O vice-prefeito, Fábio Martinez, e a secretária de Saúde, Lucineia dos Santos, ambos com a responsabilidade de impor soluções ao setor

“A saúde é o problema maior no país inteiro e em Olímpia também. Nós temos consciência disso e não aceitamos a qualidade do serviço que é oferecido para a população. Eu sei porque as críticas a gente houve. Eu converso com as pessoas. Meu vice, que é médico, está muito preocupado, está tentando ajudar a fazer o melhor trabalho possível. Agora, a saúde é cara e exige tempo.”

Adivinhem de quem são estas palavras? Sim, do prefeito Fernando Cunha (PR). Ele se defende da crescente onda de críticas que vem recebendo por não mostrar, até agora, atitudes concretas, ou pelo menos visível, no tocante a resolver o problema da saúde em Olímpia. Que a saúde é cara, todos sabemos. Mas não acham que a vida é muito mais cara ainda?

“Então, nós temos que ir mudando, por que nós também não podemos demitir todo mundo e contratar, nós temos que aproveitar quem está aí e ir substituindo.”

O problema é que não foi bem assim. Cunha chegou substituindo todo mundo de suas funções e cargos, chefias, diretorias, numa tacada só. E, claro, isso cria um problema gravíssimo de continuidade e desenvolvimento dos serviços. Há informações concretas de que tudo parou na Saúde pelo menos nos primeiros 60 dias. Se começou a andar, foi de 30 dias para cá. Mas não é isso que a realidade mostra.

“Em primeiro lugar, nós estamos preocupados com a UPA, que tem problemas de instalações, como a rede elétrica, problema com o ar condicionado. São coisas que parecem simples, mas são muito importantes para um bom funcionamento.”

Isso nem deveria estar contido no rol de problemas do Executivo com relação à Unidade de Pronto Atendimento. É o chamado “varejinho”, terá que ser repetido por várias vezes ainda, antes do término de sua gestão.

“Nós estamos fazendo uma mudança na direção da UPA. Nós testamos esses três meses a direção existente, e agora estamos trocando a direção para que reordene a administração da UPA.”

Vejam aí mais uma “mudança”. O grau de responsabilidade desta atitude reside exatamente nos resultados que advirão, vejam bem, em curto espaço de tempo, haja vista que a situação ali é de urgência-urgentíssima. A UPA não mudou um grão nestes últimos três meses. Se a solução, para Cunha, é mudar a diretoria, que seja. Espera-se os resultados.

“Também temos um problema sério na escala dos médicos que atendem lá. Esse médico que está assumindo, ele vai com  ‘carta branca’ para mexer na escala e selecionar os que vão atender na UPA.”

Todo mundo sabe que mexer em escala de médicos é como declarar a terceira guerra mundial. Todo mundo sabe como funciona o “organismo” do atendimento público em Saúde na cidade. Se esse médico-gestor que Cunha diz estar com “carta branca” vai dar conta do recado é o que veremos mais adiante. Porém, “colega” com “colega” sempre rola um corporativismozinho aqui, outro ali. O ideal, pois, não seria um técnico gestor não-médico?

Por fim, mais uma promessa, da qual vamos fazer o espelho da seriedade deste governo.

“Hoje, a capacidade de fazer exames, é de 248 por mês. Nós precisamos de 400 exames por mês. Se continuar assim, então todo mês vai acumulando 160 exames, e hoje nós temos, só de ultrassom, 2 mil exames para trás. Então, estamos contratando, através da Faculdade Unilago (de Rio Preto), setor de medicina, um reforço (de serviços), e vamos passar a fazer 720 exames a partir da semana que vem (ou seja, esta semana). Então, ao invés de fazermos 240, vamos passar a fazer 720 por mês, para poder fazer 400 (novos), não deixar aumentar tanto, e tirar 300 por mês de atraso que está aí.”

Ontem mesmo publicamos aqui que a burocracia do setor de saúde em Olímpia é o caminho mais curto para a morte. E este calvário começa exatamente na necessidade de exames diversos. Este último parágrafo da fala de Cunha, portanto, fica como apelo principal para que demonstre, de forma cabal, estar seriamente atacando a causa. E que as outras coisas, em tempo médio, sejam acrescentadas.