Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Covid em Olímpia

Nossos mortos são também vítimas de atitudes políticas

Quase 240 mortos na Capital Nacional do Folclore, Estância Turística de Olímpia. Acredita-se que até o início da semana tenhamos ultrapassado este número. Sendo que em maior parte, são mortes improváveis registradas nestes cinco meses e 19 dias de 2021.

Descontem 78 mortes registradas no ano passado inteiro e terão o quanto de famílias perderam pelo menos um ente-querido neste fatídico 20º ano do século 21 em Olímpia.

Outro dado é que no geral, em torno de 15.8% da população olimpiense já teve a doença (8.706 até sexta-feira) e atualmente 201 estão doentes, dos quais 44 internados. E, pior, 21 em UTIs.

Na Santa Casa de Misericórdia, eram 15 em UTIs até esta sexta-feira, 18, e outros 17 na enfermaria. Isso significa dizer que o hospital está com 100% de ocupação em UTI e 85% de seus leitos de enfermaria também com doentes de covid.

Fora aqueles na “fila” aguardando vaga para internação aqui ou alhures, na UPA, conforme se tem notícias.

A vacinação segue em ritmo lentíssimo. Temos cerca de 51% dos olimpienses com pelo menos uma dose de imunizante, o que não garante segurança 100%.

Haja vista que apenas pouco mais de 14% estão duplamente vacinados. Ou seja, pouco menos de 20 mil estão com primeira dose, e pouco menos de nove mil estão com as duas doses ministradas. Soma geral, 28.159 vacinados até sexta-feira.

Acredito até que nem seja novidade tudo o que está acima. Haja avidez nos cidadãos para conhecer os números de covid na cidade, para criticar a falta de leitos de UTI, da demora na UPA para atendimentos e internações.

Mas haja também, e aí está o cerne da questão, falta da mesma avidez para vigiar seus próprios movimentos, seus comportamentos frente a esta situação de “guerra” em que estamos mergulhados.

Para muitos dos olimpiense, a vida segue sem percalços, sem tragédias de mortes seguidas de mortes, sem perdas de familiares, sem que nada tivesse acontecendo.

E ainda fazendo pouco das orientações, dos pedidos de cuidados preventivos e tomem-lhes aglomerações, não uso de máscaras, descuidos com as mãos, principal vetor do malfadado vírus.

Quase 500 mil mortos no país até às últimas horas. Se este não for o saldo de sangrenta guerra não se sabe o que é. É mais que toda a população de São José do Rio Preto, por exemplo, morta vítima de um mal invisível.

Para se ter uma ideia de seu minúsculo tamanho e sua eficácia na destruição do organismo humano, certa vez um especialista fez a seguinte analogia:

“Imaginem um caminhão destes modernos, que são enormes. Ele representa o tamanho da célula a ser atacada pelo coronavírus. E o vírus, em relação a esta célula, seria um dos parafusos da roda deste caminhão”.

Poderoso, não é? Demais, para tanta gente ignorá-lo. E, assim, seguimos contando nossos mortos, tentando mitigar nossas dores. Pois cada morte, até dos desconhecidos, distantes, faz doer o coração.

Pois sabemos serem mortes improváveis. Mortes daqueles que, com todas as suas comorbidades eventuais -sempre usadas como esteio de conformidade e justificativas-, estariam entre nós, no seio de suas famílias, nos braços das pessoas amadas.

Algumas autoridades precisam parar de “passar pano” na situação, querendo impor a imagem de uma tranquilidade que, absolutamente, existe. Por favor, só façam isso.

Nossos mortos são também vítimas de certas atitudes políticas travestidas de preocupações e cuidados. Com toda certeza do mundo.

Quando vamos parar de contar mortos por covid na Estância?

De janeiro a junho, Olímpia já ultrapassou em 60.77% o total de casos registrados em 2020, que teve 78 óbitos; neste ano, já temos 146 mortos

A situação com relação à covid-19 em Olímpia este ano, está extremamente preocupante. Ainda muito mais preocupante que no ano passado, quando ainda estávamos aprendendo a entender seus mecanismos.

O número de casos registrados nos cinco primeiros meses mais os 10 dias de junho de 2021, foi de 5.365 doentes, o que representa índice 60.77% acima daquele registrado no ano passado inteiro, que teve 3.337 registros.

Também marcante este ano, é o fato de que na comparação entre janeiro e junho, o número de casos registrados subiu ao nível de 122%, na comparação com os primeiros 10 dias de cada um dos dois meses. Janeiro teve 306 casos enquanto junho já bateu nos 680.

Na somatória dos dez primeiros dias de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho, tivemos 2.210 registros de covid, o que dá uma média de 368 doentes a cada decêndio.

Nessa toada, o sexto mês do ano poderá bater o recorde de março passado, que já era recorde sobre agosto de 2020, então o mês de maior número de registros nesta pandemia.

Uma previsão com base nos dez primeiros dias de junho possibilita chegar a mais de dois mil casos até o final do mês, o que representará quase 30% (29.77%) mais doentes que no terceiro mês de 2021, quando se chegou a 1.572 doentes. Agosto de 2020 ficou com 1.183 casos.

Nos primeiros decêndios de cada um dos seis meses de 2021, a Saúde contabilizou, respectivamente, 306, 225, 468, 290, 241 e 680 doentes. Nos cinco meses inteiros do ano, foram, respectivamente, 781 casos em janeiro, 690 em fevereiro, 1.572 em março, 684 em abril e 958 em maio.

No tocante ao número de óbitos, 2021 também se mostra extremamente cruel. Já enterramos 146 olimpienses, contra os 78 do ano passado inteiro, sendo 27 em agosto de 2020, então o mês de maior mortandade pela doença.

A covid-19 já matou este ano 87% mais pessoas que matou em 2020. Março e abril com, respectivamente, 44 e 41 mortes, foram os destaques negativos até agora. Depois maio, com seus 23 mortos, janeiro com 18, fevereiro com 12 e junho, em dez dias, já computa oito óbitos.

Quando será que vamos parar de contar os doentes deste vírus? Pior ainda, quando será que vamos parar de contar nossos mortos?

Possibilidade de já estarmos na 3ª onda da Covid é grande

Casos da doença, de janeiro a maio em Olímpia, ficaram 40.69% acima dos registrados em 2020 inteiro, com mortes de 141 olimpienses; na toada que vai, junho sozinho pode bater os 5 primeiros meses de 2020

Consta nos anais especializados, que ainda não entramos na terceira onda da pandemia. Mais que isso, consta que ainda sequer saímos da segunda.

Mas, a Estância Turística de Olímpia, independentemente disso, vive sua tragédia particular. Talvez, até, a sua terceira onda não oficializada.

Já estamos nos aproximando dos cinco mil casos de covid-19 neste ano de 2021, pois de 1º janeiro até 31 de maio passados, já batemos na casa dos 4.695 doentes, dos quais 141 morreram.

Este número representa índice de 40.69% mais casos do que foi registrado em 2020 inteiro, quando tivemos 3.337 confirmados, com 78 mortes.

Enquanto no ano passado morreram em média 6.5 pessoas por mês, nestes primeiros cinco meses de 2021 já são 27.6 pessoas mortas por covid a cada mês, na média.

A progressão da doença em Olímpia é bastante preocupante, porque vem evoluindo perigosamente. E não há um dia sequer que se vislumbre queda a se considerar no número de infectados.

Para se ter uma ideia, nos cinco primeiros meses de 2020, foram registrados na Estância Turística, 2.394 casos de covid, número que fica 96.1% abaixo do total de casos registrados nos primeiros cinco meses deste ano, que tiveram, repetimos, 4.695 registros.

Outro dado importante a frisar é que nenhum mês de 2021 teve até agora menos casos que os meses todos de 2020, contados a partir de maio, quando registramos os dois primeiros doentes.

Se tivemos 1.183 registros em agosto de 2020, o pico de confirmações, tivemos 1.572 em março deste ano, ou seja, quase 33% mais casos registrados (32,882%).

O ano começou com 781 infectados pela doença, depois caindo para 690 em fevereiro, subindo para os estratosféricos 1.572 casos de março, caindo para 684 em abril e fechando em 958 casos no mês passado.

Na média, foram 31.3 casos da doença por dia nestes cinco meses de 2021, contra os 15.96 do mesmo período no ano passado.

A média de casos por mês nos cinco meses de 2020, foi de 478. Este ano, esta média está em 939 casos por mês. Quase exatamente o dobro.

E a situação não parece caminhar para um estado de melhora, uma vez que em junho já cravamos os 154 casos confirmados, contabilizando somente os dias 1º e 2 de junho, uma vez que na quinta-feira, dia 3, feriado, e sexta-feira, dia 4, ponto facultativo, não foram divulgados boletins.

Nessa toada, poderemos facilmente ultrapassar os dois mil casos de covid e, assim, junho sozinho bater os números registrados nos cinco primeiros meses do ano passado. Uma tragédia anunciada!

Enquanto isso, o único antídoto comprovadamente válido contra esta praga, a vacina, segue a passos de tartaruga.

Olímpia, por exemplo, até o último levantamento vacinal, no dia 2 passado, havia imunizado em primeira dose, 27,5% da população, e em segunda dose, 14,69%. E em primeira e segunda doses, um total de 42% de olimpienses haviam sido vacinados.

Ou seja, não há garantias de tranquilidade em função disso, uma vez que há registros de pessoas que receberam a primeira dose da vacina e contraíram a covid, no espaço de tempo para a segunda dose, o que é previsto, já que a proteção total está nas duas doses.

Nossos 15 leitos de UTI estão todos ocupados, há mais de uma dezena de internados nos leitos de enfermaria, na UPA, segundo consta, não param de chegar turistas -estes, um problema à parte que precisa ter encontrada uma solução paliativa-, e locais.

O gripário anda sendo bastante frequentado por gente que suspeita de estar com a doença por sintomas. Havia até ontem 300 olimpienses que ainda não haviam ido tomar a segunda dose da vacina dentro de seu prazo e, destes, alguns relataram ter contraído a doença no período de espera.

Portanto, se não uma terceira onda já instalada nas nossas cercanias, o quadro reinante nos leva a acreditar estarmos caminhando celeremente para uma tragédia anunciada!

Valei-nos, Deus e todos os santos!

Ação do poder público pode (e deve) ir além dos decretos

Quase 9% da população olimpiense já foi acometida pela Covid-19 desde abril do ano passado, quando foi registrado o primeiro caso da doença por aqui. Este número está contado até a sexta-feira da semana passada, quando foi expedido o último boletim pela Saúde da Estância. De abril para cá, 111 olimpienses morreram.

A Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, por sua vez informa que até ontem, primeiro de março, na UTI haviam 13 pacientes, todos positivos para covid-19.

O hospital olimpiense possui 15 leitos de UTI, cinco dos quais conseguidos junto ao governo do Estado na semana retrasada, para que Olímpia não sucumbisse a um lockdown, ao invés da fase vermelha na qual estamos, flexibilizada ao máximo pelo Executivo Municipal.

Mas, lembremo-nos que ter 13 dos 15 leitos ocupados, representa quase 87% dos leitos ocupados. Ou seja, estamos na mesma situação de antes de termos os 15 leitos.

Assim, até quando a cidade vai suportar esta situação? O povo se contaminando como se não houvesse amanhã? E a cidade tendo que correr atrás de leitos para acomodá-los?

Queremos crer que a obrigação do poder público não se esgota na providência de acomodações para os doentes mas, sim, e principalmente, na atuação estratégica e acima de tudo enérgica, para estancar a disseminação do vírus, para evitar que tantos adoeçam.

O Poder Público não pode simplesmente cruzar os braços por dotar a cidade de mecanismos de acolhimento de doentes, pois estrá lidando apenas com os efeitos colaterais de uma situação de ampla irresponsabilidade popular, resultante de sua própria inércia no tocante à obrigação de fazer e agir.

Não há decretação oficial de um estado de emergência municipal, mas vivemos em um estado de emergência na prática, o que demanda medidas extraordinárias em nível local.

Mas, o que a população temerosa recebe do ente público é o silêncio, a inércia, a falta de estratégia para combater os que não têm consciência de que não se trata apenas deles, mas do outro, pois a Covid não é uma doença individual, ela é coletiva. Se um não se cuida, não está cuidando de vários.

Então, cadê por exemplo um mapeamento das regiões da cidade onde a incidência seja maior, onde e por que razões determinadas regiões têm mais doentes registrados; cadê planos de ações para conter os irracionais das baladas, festas em casas de temporadas, sítios, e até debaixo dos narizes dos invisíveis fiscais em aglomerações em praças, ruas e avenidas?

Cadê o braço forte do poder público, que em situações emergenciais como essas pode lançar mão de medidas extremas, claro, dentro de legalidades constitucionais?

Não se ouve a palavra das autoridades locais. Não se vê comunicação de espécie alguma, alertas, avisos e até ameaças -por que não?, já que a linguagem dos lúcidos de nada está valendo.

Vimos de saber da exoneração do secretário municipal de Saúde que há três anos praticamente ocupava a pasta e que, a bem da verdade, havia desaparecido nestes tempos de pandemia.

Não fez uso de sua autoridade sanitária em nenhum momento. E se o fez, foi em nível de bastidores, o que resultou em nada.

Mas, nem por isso vamos concluir que sua exoneração tenha a ver com sua possível falta de disposição para a luta. Porque esta mesma falta, ao que parece, também acometeria o poder central da cidade.

Que se quedou silente, escorando-se apenas nos decretos disso e daquilo, sem coragem de chamar a população à razão, com base em sua autoridade administrativa outorgada pelo mesmo povo que ora o tripudia.

Momento delicado para se defenestrar um auxiliar de primeiro escalão exatamente numa pasta de valor absoluto dentro da situação que atravessamos. A falta deve ter sido muito grave. A saber no passar das horas.

O que se pergunta agora é: a substituta do secretário posto fora, está à altura do cargo que ora assume? Tem estratégias pré-definidas para tratar a situação de caos iminente para a qual caminhamos?

Ou tudo emana do chefe de turno, que sabemos bem, é centralista ao máximo e pode querer ter nas mãos as rédeas deste comboio já quase destrambelhado.

Se exonerou o secretário por causa disso, ou seja, para poder assumir uma missão à qual ele não estava dando conta e um novo nome para a pasta é só um detalhe, então teremos boas novidades no porvir.

Porém, se cortou a cabeça de Pagliuco por este querer agir em desconformidade de suas vontades e visão de mundo pandêmico, aí então teremos sérios problemas.

Porque se assim o for, a letargia só se aprofundará, eis que a nova detentora da pasta não nos parece alguém com autoridade a implementar medidas que contrariem as vontades do dirigente-mor.

Por estes dados e passados, tudo o mais que advier deste catastrófico momento, poderá ser então imputado ao chefe de turno olimpiense. Sem medo de errar.

Se, ao contrário, medidas saneadoras com bons resultados advierem, isso também será imputado ao chefe de turno.

Resta saber em qual das situações ele preferirá transitar.

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