Terminado o primeiro ano de governo de Fernando Cunha (PR), em 2017, publicamos neste blog um texto intitulado “E lá se vai o primeiro ano de ‘varejinho’ e ‘miudezas’ de Cunha” , baseado, claro, no fato de que o prefeito havia recebido um município forte, pujante e com inúmeras ramificações políticas por aí afora, e não estava conseguindo manejá-lo.

E também no fato de que, naquele momento, a impressão mais forte era a de que a cidade tinha perdido a pulsação. Falávamos que Fernando Cunha deveria primar sua administração pela gestão ou, caso contrário, poderia ficar com nada.

Alertávamos sobre o ano eleitoral que viria a seguir e os perigos que isto representava, sempre, política e administrativamente. Sendo assim, que o alcaide medisse bem seus passos, raciocinasse com olhos voltados ao futuro, à política de longo prazo.

Isto por que a cidade contaria com um candidato próprio à Câmara Federal, candidato este, exatamente o ex-prefeito que lhe entregara a cidade pulsante dita acima. E não só isso, Geninho Zuliani (DEM) integraria o “bonde” do candidato mais forte na disputa, João Dória (PSDB) e, mais ainda, que tinha como vice seu patrono político Rodrigo Garcia (DEM).

Qualquer político de província de maior juízo, no mínimo refletiria por alguns segundos antes de desprezar tríade tão poderosa politicamente falando, em nível de Estado.

Mas este não é Cunha. O prefeito desta Estância Turística é de temperamento teimoso e exclusivista. Opinião nenhuma lhe serve, companheirismo nenhum lhe serve, mão amiga nenhuma lhe serve, eis que se alimenta no dia-a-dia de sua impertinência, embora não no sentido amplo, substantivo, mas naquilo que lhe cabe.

Falávamos dos perigos que rondava seu governo em 2019, com a entrada de novas figuras no jogo em nível estadual, e já tivemos a primeira amostra disso, com o corte de verba considerada eleitoreira que havia sido destinada a Olímpia.

E podem dizer o que quiserem os prepostos do governo pelas redes sociais da vida ou pelos veículos “de bolso” que mal disfarçam seus engajamentos, mas Cunha apostou errado, movido pelo rancor que nutre pelo então candidato a deputado federal hoje eleito, Geninho Zuliani.

Não é crível que nenhum de seus “acólitos” lhe tenha sussurrado aos ouvidos que o caminho a seguir era outro, digamos, mais político. Que o ideal seria usar o cérebro, a intuição e não o fígado. Talvez até tenham tentado. Mas, como se disse acima, o mandante de turno sofre da chamada síndrome da impertinência.

Cunha não só se aliou ao adversário majoritário, como trabalhou para candidatos à Câmara cujos nomes sequer tinham algo a ver com a cidade e suas necessidades prementes. E alinhou tantos destes nomes ao seu redor, que teve que recorrer a parceiros políticos, mais especificamente vereadores, para trabalhar alguns deles.

Abraçar a candidatura Geninho era impensável para ele, conforme muitos defendiam nas rodas políticas. E a agravante foi que, além de não levar a bandeira do candidato olimpiense, Cunha ainda “apedrejou-o” em todas as oportunidades que teve, bem como aos candidatos a governador e vice, seus parceiros políticos.

Arriscou seu futuro administrativo, jogou pesado e confiante numa derrocada de seus desafetos. Perdeu. E feio. Porque seus “inimigos” estão no poder, como diz a canção, e seus amigos “morreram todos”, politicamente falando. O prefeito, pasmem, não elegeu nenhum dos nomes que apoiara.

Mas isto não quer dizer que ele ficará à deriva perante o grupo que está no poder. Geninho ainda é alguém a quem ele pode cobrar de forma efusiva e efetiva, respostas às demandas populares locais.

O deputado federal eleito ainda é alguém que ele pode “encostar na parede” na busca por soluções administrativas. E se esse alguém é quem já demonstrou ter amor incondicional pela cidade que ele, Cunha, governa, tanto melhor.

Basta que o alcaide abandone a figura de “velho general-de-exército” e se poste como um administrador disposto a ceder, por um lado, e ganhar politicamente de outro. Vê-se, sem a menor sombra de dúvidas, que atualmente há mais disposição de aproximação por parte do deputado eleito que de Cunha.

Caso contrário, o futuro legislador não teria facilitado a eleição para a Mesa Diretora da Câmara de vereadores como facilitou, empenhando votos de seus correligionários para que o prefeito pudesse colocar na presidência, um nome de sua preferência, no caso Antonio Delomodarme (Voltaremos a este assunto).

Até porque, se não for assim, Cunha corre o risco de ver aumentada a sua “solidão” política, como ora vemos, já que 2018 se foi e Olímpia não viu nada acontecer, a não ser tentativas de levar adiante obras deixadas iniciadas ou no projeto, todas com verbas alocadas ou liberadas pelo seu antecessor.

Detalhe: nenhuma foi cortada, o que derruba por terra certos “argumentos” esdrúxulos de perseguição política.

E Cunha recebeu um município forte, pujante e com inúmeras ramificações políticas por aí afora. Triste ver que, por hora, tenhamos perdido esta pulsação em nível administrativo e o que se vê são as efervescências de uma Estância Turística (título que também Geninho almejou e conseguiu), que caminha por si só, fazendo com que, na verdade, o Poder Público corra atrás e não que seja seu impulsionador-mor.

O governo Cunha, conforme todos veem, compôs-se, nestes 744 dias, apenas de conclusão de pequenas obras ou “reforminhas”, ainda assim em nível mínimo, e do chamado “varejinho” (Nada mudou, portanto, neste tempo todo).

As obras mais complexas e portanto, que demandam articulação política e prestígio nas “altas rodas”, ainda estão estagnadas, quando não simplesmente abandonadas.

E um discurso constante do alcaide é que em algumas delas, as maiores, teve que “refazer” os projetos. Mas, sabe-se que, o “refazer os projetos” nada mais é que tirar a chancela do seu antecessor e dar uma “cara” cunhista a eles.

Em alguns casos a careta, porque ou ficaram pior ou foram totalmente desfigurados, como é o caso da Avenida dos Olimpienses, antes um “boulevard”, hoje um mero espaço com dois banheiros, uma avenida no meio e uma ponte em cima (Cunha tem fixação por pontes e viadutos). Que uso se fará desta avenida é mistério.

O marco desta administração, todos dizem, foi a contratação do Instituto Áquila, por uma fábula financeira para fazer a mesma coisa que funcionários concursados ou pequena empresa, mais em conta, faziam com resultados hoje comprovados até mesmo por este governo que os persegue.

Enfim, o mandatário de turno terá que atacar 2019 acelerado e resoluto, para não correr o risco da “calcificação”, no imaginário coletivo, como mau administrador.

Ou de receber o “carimbo” de “prefeito das miudezas”. O detalhe é que Cunha Está exposto, sendo vigiado por milhares de cidadãos e, por hora muito, mas muito criticado. E para quem pretende um segundo mandato, conforme já disse publicamente (uma gritante falha de assessoria, na verdade) isso não é nada bom.