Após uma reunião que durou cerca de 1h45 na prefeitura, na Praça Rui Barbosa, o prefeito Geninho (DEM) se comprometeu a encontrar uma solução para o problema dos acampados desde o final de semana passado, em área onde antes operavam duas estações de tratamento de esgoto, nos fundos do Residencial Harmonia. Estes ocupantes terão que deixar o local até o meio dia desta sexta-feira, por ordem judicial.

O prefeito garantiu aluguel social para famílias que realmente não têm para onde ir – que ele estima serem no máximo cinco a dez -, e estudar como contemplar quem precisa de uma casa. Outra reunião está marcada para quarta-feira, 12, às 14 horas.

“O Poder público fez o que tinha que ser feito. Zelar pelo patrimônio público”, disse o prefeito após o encontro, ao justificar o pedido de reintegração de posse impetrado na Justiça na terça-feira, 5, cuja liminar foi concedida pelo juiz Sandro Nogueira de Barros Leite, na quarta-feira, 6, por volta das 12 horas.

Com prazo de retirada do local de 48 horas, os ocupantes têm até o meio dia desta sexta-feira para saírem de lá. Quem assinou pelos invasores foi o construtor civil Carlos Alberto Couto da Costa, arrolado como requerido na ação. Mas, em princípio ele havia se negado a fazê-lo, por não ter concordado com o termo “invasão” constante da ordem de desocupação. “Não vou assinar. Se quiserem me prender, estou tranquilo”, disse. Na reunião estava também o capitão-PM Righetti. Mas, pouco depois acabou assinado o documento.

“Solicitei a eles terem um pouco de paciência para que possamos, na quarta-feira que vem, apresentar um estudo de parcelamento de solo, para possível aquisição de uma área, e depois elaborar um programa de doação de lotes, acompanhado de um kit de material de construção e assim darmos o primeiro ‘arranque’ nas moradias”, relatou Geninho. “Alguns entenderam, outros não”, disse, em função dos muitos questionamentos.

“Colocamos a Secretaria (de Assistência Social) à disposição para aqueles que não têm para onde ir. A proposta é pagarmos um ‘aluguel social’ a eles. E para aqueles que estavam alojados em alguma residência até sexta-feira (dia da invasão) que voltassem para o local de onde vieram, para que possamos apresentar um plano mais concreto”.

“A maioria morava em alguns lugares, saíram por motivos diferentes, muitos estão insatisfeitos pelos critérios do ‘Minha Casa, Minha Vida’, e ainda veem casas vazias (no Harmonia)”, prosseguiu Geninho. Neste aspecto, as queixas são muitas, dado o fato de que, segundo os invasores, haveriam no conjunto pessoas que não precisam de casa, ocupando moradias.

O prefeito também, de certa maneira, estaria se precavendo de eventuais problemas, dada a forma como fez a entrega daquelas 713 moradias, optando pelo sorteio e não pela classificação em função da real necessidade, como manda o programa Minha Casa, Minha Vida. Assim, relatam os invasores, há casos de uma mesma família ter até dois imóveis ali, casos, por exemplo, de casais não oficializados.

“Se invadirem outra área, vamos entrar com reintegração de posse. E se invadirem área privada, dependerá do particular. De resto, vamos continuar estudando um parcelamento de solo para viabilizar residências”, disse Geninho.

“A ideia inicial é fazer demanda para conseguirmos casas construídas pelo poder público, com água, esgoto, energia solar, energia elétrica. E um plano B é fazer doação de lotes para famílias carentes, mas para isso precisa ter dinheiro para infraestrutura. Hoje gira em torno de R$ 10 mil o gasto com um lote, só (em instalações) de água, galeria, rede de esgoto, guias, sarjeta e asfalto, fora o preço da terra. Talvez o Plano B seria esse, a doação de lotes e talvez um pouco de material de construção para que construam”.

Sobre a ação política nesta invasão Geninho disse que continua achando que houve. “Tive conhecimento de pessoas da oposição que estiveram lá incitando, redigindo documento, que ajudaram a elaborar, para ganhar o louro da oposição”, afirmou. “Todos têm onde morar, mas por incitação de alguém foram lá ocupar a área. Se pegarmos quem não tem para onde ir, são duas ou três famílias”, completou.

Carlos Alberto Couto da Costa, no entanto, contesta o prefeito. “Não teve politicagem, não houve ninguém que indicou. Não teve, foi decisão não de uma pessoa, um líder, foi coletiva. Cada um faz sua manifestação para adquirir um terreno, se não for uma casa. E nem é de graça, também, estão propondo pagar pela área”, disse. O construtor civil disse ter ficado “contente” com a reunião. “Achei que foi tudo (discutido) com bom senso”, finalizou.

Até.