Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

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Três pré-candidatos e um ‘outsider’: a procura do vice perfeito

Uma vez sabido quais concorrentes estão no páreo eleitoral de logo mais, a expectativa agora do povo é saber quem será o vice de quem. Até o momento o pleito eleitoral de 2024 na Estância Turística de Olímpia conta com quatro pré-candidatos oficializados: Geninho Zuliani, com uma plêiade de partidos que lhe dará a maior dor de cabeça na hora de formar chapa de vereadores; Luiz Alberto Zaccarelli, mais comedido, com apenas três siglas o apoiando, tornando mais fácil lidar com o quadro de candidatos ao Legislativo, e Márcio José Ramos, como pré-candidato de sigla única pelo Partido dos Trabalhadores.

Sobre Tarcísio Cândido de Aguiar, que vem já há tempos se anunciando pré-candidato pelo PL bolsonarista e tem andado por aqui e ali na cidade, visitado autoridades em nível estadual e federal, postando-se como legítimo representante da extrema-direita na Capital do Folclore, ainda há uma sombra de dúvidas sobre se vai mesmo levar até o fim sua pretensão, eis que nos últimos dias, dizem, esteve em périplo pelas cercanias dos pré-candidatos Geninho e Zaccarelli.

No entorno de Zuliani destacam-se como prováveis vice, o vereador Márcio Eiti Iquegami e Gustavo Pimenta. Iquegami já até foi anunciado como o vice em postagem recente nas redes sociais, mas sem a confirmação do grupo. E Pimenta é sempre o coringa de plantão, nome limpo, boa reputação, embora um político mediano.

O que é sabido: Geninho não goza muito da simpatia das classes média e média alta, exceto de um restrito grupo que alçou a grandes investimentos na cidade graças às suas facilitações enquanto prefeito da urbe. Mas, em contrapartida, tem ótima penetração nas classes média-média, média baixa, e junto ao povão. Por isso, um nome que se contraponha a esse quadro lhe será indispensável.

E aí se encaixam, cada um à sua maneira, Iquegami e Pimenta. A menos que Geninho tire da manga um nome fora do burburinho político, talvez um empresário médio da cidade, sem trânsito por eleições passadas. De qualquer forma tem que ser alguém que se contraponha à sua falta de consistência no seio das classes mais abastadas.

Não trago aqui a vereadora Edna Marques nem a ex-vereadora e primeira suplente do União Brasil, Priscila Foresti, a Guegué, porque à primeira não seria uma decisão sensata novamente lançar-se em uma aventura que pode redundar em nada, e perder sua cadeira no Legislativo, enquanto à segunda há um firme propósito de não se lançar candidata a nada, apenas ser uma colaboradora de bastidores da campanha de Zuliani.

Pelo menos este é o quadro que se apresenta no momento neste universo. Porque, parafraseando velho e tradicional saudoso político, “a política é como nuvem, você olha ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou completamente”.

Já Luiz Alberto Zaccarelli é o contrário: bem visto e aceito nas classes média-média e média alta, precisa de um contraponto junto ao povão. E neste aspecto, está melhor servido que Geninho, à primeira vista. Porque do seu lado, embora a plêiade de partidos seja reduzidíssima, tem mais nomes com penetração popular que seu oponente.

Dizemos isso porque não basta ser popular junto à massa, é preciso ter poder de carreamento de votos. E, no caso de Zaccarelli, esta necessidade é premente, já que seu nome circula pouco pelas periferias da cidade, ele próprio circulou e ainda circula pouco ou quase nada pelas periferias da cidade.

Então, o nome a dar-lhe suporte na corrida eleitoral terá que ser de alguém que saiba decifrar essa parcela maior da população que, se faltar, impede o candidato de galgar o posto almejado. Zaccarelli tem em seu redor, por exemplo, Cristina Reale, vereadora eleita que ocupava, até então, a Secretaria Municipal de Assistência Social.

Independentemente do juízo técnico que se possa fazer dela, até porque não é isso que a torna um nome a se considerar, muito pelo contrário. Trata-se de alguém que atuou politicamente 24 horas por dia à frente da pasta e ninguém há de negar, porque é isso que ela fez o tempo todo, digamos, “dentro das quatro linhas”. Talvez aí resida o balão de ar periférico que Zaccarelli precisa.

Não sendo assim, tem ainda o Fernando Roberto da Silva, o Fernandinho, até então secretário municipal de Esportes, Lazer e Cidadania, que ao dar um forte e transformador impulso no setor de esportes em geral na cidade, lidou com centenas, milhares de pessoas nas regiões periféricas e numa área bastante agregadora de pessoas de todos os níveis, que é o esporte. É alguém também com capacidade de decifrar a massa. Tem aceitação nas periferias.

Também neste âmbito falam em Hélio Lisse Júnior, vereador, a nosso ver, um tanto errante, que tem um nome familiar, fez uma gestão legislativa que se não foi brilhante, também não comprometeu, mas difícil mensurar qual seria o seu poder junto ao povão.

Até arriscamos dizer que seu público estaria na mesma faixa do de Zaccarelli hoje, e seria um concorrente no nicho de Tarcísio Cândido de Aguiar (caso este de fato leve até o fim a candidatura majoritária), eis que até manifestação de protesto da extrema-direita na cidade ele coordenou.

O ex-provedor da Santa Casa ainda conta no grupo com outro nome bem conhecido dos olimpienses, o ex-vereador, ex-presidente da Câmara, sindicalista e já candidato a prefeito e a deputado federal por Olímpia, lá atrás: Hilário Juliano Ruiz de Oliveira. Ele até é bem quisto nas periferias da cidade, mas não é o tipo de político que desperta as paixões da massa. E, sejamos verdadeiros, goza de uma certa rejeição junto às classes média-média e média alta, por causa de seu engajamento sindical, basicamente. Principalmente agora, nestes tempos de recrudescimento político, no qual este tipo de atividade é visto como um espectro mais feio que o diabo.

Os nomes são apenas sugestões, ok?, não quer dizer que Zaccarelli tenha que necessariamente escolher entre um dos três. De repente, a exemplo de Geninho, ele pode tirar um nome da manga que venha surpreender a todos. Mas, assim, num grosso modo, difícil de imaginar quem. E seja quem for o escolhido fora dos nomes especulados, terá que reunir as qualidades políticas intrínsecas neles.

Márcio José Ramos, o pré-candidato já oficializado do PT não tem lá muitos dilemas a resolver. Geralmente o nome do vice sai de dentro mesmo da sigla, dadas as peculiaridades do partido na cidade, que não tem lá muita aceitação popular devido ao preconceito político de uma população que sempre votou à direita. Haja vista que o partido elegeu até hoje apenas um vereador, exatamente Hilário Ruiz, que depois se bandeou para o PSB, hoje no PSD, e contou com a suplência de uma vereadora, mas por apenas três meses.

o PT já teve um vice-prefeito eleito, em 2000, quando o oftalmologista Guilherme Kiill Júnior “carregou” o médico Luiz Fernando Carneiro, elegendo-o na primeira campanha, mas depois defenestrado da prefeitura pelo próprio Carneiro, em desentendimento até hoje mal explicado. Kiill passou a ser, então, um vice “non grato”, e até inimigo político do eleito, em seu primeiro mandato.

Em síntese é essa a passagem do PT pelas cercanias do poder na cidade. É árdua e penosa a missão petista local mas, é também, sobretudo, corajosa. Assim, não dá para extrair, mesmo das hostes do partido, um nome de vice que venha agregar ou mesmo fazer a diferença. As opções são diminutas, o quadro é reduzidíssimo e nada de novo se pode contar. No caso, é aguardar as novidades, se as há.

Fechando o contexto, temos Tarcísio Cândido de Aguiar, a incógnita. Levará mesmo sua pré-candidatura até o fim, entrará de fato no embate político que se avizinha? Ele nos parece um tanto quanto “outsider”, candidato de si mesmo, sem base de sustentação, sem partidos agregados, sem grupo político. Difícil imaginar alguém ir longe numa situação como essa.

Ou ir a fundo, pra ver no que dá. Talvez ele esteja usando uma estratégia “mercadológica”, ou seja, está na “prateleira” das intenções, mantendo ora um contatinho aqui, ora um contatinho ali, pois há quem já o tenha visto trespassar umbrais cá e acolá, convocado que teria sido para as tradicionais sondagens.

Tarcísio Aguiar não tem nada a perder. Já que até vice ele pode ser. Ou buscar de novo uma cadeira na Câmara. E depois, claro, algo a se fazer no entorno do Executivo. Neste caso, a bem da verdade, eleito ou não. Por isso ele se impõe no momento como candidato majoritário, detentor de um partido forte, o PL: para ter moeda de troca, porque, com certeza ele sabe, ganhará muito mais não sendo majoritário. Candidato a prefeito, perdendo (e claro que perderia!), cairia no limbo político.

Mas, emprestando apoio a qualquer das duas candidaturas mais à direita, se cacifaria para voltar à Câmara ou, em outra hipótese, vencendo seu candidato (e ele alcançando ou não uma cadeira), assumiria uma secretaria. Ou seja, seria uma situação de ganha ou ganha. Privilégio raro para quem chegou agora à política local.

O ‘trevão’ da discórdia

Novo trevo de Olímpia vai receber o nome de ‘Dr. Nilton Roberto Martines’’.

Esta foi a manchete de um release encaminhado pela assessoria de imprensa do ex-deputado federal Geninho Zuliani esta semana. Assim mesmo, grafado com “S”, embora o filho, vice-prefeito, assine seu Martinez com “Z”, e a comunidade olimpiense como um todo sempre conheceu o Martinez médico com “Z”.

Mas, isso é o de menos, quando se desconta que quem cuida destas questões de divulgação do pré-candidato a prefeito não é da cidade e por aqui não conviveu com figura tão impar quanto o médico.

O ponto principal da questão é a própria informação espalhada aos quatro ventos pelo ex-prefeito. E ela dá conta de que a Assembleia Legislativa de São Paulo publicou nesta quinta-feira, dia 4 de abril, o autógrafo 33.748, que trata sobre a aprovação do projeto de Lei 1.464, denominando o novo trevo que está sendo finalizado na entrada de Olímpia, fazendo interligação com a Avenida Benatti, na rodovia Assis Chateaubriand, de “Dr. Nilton Roberto Martines”, assim mesmo, com “S”.

E prossegue o texto: Aprovado pelos deputados, o projeto agora segue para sanção do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nos próximos dias.

Bom, a justificativa, curta e enviesada, vem no final: A homenagem, um pedido pessoal do ex-prefeito e ex-deputado federal Geninho Zuliani, secretário-geral do União Brasil, foi feita em reconhecimento aos préstimos de Martines (assim mesmo, com “S”!) à (assim mesmo, com crase!) Olímpia. Um dos co-autores do projeto foi o deputado Itamar Borges (MDB), que é de Rio Preto (isso mesmo, “que é de Rio Preto”!).

Mas, lá atrás, quando o ex-deputado trouxe a novidade para Olímpia, o atual mandatário estrilou. Porque sua intenção era dar o nome do benemérito Renato Augusto Costa Neves, o Renatinho como era conhecido entre os olimpienses. Pelo simples fato de ele ter sido o doador (isso mesmo, “doador”!) de dois alqueires de terras para que o Clube Termas dos Laranjais pudesse ser “plantado” em solo seguro.

Evitando, também, que logo de cara fosse necessário alto investimento para que isso fosse possível. Analisando a fundo talvez o projeto do empresário Benito Benatti só tenha ganhado força e se tornado realidade a partir do compromisso de doação das terras.

O prefeito Fernando Cunha mostrou-se chocado com o anúncio feito com estardalhaço pelo ex-deputado, lá atrás quando, segundo ele, já havia protocolado junto ao então presidente da ALESP, Carlão Pignatari, um pedido de nominação do “trevão” como “Dr. Renato Augusto Costa Neves”.

A proposta de denominação, inclusive, já havia sido comunicada à família do homenageado, segundo nota divulgada em outubro do ano passado, após a manifestação pública do ex-deputado. O ofício a Pignatari datava de setembro de 2022, portanto no apagar das luzes do mandato legislativo de Geninho que, aliás, àquela altura já corria o mundo como candidato a vice-governador de Rodrigo Garcia.

O prefeito disse que havia reiterado a solicitação no início de outubro do ano passado, durante uma agenda em São Paulo. Era dia 4 de outubro. Porém, no dia 5, ato contínuo, logo pela manhã a imprensa local divulgou que o deputado estadual Itamar Borges, a pedido de Geninho, havia protocolado um projeto de Lei na Assembleia Legislativa, para que o trevo recebesse o nome do dr. Nilton Roberto Martinez.

Em nota, a Prefeitura observava que “apesar de considerar Dr. Nilton digno de homenagens, já que seu nome é atribuído ao Centro Cirúrgico da Santa Casa de Olímpia e há planos para futuras homenagens em grandes obras de saúde, expressa seu desconforto diante da situação criada pelo conflito de informações e da proposição feita sem alinhamento com as indicações previamente estabelecidas e comunicadas pelas autoridades municipais”.

E reforçava dizendo que a prefeitura “continuará comprometida com sua proposta inicial de homenagear Renato Augusto Costa Neves e permanece trabalhando em projetos e obras que beneficiem os cidadãos olimpienses”. Não sabemos a esta altura, o que é possível fazer ou desfazer.

Mas tudo cheira a golpe baixo do ex-deputado, inexplicavelmente apressado na reivindicação de nome para o “trevão”. Nos parece pouco racional de sua parte, uma vez que sem a benevolência de Costa Neves, ouso arriscar dizer que o surgimento do clube que transformou Olímpia teria, pelo menos, uma maior dificuldade para ser implantado. Costa Neves foi um facilitador e peça primordial na engrenagem do pensamento do empresário Benito Benatti.

Faço essa defesa de Costa Neves desinteressadamente, por reconhecer e conhecer os fatos. Quando do início de tudo, diga-se de passagem, Geninho era um garotinho de apenas oito anos ou pouca coisa acima ou abaixo disso. Dez anos depois, quando o clube se consolidou, ele ainda cuidava das suas questões adolescentes.

E os adultos já reconheciam naquilo tudo o futuro da cidade. E quem era quem naquele gigantesco projeto.

E vejam bem, não se quer aqui desmerecer o nome de tão imponente figura que era Dr. Nilton, pois ele é merecedor de tantas quantas homenagens a cidade quiser lhe prestar. Ele mora no coração de cada olimpiense que esteve ou teve algum entequerido em suas mãos cuidadosas. Mas, como dizia a nota da prefeitura, sua estatura estava mais moldada para ser homenageada em um grande empreendimento na área da saúde.

Por exemplo, arriscamos dizer, no anexo da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, obra de alto quilate que está por sair, ou mesmo no ARE, o Postão, após a reforma e readequação pretendidas de suas instalações. No complexo médico da Zona Leste. Com certeza a autoridade política da cidade avaliava com carinho estas possibilidades.

Não sendo assim, tudo não deixa de parecer uma queda-de-braço entre as duas forças políticas ora no embate na cidade. De um lado um ex-prefeito que sim, deu o empurrão para que a cidade abraçasse o turismo e seus investimentos, e do outro o prefeito que ampliou e não mediu esforços para que a cidade tivesse meios e equipamentos para suportar a avalanche turística que se anunciava. É tipo, um terraplanou e o outro plantou, com sucesso.

Portanto, não se trata de diminuir em nada a figura de Martinez (que vou grafar com “Z”!), que mudou-se para Olímpia na década de 70, quando a cidade ainda patinava em suas monoculturas e parecia não ter um caminho econômico e de desenvolvimento promissor.

Ele acreditou na cidade. E para cá veio com a família para atuar pela medicina. A Santa Casa de Misericórdia foi o seu xodó, e dela cuidava com alma e coração, pela qual brigava por seu bem estar material e financeiro, sempre.

Além da medicina, Martinez atuou também na vida pública da cidade, tendo sido vice-prefeito e por duas vezes o vereador mais votado de Olímpia (1989 a 1992 e 1993 a 1996). E um adendo: sempre convidado a ser prefeito de Olímpia, nunca aceitou. Priorizava a medicina, mas não se furtava em ajudar os companheiros políticos, por exemplo, sendo vereador ou vice-prefeito.

“O dr. Nilton, por várias décadas cuidou da população de Olímpia, sempre foi muito atencioso, é uma homenagem justa”. Assim Geninho fechou o material de divulgação.

Já o prefeito deu o seguinte desfecho à sua manifestação: “Apesar de considerar Dr. Nilton digno de homenagens, já que seu nome é atribuído ao Centro Cirúrgico da Santa Casa de Olímpia e há planos para futuras homenagens em grandes obras de saúde, continuaremos comprometidos com a proposta inicial de homenagear Renato Augusto Costa Neves”.

E assim declaramos aberta a temporada eleitoral de 2024 na Estância Turística de Olímpia.

400 mulheres e um paradoxo

Só para registrar um acontecimento no mínimo paradoxal, sem nenhuma conotação de crítica política, mas apenas de análise comportamental, esta semana pudemos tomar conhecimento de que um contingente de cerca de 400 mulheres esteve reunido em um amplo salão de convenções de um clube famoso da cidade para celebrar a candidatura de um homem.

Ok., os apressados vão questionar: “E qual o problema”? Nenhum. Ou todos, depende do ponto de vista de quem olha para a imagem. Era plena véspera do Dia Internacional das Mulheres e elas estavam lá unindo esforços para colocar alguém do sexo masculino na prefeitura.

Nada contra a escolha, a mulherada é livre para decidir o que quer da vida, o que quer na política, mas o registro é por conta da estranheza, mesmo, pois elas bem podiam estar ali para emprestar apoio a uma candidatura feminina, mesmo do União Brasil, não é plausível?

Repetimos, nada contra o nome do político que elas escolheram, mas tudo contra o comportamento antipautas identitárias femininas. Como elas podem exigir direitos, igualdades se colocam alguém do gênero oposto para cuidar dos seus interesses? Por mais boa vontade que tenham os homens, elas serão sempre plano secundário nas plataformas.

E os números indicadores da presença feminina nas eleições não são raquíticos. Vejamos: “Olímpia possui 43.594 eleitores. Desses, 48% são mulheres, o que equivale a 20.811 do sexo feminino. Na Câmara Municipal, dos dez vereadores, apenas duas são mulheres, Edna Marques, também filiada ao União Brasil e outra (Cristina Reale), atualmente afastada (e titular da pasta de Assistência Social). Precisamos aumentar o número de mulheres na política”. Quem disse isso foi Ana Claudia Casseb Finato Zuliani, presidente do União Brasil-Mulher da Estância Turística de Olímpia.

E esta não é só uma realidade de Olímpia. A mulher é maioria em tudo, até espanta que aqui elas sejam em menor percentual atualmente, já que até então ocupavam um percentual acima dos eleitores homens. Eram mais de 50%. De qualquer forma, com toda essa informação, a mulher ainda segue como uma fiel escudeira do homem-político, quando ela mesma poderia ocupar estes espaços, quem sabe até para reclamar menos.

Vejam só, eram 400 mulheres, segundo a assessoria do pré-candidato Geninho Zuliani. Não podemos nos furtar de enaltecer a capacidade de arregimentação do candidato e das mulheres em seu entorno. Foi uma movimentação e tanto, não se pode negar. E aqui não se está fazendo a crítica à ação em si, pois ela é do interesse do candidato e de sua “pré”-primeira-dama, que tem um milhão de amigas.

Mas, também não se pode ignorar a sensação de estranheza que esse fato traduz, pois ele é muito mais indicador da falta de consciência política da maioria das mulheres do Brasil, do que de uma decisão deliberada de “escolher o melhor candidato”, aquele que vai “tratar dos nossos interesses”, cuidar “das aspirações femininas por reconhecimento no trabalho”, por “igualdade de condições e de salários”, e assim por diante.

A intenção aqui é só a de jogar luz sobre um obscuro paradoxo, porque se incomoda tanto às mulheres a hegemonia do macho, e contra essa situação é a sua luta constante, não faz sentido que, de sã consciência, tantas delas deixam de lado as bandeiras femininas e passem a desfraldar as bandeiras masculinas, avalizando a hegemonia do homem à frente de seus interesses.

Como dito lá em cima, há duas mulheres hoje na Câmara de vereadores da Estância. Uma afastada, deve retornar na desincompatibilização. Quantas terão na próxima legislatura de 13 cadeiras (hoje são 10). Qual será o espaço reservado a elas nesta mesma seara à qual deram volume, importância e viabilidade?

Diz a Lei Eleitoral que têm que ser 30% do total de nomes (“Todas as legendas têm a obrigatoriedade de respeitar o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas do gênero feminino ou masculino“, diz o TSE). Ok., quantos nomes masculinos haverão? E quantas, entre as mulheres se disporão a ser candidatas? E quantas se elegerão? E qual será a política de fortalecimento das eventuais candidaturas femininas dentro das legendas que comporão a coligação?

Porque dentre 400 mulheres, é de se supor que será uma verdadeira “escolha de Sofia” por nomes interessados em concorrer, dados os tantos bons nomes teoricamente à disposição. Espero que tenham entendido o sentido que se quer dar aqui ao tema.

Fazendo um exercício mental insólito, estas 400 mulheres, se de fato forem militantes desta causa genista, e se decidirem por dar maioria feminina para a Casa de Leis, basta que cada uma delas arregimentem 20 votos em nome das candidatas mulheres.

Fazendo uma conta simples, talvez 70% dos votos sejam válidos em outubro, o que daria, para arredondar para cima, cerca de 2,5 mil votos para cada cadeira. Em tese, elas então terão arregimentado em torno de 8 mil votos. Façam as contas. Aliás, com esse montante poderiam até colocar uma candidata majoritária em condições de briga.

É claro que o parágrafo acima é puro delírio de um velho caduco, podemos dizer assim. Porque também, parece, a mulher é inimiga de si mesma. Mas, não se preocupem, estas linhas são mero fruto de um sentimento de perplexidade diante do comportamento feminino frente à política.

O acontecimento de quinta-feira foi só um recorte do que acontece por todo o Brasil. Recorte que nos autoriza a fazer essa reflexão livre e, espero, clara o suficiente para que ninguém venha me acusar por comportamento misógino. Deus me livre, cruz-credo!

Eleições 2024, tudo novo igual a como nunca foi

Tudo indica que o cenário eleitoral deste 2024 será mesmo formado por quatro candidaturas à cadeira principal da Praça Rui Barbosa. A novidade, no entanto, vem do Partido dos Trabalhadores. Desta vez traz um nome novo, até então fora do universo político da cidade.

Ex-jogador de futebol, até pela Seleção Brasileira, hoje comentarista de futebol, Juninho Fonseca, guardadas as proporções, foi a surpresa do momento. Sua efetivação enquanto candidato do partido está sendo trabalhada pelos próceres petistas locais em reuniões e apresentações.

Fonseca ainda não veio a público para dizer o que pretende. Mas, se no princípio era dúvida, uma vez que se anunciou e depois sumiu, agora parece estar tendo sua efetivação como o nome diferentão do PT formatada pelo grupo. Resta saber o que entregará no final ao partido.

Também parece se firmar a candidatura do vereador e ex-secretário do prefeito Fernando Cunha, sargento Tarcísio Cândido de Aguiar. Ainda é cedo para dizer se ele irá ou não levar sua pretensão até o final. Mas, por ora, Aguiar tem sido um candidato de si mesmo.

Vê-se articulações em nível de redes sociais, reproduzindo seus encontros com autoridades legislativas, militares e até mesmo com aquele que parece ser seu guru, o ex-presidente Bolsonaro. Já foi postado também vídeo dele aos abraços com o governador Tarcísio de Freitas e alguns secretários estaduais.

Não se pode negar que Aguiar tem método. Ele não está “viajando na maionese” no que diz respeito ao andamento de sua campanha. Mas está apostando muito nas redes sociais.

Não se viu ainda o vereador articulando na vida real, ou seja, pelos caminhos e descaminhos da Estância Turística, arregimentando parceiros, apoiadores, seguidores (na vida real, não virtual), nem tampouco formando base de apoio político-eleitoral, o chamado “grupo político”, já que sem esse pode partir, mas dificilmente chegará a algum lugar.

O seu principal mote até outros dias era o tema do Aeroporto Internacional do Noroeste Paulista, se postando, praticamente, como o “pai da matéria”. Mas, conforme post aqui, na semana passada (ver Aeroporto Internacional de Olímpia -uma breve história no tempo), ele tem pouco a mostrar enquanto negociador independente sobre o assunto, embora reconheçamos, fez um bom trabalho enquanto esteve a serviço do município como secretário de Cunha.

Repetimos: não se esperava menos que isso dele, afinal havia “ganhado” uma secretaria municipal à sua semelhança.

Deixando a secretaria, voltando à Câmara, assumiu uma postura de independência política do governo de turno e mantém certa distância do grupo genista. Tem sido um franco-atirador com suas boutades acerca do aeroporto, a única bandeira forte que tinha para desfraldar, mas agora parece que este mote cansou a beleza.

No flanco oposto de Juninho Fonseca, aliás exatamente na posição de representante da extrema-direita por estas bandas, inclusive com cacoetes militaristas, resta saber o que ele entregará ao final. Ou se acabará se entregando ao “establishment” posto na cidade, haja vista que em política tudo é novo igual a como nunca foi.

Portanto, este blog ousa arriscar que teremos pra valer três candidaturas: Luiz Alberto Zaccarelli, Geninho Zuliani e Juninho Fonseca, salvo melhor juízo. Aguiar ainda está a provar muita coisa pra muita gente. Inclusive a de que está falando sério. Coisas que só o tempo e suas peripécias irão mostrar.

Por enquanto, o que se vê de cristalino são duas candidaturas gigantes se anunciando, exatamente o candidato de Cunha, Zaccarelli, que está levando bem a sério esta incumbência, e Geninho, que igualmente a sério vem articulando nos bastidores, coisa que ele sabe fazer como ninguém.

Embora tenha sido vereador entre 1993-1996, ocupando o cargo de vice-presidente do Legislativo no biênio 95-96 (o saudoso Joel de Alencar, morto em 2020, era o presidente), ao mesmo tempo que um dos assessores do então deputado estadual Fernando Cunha, em seu escritório político local, o currículo político de Zaccarelli não é nada extenso, e muito menos denso. Quase três décadas separam o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia e a política militante.

Embora o nome da família tenha sempre estado envolvido nos seus arredores, lá atrás por meio do patriarca Hélio Alberto Zaccarelli, falecido em março de 2014. Imagina-se, no entanto, que Zaccarelli filho era menino naqueles tempos.

No histórico de Hélio Zaccarelli, consta que ele foi eleito para o cargo de vice-prefeito em novembro de 1981, quando da eleição para o cargo majoritário de Wilson Zangirolami. O histórico diz ainda que Zaccarelli era uma personagem política de tom pacificador, e que teve sua passagem marcada em um período histórico da política local. Além disso, foi também jogador profissional do Olímpia Futebol Clube.

Quando de sua eleição como vice, Wilson Zangirolami, o candidato a prefeito, venceu o pleito com uma diferença de 6.664 votos sobre o segundo colocado, que era ninguém menos que Waldemar Lopes Ferraz Filho, o Mazinho, filho do ex-deputado estadual hoje lembrado em uma extensa e importante avenida que corta a cidade. A vitória, aliás, representou a quebra de uma tradição municipal que existia até então, a do prefeito de turno não conseguir eleger seu sucessor.

É com esse portfolio, portanto, que Zaccarelli se apresenta ao povo olimpiense. E com seu trabalho à frente da Santa Casa, hoje em situação de tranquilidade, dado o suporte que a atual gestão vem imprimindo, financeiramente, àquele hospital. Resta saber o que ele e seu mentor político vão entregar no final da corrida.

E o que dizer do outro forte oponente a Zaccarelli e demais pretensos candidatos? Tudo indica que, no frigir dos ovos, o embate se restringirá a estes dois nomes, ficando os outros pretendentes numa posição de meros figurantes, salvo melhor juízo porque, como disse acima, em política, tudo é novo igual a como nunca foi.

Já de muito tempo que corre nas estradas políticas da cidade o bordão de que Geninho é um “animal político”, um “encantador de pessoas”, com muito carisma e boa conversa. No momento divide as opiniões sobre quem ocupará a cadeira de mandatário-mor da Estância. Tem corrido, tem trabalhado, embora fazendo pouco barulho (seus correligionários argumentam que “ainda não é a hora”).

A batalha será de gigantes porque Geninho, junto com Cunha, são as duas figuras mais emblemáticas que já ocuparam a função de prefeitos nesta Estância nos últimos 25 anos, sem sombra de dúvidas.

Deste total de anos, ambos, juntos, detêm quase 16 anos de governança, a se completar com o fim do mandato de Cunha. No período anterior a esse, houve uma espécie de hiato temporal no avanço do turismo na cidade, por causa de empecilhos político-administrativos que promoveram dificuldades e atravancaram o caminho do pleno desenvolvimento deste que é, hoje, a principal mola propulsora da economia na cidade.

A chegada de Geninho foi a oportuna e rápida abertura para todas as coisas necessárias e inerentes ao turismo que Olímpia respirava, mas um tanto sufocada pela má vontade de lideranças políticas de então.

Pode-se dizer que Geninho abriu as porteiras e, não só isso, se aliou a grandes empreendimentos e abraçou forte o projeto de grandeza do empresário Benito Benatti que, com o crescimento do Termas, animou outro grande grupo empresarial da cidade a investir pesado no novo nicho, com um empreendimento corajoso, jamais imaginado até então, o Hot Beach, inaugurado exatamente no primeiro ano do primeiro mandato de Cunha.

Então Cunha deu prosseguimento a este propósito, não medindo esforços e também se aliando a grandes investimentos, para que a máquina turístico-econômica continuasse funcionando sem percalços, sem nenhuma intercorrência.

Ou seja, neste nicho ambos têm parcelas iguais de importância, sendo que talvez Cunha leve um pouco de vantagem por ter tido a oportunidade de acrescentar outros elementos fundamentais que trouxeram pujança à cidade e a manteve como um dos principais destaques do Interior paulista, em nível nacional e até internacional.

Mas, no embate político, ambos podem cobrar esta fatura do eleitorado. Que no final das contas será o grande julgador, a votar conforme sua avaliação de dois tempos distintos, mas que se entrelaçam dentro de sua própria conformação.

Ou seja, eleito Geninho, ou eleito Zaccarelli, ambos ficarão com os olhos e as ações voltadas a este universo, se não quiserem fazer a Estância regressar à sua condição de cidadezinha sem perspectivas de 30, 40 anos atrás.

É a sensibilidade do cidadão e, claro, a capacidade de jogar luz sobre seus feitos que dará o veredito favorável ou contrário a quem esteve antes e agora se apresenta novamente para pegar o bonde do desenvolvimento andando, ou àquele que botou o bonde nos trilhos mas que não é o candidato direto, ungindo o administrador da Santa Casa para tanto.

Aí, no caso, esperar para ver o que o grande júri irá entregar. Não ignorando, claro, as duas (?) outras candidaturas pois, em política, apenas para ser redundante, reafirmo que tudo é novo igual a como nunca foi.

Aeroporto Internacional de Olímpia -uma breve história no tempo

O ex-prefeito e ex-deputado federal olimpiense Geninho Zuliani radicalizou na questão do Aeroporto Internacional da Estância Turística de Olímpia. Não contente em apenas se postar de “pai da matéria” no tocante ao assunto, agora decidiu, conforme artigo publicado na edição deste sábado do jornal rio-pretense Diário da Região, sequestrar a “criança”.

O curto artigo naquele diário, distribuído à farta por suas redes sociais, é um primor de “cancelamento” de tantas outras questões envolvidas no tema. Zuliani não citou um nome sequer, além de Luiz Carlo Motta, o deputado-relator do Orçamento da União, a quem coube a coragem de inserir na peça os R$ 104 milhões destinados a Olímpia.

Sua escrita dá a entender que todo o processo teve início lá atrás, como resultado “do empenho incansável e da visão estratégica que sempre nortearam meu compromisso com esta cidade que amo (compromisso tal que o levou, logo eleito deputado, a mudar seu domicílio para São José do Rio Preto)”. Ele começa por dizer que ele próprio iniciou as tratativas para o aeroporto ainda em seu mandato como prefeito, o que não é uma inteira verdade.

Justiça seja feita, em junho de 2019 o então deputado federal participou, em São Paulo, de audiência no Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, acompanhando o prefeito Fernando Cunha, e o então secretário de Governo, Guto Zanete, no encontro com o superintendente do DAESP, Antonio Claret.

Durante a reunião, Claret “recebeu estudo para implantação de aeroporto em Olímpia”. Teria sido esse o primeiro passo para o tão sonhado equipamento de pousos e decolagens, em níveis governamentais. Ou seja, a partida foi dada por Cunha e testemunhada por Zuliani.

Porque antes, na gestão de Geninho na prefeitura de Olímpia, embora tivesse intenções quanto a um aeroporto regional, o máximo que conseguiria seria a implantação de um aeródromo, sistema de pouso e decolagem de aeronaves mais modesto, embora a área então disponível comportasse equipamento maior.

Havia sido feita uma desapropriação de área de 4,5 alqueires, no valor de R$ 387,6 mil e projetava-se o passo seguinte, que seria a elaboração do projeto executivo da área. O então prefeito fez segredo do local exato inicialmente, segundo ele para “evitar especulação”.

Mas, soube-se pouco depois que Geninho havia decidido que o aeródromo seria construído em áreas próximas à Kimberlit, que pertenciam ao médico João Wilton Minari (4,5 alqueires) e Rafael Olmos (meio alqueire), desapropriadas à razão de R$ 387.679, valor pago inicialmente, por meio de depósitos judiciais.

Antes de Geninho, havia sido reservada outra área, ainda dos tempos do governo José Fernando Rizzatti (1997-2000), próxima ao distrito de Ribeiro dos Santos (antigo Lixão), que foi deixada de lado, devido ser inapropriada para este tipo de atividade.

Sabia-se então que o aeroporto pretendido demandava uma área bem maior, cerca de 80 alqueires, mas segundo Geninho disse à época (2015), “com essa área de cinco alqueires daria para uma pista de mil metros, suficientes para monomotores”.

Mas o montante total a ser despendido por elas, no final, seria de cerca de R$ 6 milhões, dinheiro que não tinha no caixa da prefeitura e o alcaide havia até especulado fazer uma “antecipação de tributos” para obter tamanha quantia.

Daí, seriam necessários outros R$ 8 milhões para fazer a compactação do terreno, que teria cerca de três mil metros de comprimento comportando as outras instalações, para depois com os restantes R$ 12 milhões de uma verba total de R$ 20 milhões (que não apareceu), fazer a obra restante.

Toda esta “correria” de Geninho se deu até 2015, sem qualquer êxito, como puderam ver. Por cerca de dois anos, o assunto foi esquecido, os planos engavetados.

Em 2017 assume os destinos da urbe turística Fernando Augusto Cunha, que em setembro daquele ano, manda publicar no Diário Oficial Eletrônico, dois decretos, de números 6.919 e 6.920, datados do dia 21, por meio dos quais revogou outros três decretos, todos relativos a desapropriações de áreas que estavam destinadas à instalação do aeroporto, ou aeródromo, para ser mais adequado.

Ali, dava a nítida impressão de que Cunha havia desistido da ideia de um aeroporto para a cidade. Foi feita a devolução das áreas a seus proprietários, com o devido ressarcimento. Entre outros motivos, o prefeito achava o local não adequado para um sistema de pousos e decolagens.

E, mais grave ainda, outra questão que contribuiu com a decisão do prefeito foi um ofício com comunicado emitido pelo Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica, afirmando que na solicitação enviada pela gestão passada, faltaram diversas informações e documentações sobre o cadastro do aeródromo da cidade no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), do Ministério da Defesa.

Entre os problemas apontados estariam a falta de um estudo indicando o movimento mensal estimado de pousos e decolagens, o projeto da Torre de Controle, a planta de pontos críticos do aeródromo, etc. Ou seja, fica evidente que, além da área desapropriada e ainda não paga totalmente que Cunha havia herdado, nada mais tinha sido feito em torno do projeto.

Pouco tempo depois o prefeito Cunha começou a buscar a viabilização de um aeroporto que pudesse atender não só Olímpia, mas também toda região e, quiçá, o país, em sua estrutura não só de pousos e decolagens, mas também de cargas. Em 2021 finalmente saiu a concessão, e iniciou-se a demarcação da pista, agora com extensão de mais de 2 mil metros, e deu-se início a outras estruturações essenciais.

No mês de setembro do ano passado, Cunha consolidou a proposta junto ao governo federal ao formalizar a compra da área que abrigará o novo equipamento. O local que receberá o futuro aeroporto é composto por área de 200,4426 hectares de terra, localizado às margens da Rodovia Assis Chateaubriand, no imóvel rural denominado “Cruz Alta”, nas fazendas “Olhos D’Água” e “São Domingos”, entre Olímpia e São José do Rio Preto, que pertencia ao grupo empresarial Zelux Agrícola S/A, do Rio de Janeiro.

A administração municipal investiu R$ 19 milhões para adquirir a área, valores definidos após avaliação da Comissão de Bens e Imóveis instituído pelo município.

Paralelamente, a Administração Municipal também firmou parceria com a Infraero – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária que possui expertise consolidada para oferecer serviços de ponta-a-ponta da infraestrutura aeroportuária e, após reuniões, amplo diálogo e até mesmo visita técnica ao local da futura implantação, foi devidamente contratada pelo município para Revisão do Plano Diretor, elaboração de Anteprojeto para Infraestrutura e Edificações, Análise Técnica dos Projetos de Pavimentação e Assessoria Ambiental do aeroporto, conforme Termo de Ratificação publicado no Diário Oficial Eletrônico do dia 21 de agosto de 2023.

Portanto, contada a história, vê-se que outros personagens que se imiscuíram no entorno do projeto, puxando para si mais responsabilidades do que na realidade tiveram, agem por oportunismo político-eleitoral. Mas, não sendo ingrato como Geninho o fora em seu artigo no Diário de hoje, é preciso, sim, reconhecer seu trabalho enquanto deputado federal, intermediando encontros de Cunha com autoridades do setor.

Também é de bom tom relatar o trabalho de Tarcísio Cândido de Aguiar enquanto secretário de Relações Institucionais, que promoveu a aceleração da antiburocracia nas esferas do Estado e da União, a título de obrigação enquanto servidor municipal. Não se esperava menos que isso de sua parte.

O resto, é história, ressaltando que Cunha deu um cheque-mate no “imbróglio”, ao aparecer em vídeo comemorando com o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho e o de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ambos anunciando que deverão vir a Olímpia “entre fevereiro e março”, para dar início às obras.

Como diz legenda deslizante do próprio vídeo, “Cunha zerou a trend”, mas será que zerou o súbito interesse político de seus opositores pelo futuro aeroporto?

De qualquer forma, de susto em susto, de barulho em barulho no entorno da questão, o prefeito segue levando vantagem. Só não se sabe até onde esta vantagem é “vantajosa”, uma vez que não se está medindo, suponho, até onde o projeto do Aeroporto Internacional da Estância é elemento carreador de votos para quem quer que seja.

Deus e diabo na terra do folclore

O prefeito Fernando Cunha, no início desta semana fez um extenso relatório de suas obras em andamento, em projetos e até sobre aquelas que, iniciadas, tiveram seu andamento paralisado. Trata-se de um fenômeno jamais visto na cidade tanto movimento e recursos públicos investidos nesta proposta de tornar a cidade turística de Olímpia um canteiro de obras.

Entre estas obras está, por exemplo, a que parece ser a “menina dos olhos” do alcaide, qual seja, o novo hospital anexo à Santa Casa. O qual não deverá estar concluído antes do fim de seu mandato, caso já tenha saído do papel até lá.

Claro que há outros pontos para chamar a atenção de Cunha entre tantas obras, mas o hospital é simbólico daquilo que vai representar uma derrota eleitoral do mandante em 2024.

Também é significativo naquilo que torna de importância fundamental o poderoso de turno eleger alguém afinado com suas diretrizes político-administrativas. Alguém que, a princípio, já de cara não atire às calendas o projeto do hospital.

É o risco maior do alcaide neste momento, porque o segundo maior objeto do interesse do prefeito, a concessão da Daemo, deve ser concluído ainda este ano. Ponto.

No mais, Fernando Cunha recebeu o “carimbo” de prefeito que tudo faz para o turismo, e nada para os pobres mortais nativos. Porque suas entregas mais relevantes no momento está no setor histórico-cultural, na recuperação de símbolos fantásticos, como a velha estação de trem, hoje estação cultural, e na remodelação como um todo, do chamado Centro Dois, a “Olímpia velha”, por assim dizer.

Ali ainda temos o Museu de Arte Sacra, o de História e Folclore, e brevemente, nas palavras do alcaide, teremos uma feira sacra, para católicos, acólitos e afins.

Este preâmbulo busca trazer à tona a diretriz de Cunha nestes já seis anos completos de prefeitura que, embora a dinâmica e a diversificação das ações, até agora, a bem da verdade, não deixou uma marca palatável à opinião pública nativa, aquela que vota.

Bom, ele tem um projeto de casas populares que não terá dificuldades em tirar do papel, tenha ajuda ou não dos governos federal e estadual. Já era proposta de Cunha fazer o conjunto de 400 moradias com recursos próprios. Nada mais indelével na mente e coração das pessoas do que uma casinha popular. Mas Cunha corre o risco de ter aí outra obra vistosa da qual poderá não colher os frutos diretos.

Enfim, um drama gigantesco há de açoitar as noites de sono de mandante de turno. Ou seja, a quem recorrer quando o momento se apresentar? Haja vista que, não só afinidades políticas, mas afinidades administrativas serão necessárias e até obrigatórias. Indo mais fundo, não só afinidades políticas e afinidades administrativas serão bastantes ao final. Há que se praticar a obediência cega.

Ou seja, Cunha terá que eleger um “carneirinho”, o qual poderá manipular ou direcionar com vistas a seus próprios interesses futuros, talvez o de voltar à cadeira quatro anos depois. Se eleger alguém com espírito livre, corre o risco de ter que lidar com atos de rebeldia e decisões igualmente rebeldes, e isso não será nada bom.

Além do que, ele terá que por à prova os oito anos de seu governo. Colocará em julgamento toda a sua obra, contando que não será para si mesmo, mas, sim, para um terceiro, o qual também terá que garantir ao eleitor ser alguém de brio, de responsabilidade e com visão de futuro. Em suma, terá que fazer entender que seu substituto apadrinhado será um bom prefeito. Mais que isso, garantir que seja.

Falamos por intuição política, porque, na verdade, nada temos de concreto sobre as pretensões futuras do alcaide. O que ele pensa, como tem agido nos bastidores, a quem já consultou sobre a possibilidade de ser o nome indicado e quais as “costuras” que já tem feito ou pretende fazer.

Política é também a arte de saber beijar a mão do Nefasto, ao mesmo tempo em que se faz juras de fé e castidade. É saber com maestria, acender uma vela para Deus, outra para o diabo, ainda que se professe e se proclame o lado santo da atividade.

Política é entre tudo, uma ciência. E enquanto ciência exige cálculos precisos, análises meticulosas, que resulte em pouquisssimas margens para erros. Talvez estejamos até exagerando. Talvez Cunha já esteja dormindo em paz e com o nome já no bolso de seu paletó de cerimônias. Talvez até esteja traçando estratégias para ocupar uma vaga na Assembleia e, assim, manter-se vivo na política.

Elegendo seu pupilo para administrar a Estância e uma vez lá na capital, terá preservado seu poder e espaço políticos. O contrário disso será seu enterro político. Neste caso, o que ficará será um amargo profundo por fazer tanto, querer outro tanto e não obter a recompensa. Neste caso, então, nem Policarpo Quaresma teria tido fim tão triste.

E o que vem pela frente é osso duro de roer. Falam-se em Geninho Zuliani, ex-deputado federal que cometeu suicídio político ao encarar a candidatura de vice-governador com um candidato majoritário improvável e arrogante. Entregando o cargo de bandeja e perdendo representatividade política em nível estadual e regional, voltou à terra originária e vai se expor na única janela político-eleitoral que lhe resta: a prefeitura da Estância Turística de Olímpia. Mas, esse é um outro assunto para este blog. Aguardem.

Fecha-se um ciclo, outro se abre na dinâmica da política

Passada a turbulenta e por demais odiosa e violenta campanha eleitoral majoritária, voltamos cá às nossas reflexões provincianas sobre temas do momento, mormente a política, mais especificamente o que já se sabe sobre as movimentações locais.

E o que já se entabulou para a Mesa da Câmara de Vereadores, cujas eleições ocorrem neste dezembro próximo, diz muito do que se prenuncia para as eleições municipais, que ocorrem em dois anos.

Pelos lados da Praça João Fossalussa, o que se tem de informação mais recente é que as pretensões de um vereador genista do União Brasil de ocupar a cadeira principal da Casa de Leis, teriam ido por água abaixo. Que a vereadora Edna Marques, do mesmo União Brasil, até então postulando o cargo, retirou seu nome. E que a preferência do alcaide teria recaído sobre Renato Barrera, do Solidariedade.

E não é pelo motivo que o nome do seu partido sugere. É mais por questões estratégicas que, dizem, o prefeito Fernando Cunha teria adotado. Barrera representaria a garantia de que o ainda deputado federal Geninho Zuliani, não tenha uma base de apoio solidificada na Câmara de Vereadores.

O leitor mais sagaz há de perguntar: O que tem Geninho a ver com isso? Tudo!, eu responderia. É bom que se diga, antes, que o poderoso de turno não rompeu com as hostes genistas na Câmara, muito pelo contrário, tem dado total acolhida aos preitos dos representantes-mores do deputado no Legislativo.

Mas, como teria dito, não irá dar espaço e visibilidade a quem o representaria ali, casos de Márcio Eiti Iquegami e Edna Marques, elevando-os ao cargo máximo da Casa.

Bom, aí chegamos ao cerne da questão. Do porque desta atitude radical de Cunha contra seus dois mais fortes esteios na Câmara, que embasam todo e qualquer projeto encaminhado para lá, até mesmo os mais, digamos, sensíveis.

Nas rodas íntimas da política local, são fortes as indicações de que Zuliani teria pretensão de retornar ao velho rincão, que ele, seguro de sua ascensão ininterrupta na política paulista, um dia abandonou, trocou-o por São José do Rio Preto, onde acreditava poder alçar vôo mais ousado, com Garcia governador, ele de vice, ou mesmo reeleito deputado federal, numa outra configuração de candidatura rodriguista.

Mas, viu seus sonhos virarem pesadelo. Um amargo pesadelo. E não preciso entrar em detalhes (que aliás, se o leitor ainda não está atinado, volte às postagens anteriores, várias delas, tem lá a história toda contada, acredito até que um roteiro do que iria acontecer).

Bom, e seu pretenso retorno à Estância Turística de Olímpia, Capital Nacional do Folclore, Terra de Águas Quentes e Primeiro Distrito Turístico do Brasil, não seria para apenas voltar ao convívio dos seus. Ele viria para, de novo, ser o mandante máximo da cidade. E isso teria incomodado bastante o alcaide.

Que, não é segredo para ninguém, apenas tolera Geninho, que enquanto ocupante de um cargo legislativo em nível federal abriu muitas portas, trouxe muitos benefícios à cidade, financeiros e estruturais. Mas, a partir de fevereiro, será um comum em busca de lugar ao sol.

Lá por Rio Preto a coisa ficou muito apertada com a não-reeleição de Garcia e a não eleição de Edinho Filho, herdeiro político do pai, o prefeito Edinho Araújo. Além do que, por lá está também Valdomiro Lopes, eleito deputado estadual e velho cacique da cidade, ex-prefeito que é. Claro que não perderá a oportunidade de medir forças por lá. Direta ou indiretamente.

Junte-os ao próprio Rodrigo Garcia, que sendo natural daquela região, com base política rio-pretense, também vai dar suas “cavucadinhas”. E, sendo candidato a prefeito, não deverá repetir a dupla “pão-com-pão”, o maior erro geopolítico já cometido por um pretendente a permanecer na cadeira principal do Bandeirantes.

Assim, qual espaço ocuparia Zuliani nesta guerra de gigantes? Não é do seu feitio o papel de coadjuvante político. Habituado que foi ao protagonismo.

Mas, convenhamos, para quem não foi muito bem na contagem de votos para sua eleição à Câmara Federal, já que não passou dos 8.291 no total, para quem já havia dado votação estrondosa a Garcia no passado, e obtido para si, na reeleição à prefeitura, votação mais estrondosa ainda, seu último resultado decepciona.

Para governador, obteve para si e Garcia, 11.379 votos, 561 a menos que Tarcísio, o “Carioca”, aqui em Olímpia, ficando na segunda posição na urbe que administrara por oito anos seguidos e fora três vezes vereador, das quais uma presidente da Câmara.

Portanto, a partir de agora, não dá para saber se Geninho está em fase ascendente, estacionária ou em declínio. Nas rodas costumam-se dizer que o futuro ex-deputado é aquilo que chamam de “animal político”, mais ainda, “encantador de pessoas”, o que pode lhe garantir o ressurgimento das cinzas, qual Fênix.

Mas terá que lidar com ressentimentos de milhares aqui na Estância, é bom que saiba.

Da parte de Cunha, há rumores de que pretende lançar “alguém novo” na política local. Provavelmente, se tratará de um “estrangeiro” -mais um!, a ser trazido à política pelo atual mandatário. Isso porque, em seu redor, não há um nome de destaque, com ganas de liderança, e os que se insinuam, na Câmara, são pífios e sem apelo eleitoral nenhum em larga escala. Nem Cunha tem alguma disposição de apostar em quem quer que seja dali.

No âmbito da administração tanto pior. Não há quem possa se apresentar como um potencial candidato à sua cadeira, sequer o vice, Fábio Martinez, que não herdou o carisma político do pai, saudoso “Dr. Nilton”. E que da mesma forma, não abandonará a medicina por política. Supõe-se. A alma humana é imponderável.

De qualquer forma, para apresentar “uma novidade” e ser bem sucedido, Cunha precisa, primeiro, reposicionar sua imagem perante o “povão”, que não o acha simpático, nem acessível. Fruto do baixo nível de carisma, entre outros detalhes.

Assim, fecha-se um ciclo, abre-se outro, afinal a política é dinâmica. E a vida segue.

Sobre ‘cartilha’ do Fefol e o ‘frio na barriga’ de Geninho

Clamando por especiais desculpas por ter me ausentado deste espaço por um breve período, volto a ter com os senhores e senhoras. A razão do meu afastamento foi, claro, o advento do Festival do Folclore, que em sua 58ª edição, infelizmente nos mostrou um plano nada animador.

Foi possível ver então que há uma “cartilha” a ser rasgada e outra por ser elaborada, se pretendemos que a nossa festa, que já foi “maior”, volte a ser cenário de descobertas do conhecimento e da troca verdadeira de impressões, da valorização entre diferentes passadismos.

Estamos, perigosamente, mergulhando no mais do mesmo, no que pode ser facilitado, viabilizado tecnicamente e menos no que pode despertar emoções verdadeiras, despertar a curiosidade intelectual e daí o fascínio às almas mortais.

Que seja então, no mais tardar a partir da nossa 60ª edição, em 2024, a grande partida para algo renovado, revigorado, com nova força e destemor, em síntese, que saiamos do curso “natural” no qual nos enredamos, mas sem apelarmos para a facilidade da tal “modernização”, projeto execrável que já rascunham e escondem nos escaninhos aqui e ali, porque este conceito implica em “atualizar” aparências ou comportamentos, transformando completamente a cena histórico-folclórica buscada. Espero que tenham me entendido. Ou, melhor, espero que tenha me feito entender.

Mas, vamos ao tema da semana:

O ‘FRIO NA BARRIGA’ QUE PERPASSOU
GENINHO E A CAMPANHA
A semana começou na Estância com um tremendo solavanco político-eleitoral. Na tarde de terça-feira, caiu sobre as terras de Curupira a notícia de que a candidatura do deputado federal Geninho Zuliani, do União Brasil, a vice-governador na chapa com Rodrigo Garcia, do PSDB, que tenta a reeleição à cadeira principal do Palácio dos Bandeirantes, estava sob pedido de impugnação.

Surpresa geral, o próprio candidato, sua assessoria e apaniguados trataram logo de vir a público apaziguar as almas em desalento, garantindo, da parte do candidato, que tudo não passava de “mera formalidade”, “atos burocráticos” e que em poucas horas tudo estaria esclarecido.

Temia-se, claro, que isso pudesse vir a “contaminar” a candidatura Garcia, que já não anda bem das pernas (a saber se não teve alguma influência no Datafolha coletado na quarta e na quinta-feira). Dito e feito, na quinta-feira, final do dia, começa a correr a informação de que o procurador regional eleitoral auxiliar Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, havia emitido parecer no qual pedia que a impugnação apresentada por ele mesmo contra a candidatura de Zuliani, seja julgada improcedente.

O procurador citou a defesa apresentada por Geninho e apontou “erro material” na impugnação. O pedido ainda está por ser julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), mas não há a menor nuvem de pressentimento ruim sobre o que decidirá a corte eleitoral. Bom, o resto da história todo mundo conhece e os motivos pelos quais idem. Pode-se creditar o fato a um excesso de zelo do magistrado? Acreditamos que sim.

Mas, o nó górdio da candidatura tucana de Garcia não está desfeito. Está em outro ponto. Como fazer para derrubar o candidato bolsonarista Tarcísio de Freitas do segundo lugar, almejando aí um segundo turno presumivelmente com Fernando Haddad, do PT?

Pela lógica, o seu alvo tem que ser o Tarcísio, seu adversário mais próximo. Porque se tentar tirar Haddad de sua posição aparentemente consolidada, ignorando Tarcísio, vai perder tempo e, como consequência, a eleição.

A turma do governador diz estar apostando muito no horário eleitoral gratuito da TV, onde tudo muda, sempre. Sei não, mas vejo excesso de otimismo aí. Simplismo eleitoral. Garcia não terá nada mais a mostrar ao público televisivo, do que vem mostrando já nas redes sociais. E a repetir esse mote de campanha na TV só terá a repetição do mais do mesmo, porque a marquetagem anda muito insossa.

Por exemplo, essa de “paulista raiz” não cola, porque Haddad também é “paulista raiz”. Da mesma forma o petista nasceu no interior paulista e migrou para a capital. Portanto, presume-se que seu alvo seja Tarcísio, “carioca da gema”, como se diz. E que assim seja, mas percebem a ineficácia disso? Só fará lembrar, acreditamos, a situação análoga de Haddad.

Um segundo ponto é o mote “Nem direita, nem esquerda, é pra frente”, numa evidente postura de “candidato isentão”. E esperamos que seja evidente também para o núcleo da campanha, ou seja, que estejam fazendo isso de propósito, não por lapso, eis que ali está um grupo de notáveis marqueteiros.

O eleitor ficará na dúvida sobre a posição ideológica e política de Garcia? Uma certa parcela deles, sim. Porque é do entendimento político que todo candidato deve ter um lado, uma linha ideológica política, seja de extrema-direita, direita, centro-direita, extrema-esquerda, esquerda, centro-esquerda, trabalhista, socialista, comunista, para ficarmos nos formatos mais palatáveis. E Garcia o que é? Ele não diz. Ninguém sabe.

Com postura de não ser nada disso, apenas “para a frente”, Garcia se isola ideologicamente, num formato “caixa vazia”, não entusiasmando o eleitorado. Haja vista os resultados das recentes pesquisas (Datafolha, 11%, IPEC, 9%). Só que Tarcísio, na mesma ordem, teve 16% e 12%. Se crescimento houve e não fora apenas diferenças por metodologia, o governador cresceu de uma para outra, dois pontos, margem de erro. O bolsonarista teria crescido dois para fora da margem de erro.

Vão dizer “cresceram igual”. Nada disso. O carioca cresceu quatro pontos, dois seguros em termos de crescimento, dois dentro da margem de erro. E, vejam bem, dentro da margem de erro seria, então, 9% por 14%. O fato é que Garcia precisa, urgentemente, frear a subida do carioca. De que maneira? Seu “staff” deve estar com tudo definido e seguro para tanto.

Mas depositar todas as fichas no horário da TV acho bastante temerário. Até porque, como governador em exercício, ele vai apanhar bastante nos debates.

E o “paulista-raiz”, não cola, o “isentão” não empolga eleitores e, sejamos sinceros, exibir um Fusquinha de estimação é passadista demais. Sem contar que, como definiu matéria do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, Geninho vice de Garcia forma um sanduíche de “pão com pão”.

A ver.

Geninho vice de Garcia, ‘jogada de mestre’ ou ‘tiro no pé’?

“Um tiro no pé”, como classificou uma alta figura da política local? Ou “uma jogada de mestre”, conforme classificou um correligionário do alto comando? O fato é que foi uma decisão que pegou a todos de surpresa aqui na localidade. Até seus mais próximos correligionário em nível local. A autoridade máxima da política na cidade, prefeito Fernando Cunha, comemorou, mas só depois de digerir o novo prato que lhe era servido sem que pedira.

Estavam todos, afinal, preparados para mais um embate de Geninho Zuliani na busca pela reeleição, num estágio em que até adesivaço fora feito na cidade, Garcia candidato à reeleição ao governo paulista, Geninho à cadeira na Câmara Federal.

“Dobradinha” oficializada na regiões políticas de seu alcance, tudo voltou à estaca zero. Pode-se dizer que o ex-prefeito de Olímpia, hoje representante rio-pretense no Congresso, deixou seus parceiros “com as calças nas mãos”, para usar expressão chula.

Sim, porque, como consertar isso? Em cada uma dessas localidades ele virá com um novo nome a federal e, sob sua “unção”, será capaz de impulsionar votos aos que nele confiaram de princípio como forte aliado eleitoral?

“A decisão costurada por Rodrigo ao longo da última semana e sacramentada numa reunião na noite de quarta-feira, dia 3, aconteceu depois de uma semana de intensa disputa entre o União Brasil e o MDB pela prerrogativa de indicar quem ocuparia o posto.

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo pelo MDB, cobrava do governador tucano uma fatura de 2020, quando ficou acordado que os emedebistas indicariam o vice da chapa tucana na disputa pelo governo paulista em 2022.

De lá para cá, no entanto, o DEM de Geninho Zuliani, e também ex-partido de Rodrigo Garcia, se juntou ao PSL formando o União Brasil, que já nasceu com o maior repasse de recursos dos fundos partidário e eleitoral, e também com o maior tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão, quase dois minutos.

O tempo de TV e rádio se tornou o ativo mais preciso da legenda no caso da negociação com o governador, que tem como uma de suas principais dificuldades a ser driblada ao longo da campanha o desconhecimento do eleitorado do Estado.

Diante do risco de perder o apoio do União, uma vez que a cúpula do partido afirmava que não desembarcaria do barco do tucano de jeito nenhum, mas ao mesmo tempo alguns de seus integrantes mantinham conversas com os petistas Lula e Fernando Haddad, o tucano perseverou até convencer o MDB a ficar com a vaga para disputar o Senado, que será, agora, de Edson Aparecido.

A condição do MDB, no entanto, foi de que União Brasil e PSDB declarem apoio à tentativa de reeleição de Ricardo Nunes à Prefeitura da Capital em 2024.

Ao fim e ao cabo, a peleja de Rodrigo Garcia para arrumar uma solução que tirasse do seu pescoço as facas colocadas pelos dois partidos parece que teve um resultado melhor que o esperado. Ele fica com o MDB no palanque, com os minutos preciosos do União e com o amigo de longa dada como vice. Ou seja, não terá, em tese, que temer um “adversário” sob o mesmo teto em seus planos futuros.

Como nada é perfeito, a dupla Rodrigo e Geninho é vista como um sanduíche de pão com pão, uma vez que o vice pouco agrega em termos de capilaridade política ao tucano.

Geninho foi prefeito de Olímpia por dois mandatos, entre 2009 a 2016, e teve como principal padrinho político para a corrida eleitoral de 2018 justamente Rodrigo Garcia, que deixou a reeleição à Câmara Federal para se tornar o candidato a vice de João Doria (PSDB).

Geninho recebeu 89.378 votos para deputado federal. A direção estadual do União Brasil chegou a registrar sua candidatura à reeleição para a Câmara dos Deputados. O próprio parlamentar disse nesta quarta, antes de Rodrigo Garcia bater o martelo no acordo que garantiu sua candidatura como vice, que a ata da convenção pode ser alterada até esta sexta, 5.” (Texto capturado do “Diário da Região”, Rio Preto)

Portanto, o caminho perseguido nos bastidores para que essa união se concretizasse foi árduo e cheio de nuances. Concordam?

É claro que a grande mídia correu atrás dos “pormenores”, como sempre faz. E o que contaram a respeito do ainda pré-candidato a vice que já não soubéssemos? Que ele acumula ações judiciais por improbidade administrativa? Que triplicou seu patrimônio na última década, saltando de R$ 321 mil em 2012, em valores corrigidos, para R$ 1 milhão nestas eleições?

Que os processos judiciais se referem à atuação de Geninho como prefeito de Olímpia, entre 2009 e 2016? E o que poderia responder o talvez futuro vice-governador? Claro, que ele “é transparente em relação a seus bens”, e que “não há nenhuma condenação criminal”.

Mas, a mídia insiste em que “Geninho tem uma condenação pela nomeação, enquanto prefeito, de advogados em cargos de confiança, mas que não faziam parte do quadro de servidores públicos para defender interesses do município”, do que sabemos de cor. E também que “o acórdão em segunda instância manteve sanções da condenação como perda de direitos políticos, mas ainda cabe recurso da decisão”. Esse andamento é que seria a novidade.

Citam outra ação em que foi condenado em primeira instância, aquela da nomeação de pessoas sem concurso público para cargos que formalmente seriam qualificados pela lei como cargos em comissão, mas que, na prática, exerciam funções típicas de cargos efetivos? Quem não se lembra desses temas na mídia local?

Conta ainda a grande mídia que Geninho foi incluído em uma lista da ONG Transparência Brasil com parlamentares com influência no projeto que alterou a lei de improbidade administrativa no país. E que o material lista sete processos em nome dele.

“Um deles versa sobre suspeita de direcionamento de licitação para contratar uma empresa investigada por fraude em concursos públicos”.

Sobre sua trajetória financeira, esta mesma grande mídia diz que “na eleição de 2004, quando se reelegeu vereador, ele não declarou nenhum centavo de bens ao TSE. Já no pleito municipal seguinte, apresentou uma lista totalizando R$ 118 mil em valores corrigidos”. E que “a sua declaração de bens hoje é de R$ 1,031 milhão, conforme informado no registro de sua candidatura ao TSE”.

Impressiona também a arrecadação de sua última campanha, a de deputado federal, em 2018: R$ 617 mil somente com pessoas físicas e R$ 660 mil em doações de partidos”. E, um pouco menos surpreendente é saber quem foi um dos seus patrocinadores-master: Wilson de Almeida Junior, um dos sócios da construtora Pacaembu.

A empreiteira que tornou-se gigante a partir dos núcleos habitacionais implantados por ele quando prefeito de Olímpia. Pode-se dizer que Olímpia foi o “laboratório” da Pacaembu em termos de grandes empreendimentos, uma vez que aqui construiu, salvo engano, perto de duas mil habitações. E o outro, que foi o empresário bilionário Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração da Cosan, grupo que dispensa apresentações.

No âmbito interno da campanha, apoiadores de Rodrigo dizem que Geninho não agrega em termos eleitorais e tem perfil muito semelhante ao do governador, o que não seria o ideal, dado que o tucano está empatado com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ameaçado de não ir ao segundo turno. Governista de carteirinha, de acordo com o Congresso em Foco, Geninho votou a favor do governo em 89% das propostas.

“Toda a minha evolução patrimonial consta não só no portal do Tribunal Superior Eleitoral, como também no meu Imposto de Renda e é compatível com meus rendimentos como empresário e como parlamentar”, afirmou Geninho por meio da assessoria.

Em relação aos processos por improbidade, Geninho declarou não possuir nenhuma condenação criminal. “Nos processos cíveis, não fui condenado em nenhuma ação com pena de enriquecimento ilícito, dano ou prejuízo ao erário”, completa.

Sobre o processo relacionado à nomeação de advogados em cargos de confiança, a nota afirma que o processo ainda está em julgamento e que “comprovou-se que os serviços foram prestados, sem qualquer condenação por lesão ao erário ou perda patrimonial”.

Em relação à condenação relacionada à contratação de pessoas em cargos de confiança, a nota admite a sentença, mas diz que “foi afastado ressarcimento de danos ou prejuízo ao erário” e ressalta que o processo está “em fase de apreciação pelo Superior Tribunal de Justiça”.

A respeito da suspeita de direcionamento de licitação, a assessoria afirma ter pedido que o caso fosse julgado improcedente “em virtude do reconhecimento da prescrição da acusação e impossibilidade de condenação” e aguarda decisão.

Enfim, tal decisão de Garcia e Zuliani, por ora, passa a impressão de ser uma decisão que atende aos interesses mais imediatos de ambos. Resta saber se será “uma jogada de mestre” ou “um tiro no pé”.

Um ‘passeio’ pela ‘arquitetura’ da cassação no Legislativo da Estância

Terminei meu texto postado aqui na semana passada, afirmando que, a depender do resultado da grande batalha entre membros da “confraria dos sem-votos”, contra o fenômeno de popularidade e de redes sociais surgido nos últimos anos na cidade, saberíamos que lado perdeu e que lado ganhou a contenda (Cassação de Bueno, uma ‘tour de force’ política na Estância).

Porém, como vimos, o jogo foi todo embaralhado nos momentos finais, com a surpresa da “descida” à Casa de Leis de dois então secretários municipais, Helio Lisse Júnior (Segurança, Transporte e Mobilidade Urbana) e Tarcísio Cândido de Aguiar (Agricultura, Comércio e Indústria), do PSD e MDB, respectivamente.

Na postagem anterior demos como descartada esta possibilidade, embora tenhamos aventado a possibilidade, porque imaginávamos não haver mais tempo hábil para tanto. E falávamos, sem citar nomes, de Aguiar, o personagem que nos chegara. E no entanto os dois acorreram à Câmara, porém na undécima hora, dando munição para que a Mesa os repudiasse.

E viu-se aquele espetáculo de flagrante desrespeito contra dois legítimos integrantes da Casa, eleitos pelo povo, com a gravíssima atitude ditatorial do presidente José Roberto Pimenta, o Zé Kokão (Podemos), acionando a policia militar para retirá-los de suas cadeiras, que ocuparam de pronto momentos antes do início da sessão.

Mormente contra Tarcísio Aguiar, sargento do Exército, que usou de suas prerrogativas de militar e exigiu uma patente do Exército para retirá-lo, já que a PM não tem esse alcance. Sendo assim, ambos ficaram em Plenário.

Mas, só ficaram, pois não lhes foi permitida a manifestação na Tribuna, não lhes foi permitido votar e sequer constaram da chamada feita pelo primeiro secretário da Mesa, Márcio Eiti Iquegami (União), que deu início à sessão mesmo em meio ao grande tumulto que se estabeleceu nas galerias e com o desmaio da processada, Alessandra Bueno (PSDB).

Os bastidores ferveram na segunda-feira, dando conta de que a correria foi grande ao Gabinete oficial, todos querendo uma diretriz sobre o que fazer ou não fazer e, consta, o prefeito Fernando Augusto Cunha teria telefonado para Kokão pedindo o adiamento da sessão e informando que Lisse e Aguiar estavam indo procurá-lo, para um entendimento a esse respeito.

Mas, as queixas posteriores de ambos foram as de que jamais encontraram ou conseguiram falar com o presidente, pois este escafedera-se sabe-se lá para onde. Diante disso foi que os dois então secretários decidiram pela renúncia às funções de agentes políticos e voltar às cadeiras no Legislativo.

Os vereadores alegaram, como justificativa para suas atitudes intempestivas, estarem agindo de acordo com o que prevê o Regimento Interno da Câmara, que diz estar imediatamente empossado, independentemente de qualquer ato formal, o vereador afastado para exercer cargos de confiança que se exonera e volta à sua cadeira.

Porém, buscando no Regimento Interno esta assertiva, o que encontramos no Capítulo IV – Das Licenças, Artigo 100, parágrafo 10, foi o seguinte: “No caso do inciso IV, o Vereador será considerado automaticamente licenciado a partir da posse no respectivo cargo para o qual tiver sido nomeado”. Nada sobre o contrário disso.

No parágrafo 11, a sequência: “Na hipótese do parágrafo anterior, o Vereador deverá dar ciência imediata, e por escrito, ao Presidente da Câmara, que comunicará o fato aos demais Vereadores”. Também nada ao contrário disso.

A menos que nos tenha fugido à análise ou que careça de melhores estudos ou, ainda, que o alegado conste no novo RI (não vigorando, porém), não há nada que embase a afirmação de ambos, a bem da verdade.

Outro detalhe da conturbada sessão foi o fato de a presidência da Mesa ter declinado do que reza o Regimento Interno, ou seja, de que a cassação se daria por maioria absoluta de votos, ou seja, seis entre os dez, e optado por fazer o procedimento escorado no Decreto-Lei federal 201, de 27 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores. Segundo o presidente, “para não terem surpresas”.

Este DL diz, em seu Artigo 7º, que “a Câmara poderá cassar o mandato de Vereador, quando (…)”, e no parágrafo 1º, complementa: “O processo de cassação de mandato de Vereador é, no que couber, o estabelecido no artigo 5º deste Decreto-Lei”, que descreve o passo-a-passo dos procedimentos até o momento da votação propriamente dita.

E o Inciso VI deste Artigo, diz: “Concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações nominais, quantas forem as infrações articuladas na denúncia. Considerar-se-á afastado, definitivamente, do cargo, o denunciado que for declarado pelo voto de dois terços, pelo menos, dos membros da Câmara”. Ou seja, sete votos. E o resultado cravou exatamente nos dois terços: 7 votos a dois [(Edna Marques (União) e Eliton de Souza, o Lorão (PP)].

Como se viu, Alessandra Bueno não vota e, além disso, esteve ausente da sessão, já que teve um desmaio e ficou internada na UPA até tarde da noite (dizem ter sido “armação”, mas quem esteve por perto no momento atesta que o desmaio foi verdadeiro). Ela foi julgada, portanto, à revelia.

(PS: Não contando com toda esta movimentação, na semana passada havíamos cravado aqui este resultado (Alessandra Bueno deverá ser cassada por mais que dois terços da Câmara). Peço que desconsiderem o “mais”, dada a impossibilidade disso, conforme narrado acima).

Os vereadores retomaram suas cadeiras na quarta-feira, dia 8, concomitantemente à publicação das portarias de exonerações no Diário Oficial Eletrônico. Ou seja, desta forma jamais poderão alegar, em eventuais processos judiciais, que estiveram presentes à sessão, que se exoneraram dos cargos a tempo de votar e por aí adiante, já que os documentos oficiais dizem o contrário.

Mesmo dia da posse como vereador de Marcelo da Branca, o até então primeiro-suplente do PSDB.

E, embora suas assertivas, de que basta a comunicação por ofício ao chefe do Executivo e à Câmara de suas exonerações para que assumam “automaticamente” as cadeiras, vale o que está oficializado nos anais.

Enfim, restará agora à Mesa da Casa de Leis segurar o rojão dos embates jurídicos, quando haverá inclusive a tentativa de se cancelar a sessão para realização de outra, dadas as alegadas ilegalidades contidas nesta, bem como para dirimir a questão das exonerações e posses vetadas pela Casa e, talvez, o detalhe do julgamento à revelia da acusada.

No mais, desdigo o que disse anteriormente, que o prefeito Cunha havia “tirado o pé” das tratativas, por não ser inteiramente verdade, e peço a observação dos senhores e das senhoras quanto ao porvir na relação entre o vereador Márcio Iquegami, do União Brasil, e seu deputado, Geninho Zuliani, que lhe havia rogado votar contrário ao projeto.

O médico-vereador que, dizem, tem suas asas estendidas sobre as coisas da Saúde, com imenso poder de decisão e diretrizes, ao que parece preferiu votar alinhado ao mandante de turno, não ao seu parlamentar que, de resto, sagrou-se grande perdedor neste embate.

Como adendo eu coloco aqui: resta saber como o prefeito vai preencher as lacunas deixadas por Lisse e Aguiar. Numa delas, a Agricultura, existe a possibilidade de acomodação, por exemplo com a troca de titular da Assistência: entraria Cristina Reale (PSD), sairia João Magalhães, mas apenas mudando-se da Dr. Antonio Olímpio para a Durval Britto.

A Casa passaria a ter dois suplentes, a menos que Cunha decida-se por um outro vereador para a Segurança e Trânsito. Por óbvio, não declinarei ainda seu nome. E a Casa voltaria à sua condição de 30% de suplência.

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