Há controvérsias. Mas, em se tratando de vida pública, há que se entender e estar bem estruturado, para o estado absoluto de exposição a que detentores de cargos públicos estão sujeitos, ou a que serão submetidos. Tudo o que fizerem, disserem, qualquer atitude, ambiente que frequentarem ou ainda a mais sórdida mentira ou invencionice que contra eles assacarem, naturalmente ganhará uma amplitude que jamais alcançaria, em se tratando de pessoas comuns. E é isso o que atualmente acontece com o prefeito Geninho (DEM).

Independentemente de o foco ser sua vida (quase) privada, e o tema ser de caráter extremamente invasivo, o prefeito tem que, de alguma forma, “assimilar”. Claro que não deve fazer isso sorrindo, de alma plena, mas faz parte da vida pública tais acometimentos. Por mais que isso divida a opinião dos cidadãos, o comportamento em particular do político tem a ver, sim, com seu comportamento público. E o que acontece ou deixa de acontecer em sua vida privada, é do interesse do cidadão, por motivos os mais diferentes e inimagináveis.

Ele é a figura da vez, o astro a brilhar, o comandante de toda uma comuna. Portanto, tudo o que se falar dele, no público ou privado, ganhará ampla repercussão. E o político tem que estar preparado para isso. Como de resto, tem que estar preparado para tudo o mais. E é pelo âmbito político apenas que analiso esta questão, não negando que do ponto de vista social ela seja bastante delicada e tais insinuações de uma maldade sem precedentes a atingir casais e familiares.

Mas, entendo como despropositado o post do prefeito, em seu perfil na página social Facebook, no sábado à noite, com o seguinte teor: “Pedido: Eu e a Fernanda somos adultos e preparados para as calúnias e difamações que a turma da oposição não desiste em inventá-las, porém não há problemas. Peço que poupe nossa filha, ela tem apenas 6 aninhos, e é a única coisa que restou da língua dos maldosos. Que Deus proteja a Todos. Geninho e Fernanda.”

Despropositado porque, ele mesmo diz, é adulto, juntamente com a esposa, e ambos estão  “preparados para as calúnias e difamações”. Ou seja, dá para se ver que há uma nítida intenção de se politizar o tema. E é aí que seu apelo perde o valor humanístico que deveria conter. Ao jogar as calúnias e difamações no “colo” da “oposição que não desiste em invetá-las”, o prefeito inconscientemente mostra ser quem é: um oportunista político e, aí sim, ele próprio não estaria respeitando a dor da filha com a qual se mostra condoído.

O prefeito, na verdade, tenta simplificar uma questão que não é tão simples assim. Politizar uma tão grande comoção popular, e ainda por cima relacionada à sua vida, insisto, quase privada, não reflete sua alma, não garante que ele realmente esteja querendo poupar a filha. E, ademais, ele mesmo reconhece que ela já foi poupada “da língua dos maldosos”. Portanto, desnecessário tal post, despropositado, e não alcança, repetindo de novo, o valor humanístico que deveria alcançar. Além disso, joga luz sobre assunto que já estava arrefecendo por sí, já chegando às raias da invencionice. Mais um pouco e niguém tocaria mais nele.

De qualquer forma, infelizmente para o prefeito, não se pode dizer que detentores de cargos públicos tenham vida privada. Porque não teem. Por mais que insistam neste dualismo público-privado. E, afinal, quem colocou a filha, digamos, na berlinda, foi o próprio pai. Só não consigo atinar que “lucro” político o alcaide pode auferir disso.