Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Aurora Forti Neves

ETE PARADA É REFLEXO DO GOVERNO IMOBILIZADO QUE TEMOS

Acredito que todos se recordam claramente da verdadeira guerra que se armou contra a construção da lagoa de tratamento de esgoto do lado de cá da SP-425, no chamado “Vale do Turismo”.

O governo de então, e isso já faz pelo menos uns 15 anos, foi tão bombardeado por este projeto, e tanto se falou e fez no entorno deste assunto e contra a obra, que ela acabou não saindo.

Veio o governo seguinte e, atendendo aos reclamos daquela meia dúzia de mandões por estas plagas, mudou o lugar, jogou a ETE para o outro lado da SP-425, preservando o tal “Vale do Turismo”, afinal o capital vem antes do bem estar social. Tudo bem que o prefeito de então foi ousado, extremamente ousado em bancar tamanha responsabilidade.

Teve que refazer o projeto, refazer os planos, repensar as estratégias e a forma de financiamento. E como era de se esperar, superou todas estas barreiras e chegou aos “finalmentes”, com um compromisso do Estado em licitar e realizar a obra. Ela teve início, mas, cerca de um ano depois, parou. E assim se encontra até hoje.

Uma primeira questão a se colocar é: se deixassem a municipalidade resolver a questão como se propusera a fazê-lo em meados dos anos 2000 não teria sido bem melhor para todos, eu disse todos, e não apenas para meia dúzia de barões do turismo?

O que era mais importante, então, recolher os outros 70% ou mais de esgoto que ainda hoje, 15 anos depois, é jogado no Olhos D’Água, ou preservar área enorme para produzir dinheiro ao mesmo tempo que empreendimentos gigantes abarrotam nosso principal rio -que por fim desagua no Cachoerinha-, de dejetos humanos?

Se, juntadas as forças pensantes, a opinião pública, imprensa (em particular aquela que mandou bomba de forma inclemente no projeto primeiro da ETE), para discussão séria e adulta sobre a ETE onde estava inicialmente, cercando-a de equipamentos de proteção, como aliás estava previsto, Olímpia não teria ganhado muito mais? Com certeza nosso meio ambiente estaria muito grato agora.

Porque hoje é difícil explicar para quem se interessa pelo assunto, que uma cidade que recebe, por exemplo, para ficarmos no mínimo, 20 mil pessoas num feriado como este, que somente 30% no máximo de seu esgoto é tratado. E quando se dimensiona pelos milhões de turistas que a cidade recebe a cada ano?

Que tal um levantamento: quanto Olímpia produz de dejeto humano por ano? Em toneladas, quando dele é tratado? E qual o comprometimento dos nossos mananciais por causa disso? E qual o tamanho do descompromisso ambiental do município e suas autoridades?

Na sessão da Câmara de Vereadores do dia 13 passado, Hélio Lisse Júnior, cobrou solução para esta questão. Ele lembrou que a gestão passada deu início às obras de construção da ETE mas, passado já um ano da nova gestão, as obras continuam paradas. Já o governo municipal diz que não tem dinheiro –cerca de R$ 18 milhões, para concluí-la.

“É desagradável saber que temos um problema tão grave com o meio ambiente aqui em nossa cidade”, disse o vereador.

“O plano de implantação da infraestrutura para o tratamento da totalidade de esgoto completou 5 anos em 2017 sem a sua conclusão”, explica o governo Cunha (PR).

“O plano está enquadrado num programa do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica do Governo do Estado de São Paulo, chamado Água Limpa, sendo, assim, construído por meio de um Convênio (DAEE 2011/11/00319.0 e 29/12/2011) firmado com o Governo do Estado, com investimento inicial de R$ 21 milhões. A sua concepção é suficiente para atender a uma população estimada de 61 mil habitantes”, continuou.

“Atualmente, a obra está 60% realizada, sendo que, para a conclusão dos outros 40%, são necessários investimentos da ordem de R$ 18 milhões”.

Estranha matemática essa. Se a ETE inteira custa R$ 21 milhões, e está, segundo o governo, “60% realizada”, como então 40% pode custar R$ 18 milhões? Então se fez 60% da gigantesca obra com R$ 3 milhões? Ou neste montante estimado estão contidas contas a pagar do Governo do Estado? Faltou explicar isso.

De qualquer forma, o prefeito de turno, que parece muito mais dedicado às questões do turismo na cidade -para o bem e para o mal-, está conduzindo muito aleatoriamente um problema tão central, tão drástico e tão fundamental, que teria que ser o primeiro a ser resolvido, antes mesmo da expansão da Aurora Forti Neves, obra de R$ 3 milhões, ou a construção de um inútil “girino multicor” na Praça Rui Barbosa, ou a reforma da própria praça, tudo por outros R$ 3,5 milhões.

Preocupar-se com nosso maior “tesouro”, que é o turismo e sua inesgotável fonte de recursos, tem seus méritos. Mas o que não se pode admitir é a “maquiagem” para sustentar boa impressão. O turista vem e vai. Gosta ou não gosta. Mas o nativo aqui permanece, faça chuva ou faça sol. E este precisa de muito mais que simples ações cosméticas.

Antes, precisa de mudanças estruturais de peso, que façam a diferença. De equipamentos urbanos para que possa desfrutar no dia-a-dia. Afinal, é para isso que paga seus impostos.

O turista precisa, sim, de “vida mansa” para onde quer que vá, mas o olimpiense também espera um tratamento à altura de quem paga regularmente impostos e taxas (e vem uma nova por aí!). Impostos e taxas que hoje têm servido, ao que parece, mais para sustentar a imagem de cidade turística, que para prover o bem estar coletivo local.

E, por fim, o prefeito não pode se escudar no fato de que “é uma obra do DAEE”, como sistematicamente o faz. Precisa entender que, antes de ser do DAEE, é uma obra necessária e imprescindível para e “de” Olímpia. Então, mãos à obra!

NÃO FOSSE O OLÍMPIA FC…

Por que Cunha (PR) rejeita tanto o ex-prefeito Geninho (DEM), não se sabe. Mas é um fato, a julgar pelas atitudes e decisões após ter assumido o cargo que o outro deteve por oito anos, sediado no Palácio da Rui Barbosa, 54.

Engraçado que antes da posse, Cunha não o demonstrava tanto, haja vista que a relação de ambos, no período de transição, era das mais amistosas, com direito até a elogios pelo legado feitos por Cunha.

Que tão logo tomou posse passou a destilar sua ojeriza com relação ao governo passado. De público ele tece críticas a determinadas coisas relacionadas àquele governo. Mas, na intimidade, dizem interlocutores, destila críticas ácidas a ele, e a tudo e todos que o lembram, enquanto ex-prefeito. Bom, vá lá, são coisas da mente, coração e alma. Sim, políticos também as têm.

Porém, o que pode estar havendo aí, na verdade, é a intenção de se distanciar do que foi ou representou o governo passado, frente àquilo que já se cristaliza no imaginário popular: que a atual gestão pode não sair do lugar a continuar com esta dinâmica que se tem visto.

Porque, se bem observado, já estamos quase na metade do quinto mês de governo, e nada de concreto, nenhuma ideia nova, nenhum projeto arrojado ou nem tão arrojado, que seja, emanou até agora da gestão Cunha.

Observem que as ações do prefeito tem se pautado em tentar dar continuidade ou iniciar obras e projetos a ele legados pelo governo passado. E olha que nem isso tem dado conta de fazer, quando observado de perto e atentamente. Ou segue a passos de tartaruga.

Tão lenta é esta administração que a única obra de peso – e o próprio prefeito não esconde que o projeto é da gestão passada – a do prolongamento da Aurora Forti Neves, por mais cerca de 1,5 quilômetro, teve aporte do Termas dos Laranjais, claro que num “escambo” com impostos e taxas, para poder ser levada a efeito. Ainda assim, para salvaguardar a urgência-urgentíssima do próprio clube.

Outra grande obra, no entanto, da qual depende apenas a capacidade de articulação do prefeito, a estação de tratamento de esgoto, do outro lado da SP-425, está parada já há quase quatro meses e meio neste governo, e esteve parada por outros tantos meses no governo passado. Mas competiria a este resolver a situação, por mais complexa que seja.

Foi anunciado recentemente que a urbanização da Aurora Forti Neves, no trecho entre a Benjamin Constant e Constitucionalistas de 32 seria retomada. E lá se vão pelo menos quinze dias e nada. Sem contar a “obrinha” desta mesma avenida, para conter inundações na região baixa do São Benedito, que parece estar sendo feita para esperar o segundo centenário olimpiense.

A estação de captação e tratamento de água do Jardim Luiza, a “ETA seca”, Cunha já anunciou que não levará adiante, propondo para aquela região um poço profundo e suas interligações. Mas, cadê o movimento por aquelas bandas?

Anunciou a aprovação do projeto de revitalização e transformação da Estação Ferroviária em um centro cultural, mas trata-se de ideia e projeto modificados do governo passado. O mesmo se pode dizer da transformação da Avenida dos Olimpienses (e não “Brasil” como ele mesmo a chamava até pouco tempo), que teve projeto herdado da gestão passada, também modificado.

Aliás, mudanças neste governo, só naquilo que não precisava. Pelo menos nos primeiros momentos. Cunha parou a máquina por pelo menos este período inicial de governo, para “apagar” todas as  digitais do governo passado. Um “capricho” político que lhe custou caro, porque despertou o sentimento crítico em relação a seu governo precocemente, até entre seus eleitores.

Trocou pessoas, e nem sempre por outras mais conhecedoras dos setores a que foram destinadas, implantou metodologias desnecessárias num primeiro momento, permitiu que gente de sua confiança implantasse o terror contra funcionários altamente capacitados herdados da gestão passada, trocados por outros, salvo raras exceções, medíocres; não solucionou as prioridades prometidas, ao contrário, em alguns muitos casos, as piorou, exemplo da saúde.

E assim segue o barco cunhista, que apenas deu uma respirada em termos de apelo popular, ao facilitar o ingresso de torcedores ao estádio em partida decisiva do Olímpia FC, e agora novamente, no jogo final, concretamente suas duas tiradas marquetológicas que resultaram positivas.

Mas, observem que o Olímpia FC não é obra dele, já existia antes de sua chegada a Olímpia, de muito tempo, e apenas lhe foi uma “escora”, uma “tábua de salvação” temporária.

O problema é que, até agora, quando não tem uma manchete e um texto raivoso contra o ex-prefeito, Cunha também não tem uma manchete e um texto consistente de seu governo, a detalhar alguma medida de cunho próprio.

Tudo vem dos outros. Tudo vem “de fora para dentro”. Tudo vem da gestão passada. Assim fica difícil de emplacar o governo. Que, aliás, politicamente começa também a dar sinais de isolamento. Em suma: se não fosse o Olímpia FC…

 

O CARNAVAL DO ABSURDO

Já comentei aqui e alhures que o carnaval de Olímpia, este ano, irá ficar na história do município como a festa da discriminação, do confinamento e da sinalização a uma certa camada social sobre qual é o seu lugar. E, também, o carnaval do absurdo.

Muita gente vai torcer o nariz para o que está dito acima, outros vão ver exagero na classificação e, quiçá uns poucos hão de concordar. Então, é para estes que escrevo, pois.

Um certo número de pessoas esteve na noite de ontem na avenida Menina-Moça, numa parte bem pequena dela (este o primeiro absurdo a ressaltar) para ver o desfile das escolas de samba. Desnecessário dizer aqui que o povo olimpiense gosta e sempre gostou muito dos desfiles carnavalescos. Sempre que ocorrem, lá está ele a postos.

Acontece que, historicamente, em nossa urbe, este mesmo povo amante de desfiles carnavalescos, foi relegado a segundo plano pelos organizadores dos festejos, sob a tutela dos mandatários de turno. Um eterno vai pra lá, vem pra cá que não leva em conta as dificuldades do cidadão em se locomover ou se estabelecer neste ou naquele local.

Nosso carnaval de rua já foi na praça, depois na Aurora Forti Neves, depois na praça, depois na Aurora e finalmente na praça, de onde foi tirado, agora, para atender a uma “experiência” absurda, surreal de se transformar o Recinto do Folclore num sambódromo, talvez o sambódromo do Curupira.

Se existiu uma ideia mais tacanha até agora em relação ao nosso carnaval de rua, esta leva o prêmio. Não bastasse isso, a organização ficou a dever, e muito, no tocante ao tratamento dispensado às escolas, no quesito estrutura.

Faltou espaço, faltou iluminação, faltou acomodação decente e, sobretudo, faltou respeito ao trabalho das escolas e ao cidadão que para lá acorreu para vê-las (PS: as “otoridades” estavam devidamente acomodadas num bem iluminado “camarote”).

O povo foi espremido como gado ao abate, numa concepção paupérrima do que seria um desfile carnavalesco numa passarela, e pintar o trecho do desfile, não mais que 200 metros, de branco, foi bizarrice pura. Um arremedo ridículo de algo que não se vislumbra.

O que se viu ontem foram as escolas passando pela (argh!, vai lá) “passarela” em cerca de 15 a 20 minutos. E vejam que o tempo não estava cronometrado, eis que a expansão da tal “passarela branca” do samba já delimitava o tempo. Não havia espaço para mais que isso. E foi esse o tempo que elas tiveram para exibir sua criatividade, cores, ritmo, música e alegria.

Com uma avenida que mede, talvez, cerca de 500 metros ou mais de extensão, de um portão a outro, usou-se cerca de um terço disso para uma escola de samba desfilar. O resto era tremenda escuridão.

Sim, o olimpiense que se aventurou a uma caminhada até o local, vindo de outras regiões que não a próxima, pela avenida, deparou-se com o breu noturno.

Escuridão essa que também foi notada no trecho dos desfiles, a ponto de uma transmissão aérea, via drone, não surtir os resultados esperados. E não foi isso que prometeram. Cobrada por nós, a secretária disse que isso não seria problema, porque fazia parte do projeto tratar a iluminação com profissionalismo. Não cumpriu.

E nestas últimas horas de carnaval viu-se nas redes sociais alguns comentários e contracomentários reduzindo a discussão a se tem público, se não tem público. Não é este o foco, embora a deficiência de foliões e espectadores já esteja bem visível a partir da noite de sábado. Pode ser que melhore, se o tempo ajudar.

Mas o ponto crucial nisso tudo é dizer aos luminares governistas que não pode ser de livre arbítrio uma mudança tão radical em um evento tão tradicional e amado pelo povo, como os desfiles de rua.

Essa decisão teria que ter sido discutida com as escolas e pessoas representativas do meio, e só acontecer mediante um consenso e certas condições indispensáveis a serem respeitadas.

Se houve diretores de escola que aceitaram de pronto a “novidade”, acreditamos ter sido por açodamento e imaginando uma outra coisa totalmente diferente da que lhes entregaram. E aqueles que discordaram, se os há, é de se esperar que pelo menos protestem contra as condições oferecidas.

Se são experientes na arte de desfilar, como de fato o são, só se fizerem vistas grossas para o fato de lhes terem prometido o paraíso, e lhes dado, quando muito, o purgatório.

QUAL SERÁ O LOCAL DA FESTA DE MOMO ESTE ANO?

Começa no dia 25 de fevereiro o Carnaval 2017. Por aqui somente a partir desta semana as escolas de samba deram início ao baticundum. Por parte do Executivo Municipal nenhuma decisão sobre como e onde será realizado o festejo de Momo.

Falam-se em Recinto do Folclore, falam-se em Avenida Aurora Forti Neves. Na praça, ao que parece, estaria descartada a festança. O prefeito Fernando Cunha (PR) disse em entrevista na semana passada que “não gosta” do carnaval na praça. Que entende ser o melhor local a avenida.

Informações outras, no entanto, dão conta de que o Recinto do Folclore pode ser o local tanto para os desfiles quanto para os bailes diurnos e noturnos. Lembrando que foi há exatamente 10 anos que a festa saiu da Aurora Forti Neves e voltou para as praças da Matriz e Rui Barbosa.

Quando voltou a administração de turno disse que o fazia, antes, para atender dirigentes de escolas de samba, que reclamavam do cruzamento das baterias, quando uma passa de um lado e outra do lado oposto na avenida.

Depois, para atender pedido da Polícia Militar, em função da necessidade de uma vigilância maior, uma segurança maior aos foliões e às pessoas que para a festa iriam.

Lembrando ainda, que quando o carnaval, na era Carneiro (2001-2004/2005-2008), era realizado na Avenida, esta era totalmente cercada com tapumes de latão e o carnaval se realizava “lá dentro”, por medo da violência. Até que se decidiu pela sua transferência para a praça, em fevereiro de 2007.

Mas, é preciso aguardar para ver o que será feito este ano em torno do evento, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. Até este momento, a informação é a de que não há nada definido, ainda se está em busca de parcerias e somente na semana que vem, em coletiva, se anunciará o projeto.

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