No dia 20 passado, logo pela manhã, publicamos neste espaço um texto tratando do problema relacionado com a Estação de Tratamento de Esgoto-ETE, obra parada no final da gestão passada que continua, um ano já desta gestão, na mesma situação.

Falamos aqui, entre outras coisas, que “o prefeito de turno, que parece muito mais dedicado às questões do turismo na cidade -para o bem e para o mal-, está conduzindo muito aleatoriamente um problema tão central, tão drástico e tão fundamental, que teria que ser o primeiro a ser resolvido, antes mesmo da expansão da Aurora Forti Neves, obra de R$ 3 milhões, ou a construção de um inútil “girino multicor” na Praça Rui Barbosa, ou a reforma da própria praça, tudo por outros R$ 3,5 milhões.”

Não demorou muito e, naquele mesmo dia, veio a resposta do alcaide, via um daqueles seus canais de propaganda travestido de jornalismo: “Obra da ETE está travada no jurídico do governo do Estado”.

Repararam que há sempre uma justificativa, por mais injustificável que seja aquilo que o prefeito quer justificar? E que nunca é de responsabilidade dele o problema? É sempre por alguma razão, algum entrave, alguém, algum órgão. Dizem até que ele andou ressuscitando a tal “herança maldita”, que curiosamente ele não vislumbrou quando da transição “de corpo presente”.

Disse o prefeito que a obra “está travada no departamento jurídico do Governo do Estado de São Paulo”. E mais: que “há um entrave jurídico entre o DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), patrocinadora da obra, dentro do Programa Água Limpa, e a empresa responsável pelos serviços contratados, em relação principalmente à formalização de um novo aditivo”.

Já foi feito um, disse Cunha, mas “haveria necessidade de outro”, o que está sendo analisado ainda pelo departamento jurídico do órgão (Um ano de análise?). O alcaide falou em “imbróglio jurídico” em torno do assunto.

Faltam R$ 18 milhões para a conclusão da obra, além do que, “esse travamento aponta para uma demora ainda maior”. Ou seja, não sonhem com a solução do problema para tão já. Talvez nem para o ano que vem. Ou, pior, talvez nem para sua administração inteira, pelo andar da carroça.

E isto tudo, para realizar somente 40% das obras, que seu antecessor já deixou mais da metade pronta. A concepção é suficiente para atender a uma população estimada de 61 mil habitantes, como já foi dito aqui.

E, como este é um governo do improviso, dos “remendos”, lá vem: “Cunha informou que vai construir uma estação compacta, nos moldes da existente no córrego dos Pretos, na zona leste da cidade, com a finalidade de tratar o esgoto que é despejado no Olhos D’Água”. Um governo das coisas pequenas.

Só para frisar bem, todos se recordam claramente da verdadeira guerra que se armou contra a construção da lagoa de tratamento de esgoto do lado de cá da SP-425, no chamado “Vale do Turismo”, né?

Portanto, a questão a ser colocada é: se deixassem a municipalidade resolver a necessidade como se propusera a fazê-lo em meados dos anos 2000, não teria sido bem melhor para todos, eu disse todos, e não apenas para meia dúzia de barões do turismo?

Sim, porque o que era mais importante, então, recolher os outros mais de 80% de esgoto que ainda hoje, 15 anos depois, é jogado no Olhos D’Água, ou preservar área enorme para produzir dinheiro ao mesmo tempo que empreendimentos gigantes abarrotam nosso principal rio -que por fim desagua no Cachoerinha-, de dejetos humanos?

Preocupar-se com nosso maior “tesouro”, que é o turismo e sua inesgotável fonte de recursos, tem seus méritos. Mas o que não se pode admitir é a “maquiagem” para sustentar boa impressão. O turista vem e vai. Gosta ou não gosta. Mas o nativo aqui permanece, faça chuva ou faça sol. E este precisa de muito mais que simples ações cosméticas.

Antes, precisa de mudanças estruturais de peso, que façam a diferença. De equipamentos urbanos para que possa desfrutar no dia-a-dia. Afinal, é para isso que paga seus impostos.

E A ÁGUA?
Também neste setor, é chororô e mais chororô. Um coitadismo que já imaginávamos bem enterrado no passado administrativo da cidade. Diz Cunha que “o município precisa de aproximadamente R$ 60 milhões para aplicar no sistema e dar uma solução nos problemas existentes no seu fornecimento”.

As justificativas são as mesmas de governos anteriores, mas a postura, não. A postura é de um governo que treme à primeira dificuldade, e que busca a solução nos “remendos”, como já dito acima como, por exemplo, “curativos” nos vazamentos.

E sabem a ETA seca, modificada para a perfuração de um poço profundo para captar água do Aquífero Guarani (cada vez mais baixo em seu nível)? “Ainda depende de uma aprovação da Caixa Econômica Federal (CEF)”, informa o alcaide, que curiosamente consegue R$ 15 milhões para furar um poço, mas não R$ 25 milhões para resolver o problema como um todo do abastecimento de água. E toma-lhe poços e mais poços no Aquífero.