui por não ter onde ficar. Já comunicamos a prefeitura e até pedimos ajuda, como cesta básica, mas eles disseram que enquanto estivermos aqui não poderão nos ajudar”, disse. Torres conta que já sofreu ameaças, mas que no geral sua estada ali é era tranquila. “Mas, de uma hora para outra eles começaram a chegar, como eu poderia ter impedido?”, pergunta.

O vice-prefeito Pimenta, na posição de secretário esteve lá de manhã e à tarde nesta segunda-feira, conversando com os invasores. De manhã pediu que eles se organizassem para que à tarde pudessem conversar. À tarde reuniu a maioria dos presentes e explicou que eles não podem ficar ali, por ser uma área, inclusive, que oferece riscos, já que foi uma lagoa de esgotos. “Há gás aqui embaixo, isso pode até explodir”, alertou.

Os invasores cobraram soluções como energia elétrica, água e cestas básicas. Pimenta disse que o Poder Público nada pode fazer por eles, enquanto estiverem ali e que até poderia conceder cestas básicas, mas no endereço anterior de cada um. “Esta área é do município, mas está sob responsabilidade da Cetesb, por causa do uso que foi feito”, disse.

Após ouvir as alegações dos invasores Pimenta destacou a assistente social Adriana Piton, diretora de Habitação Social da Secretaria, para tratar dos detalhes com os presentes. Foi marcada uma reunião com um grupo de representantes deles na Secretaria para esta terça-feira, a fim de se buscar uma solução consensual. Mas, uma coisa Pimenta deixou claro ao grupo. Ali eles não poderão ficar.

Até.