Em Olímpia, as coisas sempre funcionaram assim. Cidade que não tem representantes fixos nas esferas políticas estaduais ou federais, vive sempre “beliscando” um pouca cá, um pouco lá. E, para tanto, os “caciques”” políticos locais sempre estão a postos para ajudar aquele candidato com o qual tem mais afinidade, pelos mais diferentes motivos, a “puxar” um votinho. Cidade que teve já seus representantes em nível estadual, deputados como Waldemar Lopes Ferraz, Fernando Cunha, e secretários de Estado, como Wilquem Manoel Neves, só para citar os mais lembrados.

Pois bem, neste momento em que caminhamos para a reta final de campanha, temos a grata satisfação de pelo menos saber quem é quem por trás de cada nome mais falado, mais lembrado e, quiça, mais votado nesta urbe de ninguém, eleitoralmente falando. Não restam dúvidas de que há uma guerra surda, de bastidores, para ver quem tem mais “garrafa para vender”, como se costuma dizer. E, mais interessante ainda notar que sempre nestas épocas, as coisas mais ou menos se definem, ou mostram uma tendência para as eleições municipais. É só o leitor observar bem os “ajuntamentos” para saber para que lado cada barco vai seguir.

Por exemplo, um grupo está formado em torno da candidatura a federal de João Paulo Rillo, rio-pretense que até então era assessor do Ministério do Turismo, depois de receber 103 mil votos naquela cidade, como candidato a prefeito nas eleições passadas. Este grupo de apoio é capitaneado pelo ex-prefeito (2001/2004) Guilherme Kiil Junior, também candidato a vice em 2004, oftalmologista. Com ele estão o comerciante Marcos Sanches, o vice-presidente da Associação Cultural Frutos da Terra, Jair da Silva Rego, o empresário Antono Sanches, e o lavrador Aparecido Donizeti Viaro. Da vez passada, Rillo teve 509 votos na cidade. Vamos ver agora.

Surpresa para alguns, incredulidade para outros, é ver estampada em um panfleto da candidata Rita Passos, a foto da secretária municipal de Assistência Social, Carmem Bordalho, sob o título “Ela tem o meu apoio”. Nem a ex-secretária da Pasta, na gestão passada, Cristina Reali, chegou a tanto, embora depois tenha se candidatado a vice-prefeita na chapa com Dr. Pituca. Esta senhora, Rita Passos, candidata à reeleição para deputada estadual, assumiu em 2009 a Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, e veio a Olímpia uma única vez. Mas, já conseguiu adeptos por aqui. Ponto para ela.

E como já está provado que política é a soma dos contrários, está aí a candidatura de Uebe Rezeck que não deixa dúvidas no ar. Em torno de seu nome estão reunidas pessoas que até dias passados mantinham-se em espectros diferentes da política local. É o caso do ex-prefeito Carneiro (2001/2004 – 2005/2008) e a ex-provedora da Santa Casa de Olímpia, Helena de Souza Pereira. Trabalhando para Rezeck na cidade está também os vereadores José Elias de Morais e João Magalhães, ambos do PMDB, e Priscila Foresti, a Guegué (PRB). E ainda o pai da vereadora, advogado, radialista e jornalista Silvio Roberto Bibi Mathias Netto.

Como sempre nestas horas se faz presente, o médico Nilton Roberto Martinez, o lider carismático que foi sem nunca ter sido, não poderia faltar. Ele vem em apoio ao candidato Clovis Chaves a estadual, e Regis Oliveira, a federal. Chaves foi assessor do ora candidato ao Senado Aloysio Nunes, que Martinez também apoia. E Regis tenta a reeleição, pelo PSB, partido de Martinez. Aqui faltou a figura de outro político que tinha tudo para ser mas não quis, Celso Mazitelli. Este não se manifestou.

Por seu turno, o prefeito Geninho transformou tudo num tabuleiro de xadrez, como já disse aqui tempos atrás, e moveu convenientemente as peças. Por exemplo, mandou que esquessecem Marcos Neves, candidato a deputado estadual do PMDB, e Bruna Furlan, candidata a deputada federal pelo PSDB, pois ambos estão fora da área de abrangência político-eleitoral do alcaide. Ambos, no entanto, estão sendo trabalhados na cidade pelo ex-parceiro do então candidato Geninho, Marcelo “da Branca”.

No caso do “ungido” de Garcia, o jovem e belo Fernando Lucas, do DEM, com quem fará uma “dobradinha” na região, quem abraçou sua candidatura foi o casal Rodrigues, ou seja, a assessora de imprensa da prefeitura, jornalista Andresa Maieiros, e seu marido, Marcos. O vereador Lelé (DEM), como todos sabem, é fiel escudeiro da bela deputada estadual Vanessa Damo. Trabalha paralelamente Rodrigo Garcia a federal. E o fiel amigo de todas as horas, o Durrula? Bom, ele está “carregando” o candidato Dilador para estadual, e para federal Garcia.

O vereador Toto Ferezin (PMDB) está empenhado na campanha de Itamar Borges a estadual, e Garcia para federal. O pai de Toto, Jesus Ferezin, ex-vereador, ex-presidente da Câmara, também faz o “corre” para Borges e Garcia. O vereador Dirceu Bertoco, é o único “desgarrado” do grupo. No plano federal trabalha o nome de Valdemar da Costa Neto (PR), e a estadual, um nome já devidamente ‘escalado’ pelo próprio Costa Neto, André do Prado. Já o presidente da Câmara Municipal, Hilário Ruiz, trabalha na cidade os nomes de José Mentor a federal e Beth Sahão a estadual, ambos do PT. O lider do prefeito na Câmara, Salata, não tem se manifestado publicamente, mas ele tem tradição malufista, uma vez que seu irmão Silvio Luiz o assessora juridicamente. Por fim, Guto Zanette leva à tiracolo, aonde vai, os nomes de Ed Thomas, para estadual, e Jonas Donizete, para federal.

Resta saber como a situação vai ficar agora, notadamente em relação àqueles “caciques” que sempre levam os mesmos nomes de candidatos a cada eleição, e precisa, cada vez mais, mostrar que seu prestígio é ascendente, caso do prefeito Geninho (DEM), que como vereador deu a Garcia mais de 4,5 mil votos, e que agora como prefeito tem que, no mínimo, dobrar esse número. Por força do cargo que ocupa agora. Se não, será um tremendo desprestígio, tanto dele, quanto de seu candidato. Portanto, responsabilidade dobrada.

Rodrigo Garcia, no então PFL teve em Olímpia, na eleição passada, para a Assembléia Legislativa, 4.683 votos, ou 18,9% do total dos válidos. E agora, quanto terá? A campanha do democrata na cidade está gigantesca, e a que mais tem aparecido, pelo menos. O próprio colocou sua voz nas ruas e, dizem, tem usado da máquina, de uma certa forma, para cooptar eleitores e captar votos.

Os candidatos a federais mais votados em Olímpia foram, não pela ordem, Antonio Palocci, com 1.139 votos; Clodovil Hernandes, com 895; Celso Russomano (agora candidato a governador), teve 597 votos; Júlio Semeghini, 1.497 votos; Paulo Maluf, 742; Renato Silva (médico rio-pretense, não apareceu por aqui este ano), foi agraciado com 1.813 votos, nada menos que 7,3% do total dos válidos e ficou na suplência; Ricardo Izar, já falecido (hoje o candidato é seu filho, Izar Jr.), teve 1.677 votos, ou 6,8% do total. E por último o candidato da “casa”, Walter Gonzalis, que foi o mais votado de todos: teve em sua terra natal 2.366 votos, ou 9,6%, ficou na suplência e agora volta novamente a pleitear uma cadeira na Câmara, pelo mesmo PV, e a expectativa é que seus conterrâneos se voltem para os interesses maiores da cidade e deixem os “paraquedistas” de lado.

O restante da turma que buscou uma cadeira na Assembléia Legislativa e veio buscar votos em Olímpia, também não pela ordem, Beth Sahão recebeu 1.329 votos, ou 5,37% dos válidos, ficando na suplência e depois assumindo ano passado; João Paulo Rillo, 509, não se elegeu, foi assessor especial do Ministério da Cultura e agora tenta novamente; o “sumido” Vaz de Lima, teve em Olímpia 1.025 votos, 4% dos válidos; Marcelo Bueno (cadê ele?) recebeu 684 votos; Silvana Resende (jornalista ex-Globo que depois se elegeu vereadora em Ribeirão Preto), teve na cidade 784 votos, 3% dos válidos; Uebe Rezeck, por sua vez, teve em Olímpia 2.072 votos, 8% dos válidos; Valdomiro Lopes, hoje prefeito de Rio Preto, foi votado por 3.889 olimpienses, ou 15,7% dos votos válidos; a lindinha Vanessa Damo, teve 363 votos na cidade, na primeira vez que aportou por aqui. Agora está de volta em uma das “dobradinhas” de Garcia.