A Câmara de Vereadores de Olímpia acaba de se contrapor ao ditado popular “o combinado não é caro”. Porque o que se viu na noite de ontem, segunda-feira, 7, foi um “combinado” que não deu certo. Embora frisando que não deu certo exatamente porque tentou-se alterar o que havia sido combinado, observe que no fim ele acabou custando caro, sim, mas para o presidente da Casa, que queria dois cargos novos e quase ficou sem nenhum.

A impressão que ficou daquela sessão, é que ali tudo estava interligado pelos interesses difusos de Executivo e Legislativo. A noite era para ter votações entrelaçadas. Os interesses do Executivo defendidos pela chamada “bancada dos sete”, e os interesses do Legislativo garantidos por esta mesma bancada, com a condição de que projetos do interesse da 9 de Julho fossem pautados, votados e aprovados.

Um exemplo é o que entrou de última hora – o PL 4.444, que autorizou abertura de crédito especial de R$ 145.087, aprovado por unanimidade, por ser dinheiro para pagar área no distrito de Ribeiro dos Santos, visando a construção de casas. Os vereadores só ficaram sabendo de sua existência com a sessão já em andamento. Haviam outros dois projetos do Executivo delicados, um deles tratando da alienação de 21 lotes do “Quinta das Aroeiras”, que precisava de sete votos (dois terços) em regime de urgência, e o que criava 12 vagas em três cargos, que seria votado em segundo turno.

Tudo indica que estes projetos estavam atrelados ao do presidente da Casa, que cria cargos públicos em provimento efetivo e em comissão no Legislativo. O cargo efetivo seria o de Chefe Geral da Secretaria da Câmara, vencimento de R$ 3.111,31, nível superior, e um com duas vagas para Assessor de Gabinete do Presidente, em comissão, vencimento de R$ 1.985,90, ensino médio completo.

Acontece que o primeiro cargo foi “embutido” no projeto fora do “combinado”, fato suficiente para fazer Zé das Pedras (PMDB), vereador que só se manifesta quando lhe apertam o calo, dar o alerta. “Não foi isso que combinamos”, cobrou do presidente. “Se fizerem a brincadeirinha de votar em bloco, só para passar também este cargo, eu vou votar contra todos os outros projetos”, vociferou.

Ou seja, tanto ele, quanto os demais seis da “bancada do chefe” estavam de “combinação” para votarem de forma entrelaçada, como já disse acima. Quer dizer, os bastidores de uma sessão ordinária revelados por um ato falho do vereador, provocado pela esperteza do outro. O que se falava nos corredores da Casa, durante e após a sessão é que o cargo em questão tinha interessado líquido e certo que, por sua vez, deixaria seu atual cargo para outro que poderia sair do “colete” de qualquer dos vereadores da “bancada dos sete”. Então, na verdade seriam três cargos em jogo, com quatro vagas.

As outras duas vagas, uma seria destinada a um jovem que já trabalha na Casa como estagiário, e outra destinada à nomeação a ser feita pelo vereador Guto Zanette (PSB), o “todo-poderoso” que contaria já com cinco nomeações na Câmara, além de duas salas contíguas – aliás, o que está dando “água pelas barbas”, porque Salata (PP), líder do prefeito, está sem nenhuma, já que Primo Gerolim (DEM) saiu, mas não liberou a sua. Mas, este é outro assunto.

Porém, o mais intrigante de tudo foi a manifestação do lider do prefeito com relação aos cargos criados pelo presidente Toto Ferezin (PMDB), deixando no ar uma charada. Quando saía da sala de reuniões, após breve paralisação da sessão para discussão do projeto, disse: “Espero que esses cargos garantam sua reeleição, viu, presidente?”. Depois de votado e aprovado em primeiro turno o projeto, com a garantia do presidente de que o cago efetivo será suprimido, de novo Salata: “Sua reeleição agora está garantida, presidente”. Na saída, houve quem ouviu dele ainda: “Espera só até segunda-feira”. Ok, vamos esperar.

Até.