Ou estou muito enganado a respeito de tudo, ou estão todos querendo enganar a todos a respeito de tudo. Se bem que já se disse não ser possível enganar a todos o tempo todo.

As justificativas da secretária municipal de Saúde, Silvia Forti Storti, sobre o rumoroso caso da morte de um menino por bactéria não detectada aqui por quatro profissionais médicos que o atenderam na UPA, parece ser do tipo “lavo minhas mãos”.

Não que ela tenha dito não ter a Secretaria que administra nada a ver com isso, mas a maneira compungida com a qual respondeu aos questionamentos de um repórter deu a nítida impressão de que tentava se passar por vítima de uma injustiça.

E talvez até esteja mesmo sendo injustiçada. Não se sabe qual o seu grau de mando junto àquela unidade de saúde pública, cujo corpo de profissionais é administrado por uma Oscip.

“Já instauramos processo administrativo e vamos apurar eventuais responsabilidades. Se houver alguém, ou em algum momento, alguma falha, não restam duvidas de que será responsabilizado”, enfatizou a secretária. Há três investigações em curso: na polícia, no CRM e no seio da administração municipal. “Se houve responsabilidade será feito o que tiver que ser feito”, Silvia garante.

Sobre um provável erro de diagnóstico, e sobre como evitar isso, ela não respondeu de forma direta. Apelou para os cidadãos olimpienses. “Temos que contar muito com a população, que é muito importante para nós, gestores. Pedimos à população que quando tiver algo, que relate à ouvidoria, o sistema é ligado diretamente ao Ministério da Saúde, que automaticamente toma conhecimento de tudo”, revelou.

Para ela, é muito importante a iniciativa popular, porque “você identifica os problemas”. Silvia diz que “se (a pessoa) não relata, não tem como saber (dos problemas). Você não pode estar em todos os momentos, em todos os lugares, o tempo todo”, desculpa-se.

Por isso, “é muito importante que a população use a Ouvidoria e relate se aconteceu algum fato, para que possamos apurar e tomar as providências necessárias”, insiste. Silvia Storti observa que pelo canal da ouvidoria já chegaram até ela “muitos elogios, também”.

No âmbito da administração municipal, “o prefeito assinou portaria de Processo Administrativo, identificando erro, o caso vai para o Jurídico, e este encaminha o que deve ser feito”. Esta apuração possibilitará punições independentemente de outras que possam vir por meio do juízo ou do CRM. A secretária encerra lamentando que “até o momento não fomos procurados pela família”.

Para fechar: pode até estar a secretária imbuída da maior boa vontade e verdade possíveis. Mas difícil é fazer o cidadão acreditar nisso. Ocorre que, para muito além dos elogios, bem como para muito além das críticas, o setor está a pedir socorro, venha ele em forma de transformações radicais, venha ele de forma eloquentemente compreendível, venha ele na forma de uma maior proximidade com o cidadão-usuário.

Talvez a Saúde de Olímpia não esteja, de fato, carente de estrutura técnico-material (o que seria apenas um empirismo). Talvez esteja apenas sucumbindo à falta de credibilidade e fé do cidadão. Resgatado isso, quem sabe todos os problemas resolvem-se, e aí, a Ouvidoria será tão somente “música para os ouvidos”.

Até.