Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Covid-19

Uma resenha da semana

Será que agora vai?

Porque já vem desde o início dos anos 2.000 a ideia de se construir em Olímpia um centro administrativo que abarcasse todos os setores e órgãos da administração pública municipal, evitando o dispersamento por prédios diferentes, em diferentes localidades, e a demanda por alugueis de imóveis, acarretando despesas sempre criticadas pela opinião pública.

Lá atrás, na gestão Luiz Fernando Carneiro, prefeito de Olímpia de 2001 a 2008, foi discutida a possibilidade da transformação da antiga estação ferroviária, em centro administrativo, após uma minuciosa adaptação do local. A ideia não foi adiante, e o local hoje foi transformado em Centro Cultural.

Passado algum tempo chegou à prefeitura Geninho Zuliani, prefeito entre 2009 e 2016, que decidiu aproveitar uma área de cerca de três mil metros quadrados remanescente do loteamento Jardim Centenário, onde antes era o aeroporto municipal, cujos terrenos foram vendidos em formato leilão pelo município.

Geninho chegou a bancar projeto com empresa de engenharia local e a anunciar a obra para corretores de imóveis e empresários do setor. Sua intenção era construir ali o “Paço Municipal”, com cerca de 2.100 metros quadrados de área construída.

O novo Paço envolveria as então nove secretarias (Educação, Assistência Social, Saúde, Planejamento, Governo, Finanças, Administração, Jurídico e Agricultura), abrigando departamentos, como meio ambiente e imprensa, além do Gabinete do Prefeito e Fundo Social de Solidariedade.

Além disso, o projeto ambicioso da Gianotto Engenharia e Arquitetura, contemplava um Centro Ecumênico e eventos religiosos; Heliponto; Espelho D’Água com reservatório de águas pluviais, praça de eventos e manifestações e duas pistas de cooper.

Porém, não se sabe o que aconteceu, assim como a proposta surgiu, desapareceu, sem maiores explicações. O ano era 2011.

E agora, exatamente 10 anos depois, volta a se discutir o tema, desta vez com o uso pretendido da área onde por décadas funcionou a empresa Bazar das Noivas, hoje desativada e em processo de leilão.

Para tanto, o prefeito teve aprovada em regime de urgência na Câmara, na semana retrasada, projeto de Lei autorizando a compra daquela área por R$ 5 milhões, decisão que recebeu muitas críticas da opinião pública.

No pedido encaminhado à Câmara, não foi detalhado como seria a obra, quando terá início nem quando seria sua conclusão. E nenhum vereador perguntou. Somente Alessandra Bueno votou contra, ainda assim, por razões menos objetivas.

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De acordo com dados extraídos da página da transparência da prefeitura municipal da Estância Turística de Olímpia, os gastos diversos do governo municipal na rubrica propaganda, incluindo fornecedores, prestadores de serviços e veículos de divulgação, foram de R$ 274.338,57 em 2020, valores que somados aos dos dois primeiros meses deste ano de 2021, sobe para R$ 305.368,57.

Os itens são compostos de fornecedores como gráfica, e prestadores de serviços, como fotógrafo e produção de áudio ou vídeo, e veículos de divulgação, como jornal, rádio, televisão e internet, setor onde o Executivo Municipal tem investido mais recursos, e que no ano passado custou R$ 76.786,40, além de outros R$ 12.200 em 2021.

Um gasto recorrente e sempre no mesmo valor de R$ 3.500, é com fotógrafo, que faz a captação de imagens. Depois, o segundo maior gasto é com publicação em jornal, que custou R$ 45.060 em 2020, um pouco em rádio, cerca de R$ 12 mil no ano, e TV, que custou, somente em agosto e dezembro, juntos, R$ 56.328,20.

O mês de maior “consumo” publicitário feito pelo governo municipal foi agosto, com R$ 56.498,20, seguido de fevereiro, com R$ 44.535,60, depois junho, com R$ 36.980,43, dezembro, com R$ 34.260, julho, com R$ 23.049,95, maio, com R$ 23.028,79, janeiro, com R$ 19.705,20, abril, com R$ 16.785,20, março, com R$ 13.995,20 e novembro o de menor gasto, com R$ 5.500.

Neste ano de 2021, fevereiro teve maior “consumo” de publicidade, com um montante de R$ 17.962, e janeiro um pouco menos, da ordem de R$ 13.068, totalizando R$ 31.030.

R$ 64 MILHÕES DE AUXILIO-EMERGENCIAL
A Estância Turística de Olímpia recebeu por meio de repasses do Governo Federal, em 2020, mais de R$ 10 milhões para fazer frente à pandemia do coronavírus.

Também em decorrência desta tragédia, mais de 15 mil olimpienses receberam o auxilio-emergencial no ano passado, num montante superior a R$ 64 milhões.

Nos dois primeiros meses deste ano já computados, o repasse foi de apenas R$ 60 mil, enquanto o auxilio-emergencial, de R$ 90.900.

Em 2020 Olímpia, particularmente, teria recebido do Governo Federal nos 12 meses do ano passado, R$ 10.103.386,86, segundo o Portal da Transparência. Ainda segundo a CGU, 15.084 olimpienses receberam auxilio-emergencial no ano passado, 30.45% da população, resultando num montante pago da ordem de R$ 64.087.538, média de R$ 4.248,71 para cada beneficiário.

Já neste ano de 2021, quando foram computados somente janeiro e fevereiro, Olímpia ficou com apenas R$ 60 mil. O auxilio-emergencial residual trouxe outros R$ 90.900 para a Estância, uma média de R$ 1.377,27 para cada um dos 66 beneficiários, apenas 0.13% da população.

Governo e Saúde perderam o eixo frente à pandemia?

Talvez seja só uma impressão deste humilde escriba mas, de qualquer forma, ela precisa ser externada. Parece-nos que o pessoal da Saúde local e até mesmo o Executivo municipal perderam o norte em relação à pandemia, após a morte irreparável do Dr. Nilton Roberto Martines.

A Santa Casa parece ter ficado sem liderança médica. O governo municipal, sem balizamento de ações e decisões. A Secretaria de Saúde, sem uma voz orientadora. E até mesmo os grandes empreendimentos, sem uma referência segura.

Foi graças ao médico falecido que se tomou a decisão de parar com tudo, os parques, os hotéis e pousadas (todo mundo se lembra do “famoso áudio” vazado nos grupos de WhatsApp).

Se não, poderíamos estar vivendo agora uma catástrofe sem precedentes.

Pode-se dizer que o Executivo tardou um pouco a tomar decisões mais drásticas mas, ainda assim, as tomou no tempo hábil. O temor do avassalamento deste vírus na cidade é grande desde o princípio, mas é perceptível que suas “amarras” foram mantidas por um certo tempo, depois começou o afrouxamento.

Coincidentemente, após o passamento da mais importante das figuras médicas locais -claro, no nível popular, de respeito e dedicação. Mas, importante que se releve, foi a partir daí que, também, e não coincidentemente, começou a pesar o fator político-eleitoral.

Foi quando o governo municipal começou a ceder às pressões localizadas, vindas do comércio, do prestador de serviço, dos meios de hospedagem e até mesmo de parcela da sociedade, inconformada com a limitação de suas liberdades.

Hoje temos a notícia da primeira morte por Covid-19 na cidade, que detém 20 casos confirmados, ainda nesta quinta-feira (escrevo no início da tarde, o novo boletim sai às 16 horas).

Porém, a impressão que dá é a de que estariam tentando amenizar o fato do homem ter sido acometido e morrido com Covid-19, repisando suas comorbidades. Fica a impressão de que não querem assumir como fato consumado a morte deste cidadão, como se fosse peça plenamente descartável.

Portanto, atenção das autoridades médicas e políticas é o que se pede. Que busquem novamente encontrar o eixo perdido com a triste morte do líder médico e tomem as rédeas da situação.

Colocar a política partidária à frente da política do bom atendimento deste inusitado e tempestuoso problema de saúde pública – doa a quem doer as medidas drásticas ainda necessárias -, não é o melhor a se fazer. Até porque nem sabemos se vai ou não haver eleições este ano.

A vida ainda continua sendo o bem mais precioso. E as nossas, estão nas mãos de autoridades que ora devem deixar fluir os seus comprometimentos com o bem estar do cidadão.

Coisa bem acima dos interesses político-eleitorais.

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