Não restam dúvidas de que a entrega de um título de cidadão honorário de Olímpia ao geólogo Enzo Nico Júnior, tornando-o nosso “irmão” por ofício, acabou por se configurar num dos maiores vexames pelo qual a Casa de Leis e seus integrantes passaram, na história da cidade. Vexame igualmente experimentado pelo prefeito Geninho (DEM). Pode até ser que, para a Câmara Municipal, para o prefeito e para o autor da propositura, vereador Aguinaldo Moreno, o Lelé (PMDB), isto pouco se lhe dão. O título está concedido e pronto, vamos todos recostar nossas cabeças nos travesseiros e dormir o sono dos justos.

Dentro da visão de mundo político das figuras que ora usufruem do poder nesta urbe, tal ocorrência pode nem ter o mesmo significado que tem para os demais, cidadãos comuns e ainda, teimosamente, esperançosos da ética, da decência e da justiça. Para os poderosos de turno, quem sabe, um título a mais, um título a menos, que diferença faz? Para um governo que não respeita símbolos, não respeita o sagrado manto das tradições, que vive de romper as barreiras do aceitável, e no limite possível da irresponsabilidade, o que é um título de cidadão honorário, se não apenas uma regalia política para afagar egos e bajular pessoas e famílias?

Portanto, que se dê para qualquer um, pouco importa, é o que devem pensar. Mas, a bem da verdade, esta gente deveria, agora, andar de cabeça baixa pelas ruas da cidade, como a pedir desculpas a seu povo, por ter usado de seu dinheiro, dos serviços pagos por ele, povo, para mais esta presepada. Também os órgãos de imprensa da cidade deveriam fazer a tão necessária ‘mea-culpa’. Porque nenhum deles ignorava a situação do senhor Nico Júnior frente aos funcionários que comandava e, principalmente, do ‘nonsense’ que era a própria entrega de título que torna um vilão “filho” da cidade.

Páginas e páginas de jornais foram dedicadas à cerimônia, muitas ilustrações mostrando o que foi o rame-rame na Câmara Municipal. E textos laudatórios e melosos sobre o acontecimento. Além, claro, do discurso invertido do prefeito Geninho para enaltecer e valorizar o que estava protagonizando ali. Transformando o “carrasco” em santo, beijando-lhe a mão. Independentemente de Enzo Nico Júnior estar sob ameaça de exoneração quando prestes a receber o título, e também independentemente de a ameaça ter se concretizado tão logo recebeu a láurea, este blog já não via com bons olhos, ou para sermos mais enfáticos, condenava esta concessão, por entendê-la absurda ao extremo.

Tanto, que só depois de externarmos nossa indignação é que se soube do movimento anti-Nico Júnior no Departamento que chefiava. Isso só fez crescer a indignação que já era nata. Notem bem os leitores deste espaço democrático que, ainda que amanhã Nico Júnior seja reconduzido ao cargo, já que ele mesmo procura deixar claro que não foi derrotado na “queda-de-braço” com os funcionários mas, sim, na “queda moral” (expressão nossa) dos acordos políticos, nada vai mudar nosso posicionamento. Não é a exoneração o cerne da questão. Trato das atitudes, dos rompantes deste senhor contra o patrimônio maior de Olímpia, e contra a própria Olímpia que, agora, por imposição de um grupelho, se torna sua “mãe”.

Prefeito e vereadores se esqueceram do clube vítima de sua prepotência e ignoraram simplesmente as opiniões de olimpienses que, demonstrando brio e amor pela cidade, condenaram a benesse. E fizeram a festa que queriam fazer. Uma festa injusta. Uma festa “pobre” no sentido ético, enfim, um escárnio. Pago com dinheiro público.

Até.