Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: março 2017 (Página 2 de 2)

MAIS SANTA CASA: AGORA, A CISMA COM O PS DA UNIMED

A Santa Casa de Misericórdia de Olímpia foi a bola da vez na sessão de ontem da Câmara de Vereadores. Mais exatamente, o Pronto Socorro anexo àquele hospital, que desde 2013 vem sendo explorado pela Unimed.

Com a ida do atendimento de urgência e emergência para a Unidade de Pronto Atendimento-UPA, aquele setor ficou sem uso e a solução que a diretoria encontrou foi a concessão mediante remuneração à empresa.

Agora, exatos quatro anos depois, como consequência do imbróglio havido na semana passada, os ocupantes da Casa de Leis decidiram voltar seus olhos para 0 PS 24 Horas adulto e infantil.

Não se sabe se a concessão foi feita com vantagens para o hospital, mas fato é que à época das negociações, esta mesma Câmara nada disse, não se opôs, embora considerando que o grupo ocupante daquelas cadeiras era outro, em sua maioria.

Somente um vereador veio da gestão passada, quando foi suplente e outros dois eleitos deixaram a cadeira para ocupar secretarias. De qualquer forma, um deles ainda, assumiu tempos depois. E o terceiro fez vistas grossas.

O local, informava a empresa quando da instalação, tinha capacidade para realizar mais de 1.500 atendimentos por mês exclusivamente a clientes Unimed e particulares. A instalação possui 300 m2 de área, divididos em 14 salas, e contaria com cerca de 40 profissionais especializados como médicos, enfermeiros, plantonistas, administrativo, vigilância 24 horas, entre outros, dando suporte aos mais de 20 mil clientes da região de Olímpia.

Em caso de necessidade, exames laboratoriais e raio-x também são feitos em parceria com o hospital. Se fez bem à municipalidade não se sabe. A ideia era a de que ajudasse a aliviar a UPA, tirando dela clientes da Unimed que não tinham a quem recorrer nas urgências e emergências.

Exatamente um ano antes, um balanço divulgado pelo hospital dava a ideia de que o Pronto Socorro havia atendido, em 2012, “uma Olímpia e meia”, superando a casa dos 76 mil pacientes.

Estes são os números que na UPA foram superados em muito. São muito mais que 70 mil pacientes/ano atendidos hoje pela Unidade. Com a ideia da instalação do PS de volta à Santa Casa, será pelo menos um terço deste contingente que passará a ser atendido lá. Desafogando a UPA. Mas será a solução? Este resultado será, de fato, alcançado? E o custo-benefício, compensará?

Há cinco anos atrás, em 2012, último ano em funcionamento, o PS do hospital, para sermos exatos, atendeu 5.850 pacientes por mês, 195 por dia, sendo 80% pelo SUS. Isso deu 70.200 pacientes no ano.

Turistas, por exemplo, foram 550 por mês, ou 18 por dia. Somados, chegaram a 6.600, fazendo superar “uma Olímpia e meia” em 1.800 atendimentos.

Ou seja, aquele hospital vivia uma “situação de guerra” com tantos atendimentos. E é esta mesma situação, salvo os casos endereçados à UPA, que a Santa Casa vai voltar a viver. Mas, para isso, precisa se resolver, primeiro, o problema do PS da Unimed. Daí a preocupação dos senhores edís com o tema, passados quatro anos.

Agora que o hospital virou vidraça novamente, todos naquela Casa, ao que parece, se sentem livres para apedrejar o nosocômio, já que têm, inclusive, a anuência do Chefe do Executivo.

Criticam a forma como a parceria com a Unimed foi feita, ameaçam com uma “devassa”, lembram que a atual diretoria é “obra” do ex-prefeito Geninho (o qual não conseguem esquecer), e que o prefeito de turno precisa ter alguém de sua confiança ali.

Mesmo que isso contrarie o discurso contido no insidioso texto divulgado na semana passada pela assessoria de Cunha (PR). Trecho esse que segue abaixo:

Cabe lembrar que a Santa Casa é de direito privado e de caráter filantrópico, realizando também atendimentos particulares e de convênios de saúde, cuja arrecadação deve ser administrada pela direção do hospital, sendo que a prefeitura não tem conhecimento e nem qualquer gerência nos gastos e na administração da instituição. (Grifos nossos)

O mandatário de turno precisa afinar seu discurso com a Casa de Leis. Pelo menos, que dê seus textos para que eles leiam antes de subirem à Tribuna.

QUEM GANHOU COM O EMBATE SANTA CASA-GOVERNO? PORQUE O CIDADÃO PERDEU

No final das contas, quem ganhou alguma coisa com o embate da semana passada entre prefeitura e Santa Casa de Misericórdia de Olímpia? Se vitoriosos há estes se mantêm sob o manto de suas mais mesquinhas intenções. Agora, é seguro dizer que perdedores houve. E estes são os que pagam a esta gente para que cuidem de seu bem estar, de sua saúde, enfim, de sua vida.

Ao contrário, estes foram bombardeados pela máquina do governo e seus falseamentos da realidade. Uma “queda-de-braço” desnecessária, a revelar o quanto de vaidade cabe num processo político-administrativo. E a vaidade, já dizia Machado de Assis, “é um princípio de corrupção” da alma.

E se considerarmos que vaidade é a qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória, teremos, ipsis literis, o que ocorreu em Olímpia nos últimos dias.

A novidade do sábado foi um comunicado emitido pela assessoria do prefeito Cunha (PR), dando por acabada a cizânia, uma vez que o provedor do hospital, Mário Francisco Montini, voltou atrás em sua decisão e resolveu aceitar os termos impostos pelo Executivo municipal. Diz a íntegra do texto:

“A Prefeitura da Estância Turística de Olímpia, por meio da secretaria de Saúde, informa que a provedoria da Santa Casa de Misericórdia do município encaminhou ofício, no início da tarde deste sábado (11), revogando os efeitos da contranotificação enviada à secretaria municipal de Saúde, na quinta-feira (9), bem como aceitando o valor proposto de R$ 105 mil, a título de subvenção.

Com isso, o atendimento aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) que, desde ontem está sendo realizado pela Santa Casa de Barretos, foi imediatamente normalizado e, portanto, os pacientes voltaram a ser encaminhados para o hospital local. O contrato para o repasse do SUS à instituição, por meio da Prefeitura, deve ser assinado na próxima segunda-feira.”

Tão curto o texto e mesmo assim encerra uma imprecisão, aparentemente de forma proposital. Ao que consta, o atendimento SUS estava sendo feito em Barretos por determinação do próprio governo municipal, com a finalidade pura e simples de por antecipação tirar o atendimento SUS do hospital, assim desobrigando o município a fazer o repasse daquele órgão federal à entidade local.

Haja vista que a Santa Casa só atende em casos de urgência e internação. O primeiro atendimento em urgência, ou nas emergências, quem faz é a UPA. Se estavam mandando os atendimentos SUS para Barretos, então eram os casos de internação.

As urgências, difícil imaginar, porque o governo é crítico deste tipo de atendimento até mesmo pela Unidade de Pronto Atendimento, razão pela qual quer um PS na Santa Casa.

Por que então mandaria estes pacientes para Barretos? Se risco há de morte no trânsito entre UPA e Santa Casa, muito mais entre Olímpia e Barretos. Seria trocar cinco a dez minutos, por 40 a 50. Total incongruência, pois.

Por outro lado, as consequências de se manter este embate pelas partes seriam sentidas fortemente pela população. A começar pelos próprios funcionários da Santa Casa, uns perdendo o emprego, outros ficando sem receber. Outra parte, as famílias, que teriam seus doentes longe de si. E para quê? Sustentar vaidades, como já se disse.

De outra parte, é sabido que Cunha exige a renúncia da atual diretoria da Santa Casa, ou ao menos de seu provedor, numa atitude eivada de interesses políticos. No lugar de Montini, aguardem, será colocado algum apaniguado de turno (o qual poderíamos até nominar aqui, mas vamos aguardar). Sempre foi assim, mas esperava-se que esta prática tivesse fim neste novo governo. Ledo engano.

Seria interessante que a secretária de Saúde informasse ao público agora se os valores a serem repassados são suficientes para manutenção do hospital. Se a Santa casa estava se negando também a interagir com  a UPA e com a própria secretaria buscando melhoras nos atendimentos. E qual é o projeto de futuro que o governo municipal tem para a Santa Casa. Estão devendo isso à população.

No momento, mais importante que tudo é que a paz volta a reinar na cidade, claro que no âmbito público, porque os bastidores vão continuar “fervendo”, mas o prefeito, a nosso ver, continua devendo um pedido de desculpas ao seus eleitores, pelo menos, que foram abalados emocionalmente com a “performance” redatorial-terrorista -inédita por estas plagas, diga-se- de alguma mente obscura incrustada no governo, se não a mando do próprio.

DE NOVO, A SANTA CASA NO ‘OLHO DO FURACÃO’ POLÍTICO?

Não temos procuração para falar em nome da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, nem queremos fazer as vezes de “advogado do diabo”. Mas é o inconformismo que nos leva a elaborar este texto assim, quase no final do dia.

A irritação com a desfaçatez do governo municipal de turno é o segundo motivo. Se não, vejamos o título que deram a texto distribuído pela assessoria do prefeito Cunha (PR) à imprensa na tarde de hoje: “Prefeitura tenta ajudar Santa Casa e provedor recusa repasse com ameaça de suspensão de atendimentos e demissões”.

É muita capciosidade, para dizer o mínimo. Repetimos, nada temos a ver com a diretoria do hospital, nem relações muito próximas, eis que problemas já tivemos de sobra com ela, jornalisticamente falando.

Agora vejam também a má-fé do enunciado do texto:

“Moradores de Olímpia e região poderão ser prejudicados com a suspensão de atendimentos e demissões na Santa Casa de Misericórdia da cidade, nos próximos dias. Isso porque a provedoria do hospital alega falta de recursos, mas tem se negado a receber o valor do repasse mensal da Prefeitura da Estância Turística de Olímpia proposto para renovação do contrato.”

O governo municipal faz terrorismo junto ao cidadão, para justificar sua picuinha política frente à atual diretoria do hospital, talvez mais exatamente contra seu provedor, advogado Mário Francisco Montini.

Se o prefeito e seus asseclas têm diferenças políticas com a diretoria do hospital, que as resolva politicamente, mas no diálogo, de preferência aberto, para que toda a população saiba o que está acontecendo, ou o que pode acontecer com o seu patrimônio. Sim, porque não há como negar que a Santa Casa é patrimônio do povo que dela depende em seus momentos mais difíceis.

Com esta atitude de tentar jogar a população contra a diretoria do hospital, pratica-se o jogo do cinismo, desrespeita-se aqueles que direta ou indiretamente contribuem para que tenhamos serviços médicos condizentes com nossas necessidades.

O que não dá mais é para aturar esta mania que os políticos olimpienses têm, de usar o hospital como ferramenta de campanhas eleitorais, prometerem mundos e fundos, se comprometerem com isso e aquilo, e depois o que se vê é o hospital na mesma situação de sempre, ou seja, de mendigar uma “emendinha” aqui, outra ali, e nada se resolve de uma vez por todas.

Este que vos escreve confessa que alimentou certa esperança de que a coisa, desta vez, fosse diferente. Que, de fato, uma nova realidade fosse palpável. Que revoluções hospitalares estavam por vir. Mas, parece que repuseram na máquina a mesma película. E estamos, sinceramente, cansados de ver esse filme.

É inadmissível, também, por certo, usarem o governo passado como espelho. Olham para o retrovisor o tempo todo, estes governantes. Não devem, em hipótese alguma. Esqueçam de vez o que foi bem ou mal feito na vossa visão. Vocês prometeram ser diferentes, prometeram ao eleitor um “novo mundo possível”.

Cumpram!

E comecem pela Santa Casa. Mas comecem jogando o jogo aberto, claro, transparente. O que está se sucedendo lá? Tragam a público. Por que esta diretoria, ao que parece e aos vossos olhos, não serve? Estão atrapalhando vossos planos, vossos projetos de melhorias e reestruturação do hospital? Contem para todos nós.

Mas, por favor, poupem o cidadão já desesperançado com tantas mazelas vistas e vividas por este país afora, de suas idiossincrasias políticas, está na hora da política olimpiense amadurecer.

Um texto como esse nesta altura dos acontecimentos, quando o alcaide já caminha para o final dos seus 90 primeiros dias -a partir de quarta-feira começa a contagem regressiva dos 15 dias finais – é decepcionante. Esperava-se que viesse com uma proposta de solução para a Santa Casa, um projeto novo, que não o retrocesso do pronto-socorro, para corroborar com o discurso de campanha.

A certa altura, diz o enviesado redator: “O retorno do hospital, que chegou à secretaria de Saúde na tarde de quinta-feira (9), contrapropõe a oferta municipal, pedindo que a subvenção mensal da prefeitura deva ser de R$ 466 mil reais (sic), o que corresponde a cerca de R$ 5,6 milhões ao ano – quase 500% a mais do que foi aprovado pela gestão passada para este ano como subvenção, adicional aos repasses do SUS.”

É claro que não se pode descartar, caso o contexto seja mesmo esse, uma certa provocação da diretoria face ao Governo municipal com tamanhos valores. Mas é preciso ressaltar que não deveria causar espanto ao grupo no poder, sabedores que a situação do hospital, para ser solucionada de vez, necessita disso e muito mais.

Claro está que em sã consciência, nenhum cofre de cidade do porte de Olímpia tem a dispor tantos reais para atender um setor específico. Mas usar isso como arma de embate provoca engulhos. Provoca engulhos também o malabarismo redatorial visando “endeusar” a administração neste aspecto, e “demonizar” o hospital.

E mais: não importam os desdobramentos das próximas horas. O estado de indignação deste blog vai permanecer, até que, de fato, algo mude para o bem. Até que, de fato, se parta para a prática.

Porque, sinceramente, não dá mais para suportar outra atitude n em relação à Santa Casa, que não seja, digamos, um “mutirão” de transformações, modernizações, readequações, enfim, um projeto definitivo, para acabar com essa lenga-lenga, esse chororô de todos os dias e, acima de tudo, tirar o hospital da reta político-eleitoral.

É muito ruim vendo gente se eleger a cada pleito e a Santa Casa ali, sempre do mesmo jeito, sempre sendo a ferramenta certeira para atacar o inimigo, angariar votos com isso e, depois, fazer a mesma coisa. Isso cansa.

Tirante outras aberrações textuais, essa é de doer: “(…) Cabe lembrar que a Santa Casa é de direito privado e de caráter filantrópico, realizando também atendimentos particulares e de convênios de saúde, cuja arrecadação deve ser administrada pela direção do hospital, sendo que a prefeitura não tem conhecimento e nem qualquer gerência nos gastos e na administração da instituição.”

Não sabiam disso durante a campanha? Parece que não.

E essa vai doer mais ainda: “Salientamos que a sustentação do hospital não é de responsabilidade apenas da prefeitura de Olímpia, como é o caso da UPA – Unidade de Pronto Atendimento. A provedoria também tem a função de captar recursos por outras fontes sem causar prejuízos às demais áreas da cidade. Seria um crime de responsabilidade com a gestão do orçamento do município”, ressaltou a secretária de saúde, Lucineia dos Santos.

Crime de responsabilidade, senhores, é lançar mão deste argumento absurdo, uma vez que, sendo a Santa Casa o único hospital de que o povo dispõe, passa a ser, sim, de responsabilidade da municipalidade, sua sustentação. Não quer o modelo de gestão atual, modifica-o, municipalize-o. Porque agora é tarde para sacar do “coldre” a arma da indiferença.

Ao final, queremos lembrar, mais uma vez, que não se está aqui defendendo a diretoria ou suas propostas, ou sua não aceitação, ou que a dinheirama corra solta por lá. Defendemos, e com gáudio, nosso hospital. Por ele que nos batemos. Historicamente, até.

Assim, rogamos: basta!

 

‘DEMISSÃO’ DE ODA NÃO EXISTIU, NEM ELE ERA ‘SÓCIO’ DE ORGANIZADORES

O blog apurou agora pela manhã, que a propalada demissão do chefe de Gabinete do prefeito Cunha (PSDB), Odair José De Nadai, o Oda, não ocorreu, sequer por iniciativa do alcaide, mas tratou-se de um pedido de exoneração feito pelo próprio funcionário, que estava encontrando problemas de agenda para cuidar de sua empresa que está em início de atividades, no Distrito Industrial, e as funções no executivo.

O blog apurou, também, que Oda nada teve a ver  com  a organização dos eventos de responsabilidade do município e, muito menos, com o evento do sábado passado, 4 de março, todos no Recinto do Folclore.

O que foi noticiado ontem aqui, portanto, perde sua eficácia no tocante ao nome de Odair José De Nadai que, de fato, não integra mais o staff da administração Cunha, mas por decisão própria, não por ação do Executivo, conforme conversas mantidas com este blog.

O ex-chefe de Gabinete de Cunha disse que apenas contribuiu como intermediário entre a secretaria de Cultura, Esportes e Lazer e os interessados em trabalhar na região dos festejos, e que no caso do evento particular, apenas direcionava os interessados a quem estava organizando.

“Eu atendia os que não conseguiam agenda com a secretária, procurava dar um encaminhamento às questões, só isso”, disse De Nadai em relação aos eventos do município. “O evento de sábado era particular, e os organizadores tinham seus interesses, e claro que iam cuidar deles. Entenderam que estacionamento fora do recinto seriam prejudiciais aos seus negócios. Mas essas foram questões deles, eu nada tive a ver com isso”.

Quanto ao seu cargo na prefeitura, Odair De Nadai disse que pediu exoneração pessoalmente ao prefeito, por não estar tendo compatibilidade entre a função e suas atividades particulares na empresa que está iniciando atividades no Distrito Industrial. “Estou muito tranquilo quanto a tudo isso”, disse.

Ou seja, foi tudo uma tremenda coincidência. E ao que consta, teve alguns “ruídos” políticos nesta movimentação toda, por causa de interesses políticos envolvidos, já que havia interessados na questão que teriam atuado como cabos eleitorais de vereador nas eleições passadas.

De parte do blog, informamos que durante dois dias mantivemos contatos com a assessoria da prefeitura, em busca da confirmação ou negativa do fato. Não obtivemos nem uma coisa, nem outra. Pedimos, por fim, um número de telefone que pudéssemos falar. Também não nos foi fornecido.

As ilações aqui publicadas, tiveram como base o “imbróglio” todo da sessão da Câmara de segunda-feira, onde o assunto estava “fervendo”, e sobraram acusações. Os bastidores davam como correta esta versão, que agora é desmentida e esclarecida pelo próprio envolvido, o ex-chefe de Gabinete.

CARNAVAL E SHOW TERIAM MESMO CUSTADO A CABEÇA DE ASSESSOR?

No dia 24 de fevereiro passado este blog publicou um texto em que denunciava um detalhe acerca do carnaval que não constou dos registros oficiais em nível de assessoria de imprensa. Ou seja, o quanto o município iria gastar com a locação do palco para os shows carnavalescos e também do aniversário da cidade: R$ 15 mil.

E que o faturamento com a locação do espaço para comercialização de bebidas e alimentos no interior do “sambódromo” do Curupira, seria de R$ 2 mil. Com o detalhe de que a locação do espaço havia sido feita, pelo preço mínimo, a Eduardo Maciel Camioto, por meio da Chamada Pública nº 01/2017.

Dizia a publicação que, este contribuinte, coincidentemente ou não, é o mesmo que havia vencido a Carta Convite 02/2017, para a locação do palco que, inclusive, deveria permanecer naquele local para um show ainda maior, o da cantora sertaneja Marília Mendonça, dias depois dos festejos “amalucados” do carnaval e aniversário da cidade.

Ele teve, então, a liberdade para “mandar e desmandar” no interior do “sambódromo” do Curupira no que diz respeito aos espaços para comércio e ambulantes. Ou seja, seria a ele que os ambulantes teriam que recorrer caso quisessem arriscar se instalar no local. E, por fim, que, dependendo da demanda, poderia vir a ter um bom lucro.

Bom, o problema é o que veio depois, que acabou virando assunto para ser tratado com o próprio alcaide, pelos senhores vereadores, e depois tema de discussões na sessão da Câmara. Os vereadores foram procurados por ambulantes olimpienses que não estavam sendo autorizados a trabalhar nas cercanias e dentro do recinto, nos eventos oficiais, e tampouco no maior deles, o show da cantora neosertaneja.

O prefeito precisou dar garantias verbais aos senhores edis de que daqui para frente, tudo vai ser diferente. Acontece que o vencedor da licitação, conjuntamente com os organizadores do evento maior, não estaria permitindo que olimpienses trabalhassem sequer explorando estacionamentos ao redor do local.

Houve o caso absurdo narrado na Câmara por um vereador, de impedimento de uso de terreno próprio para estacionamento, mas permitido a estranhos faze-lo, na presença do dono da área.

O vereador Niquinha (PTdoB), disse ter sido levado ao prefeito para tratar deste e outros assuntos mas que, com relação a este, especificamente, Cunha (PSDB) teria garantido que “os ambulantes agora serão só de Olímpia”, quando da realização de eventos em logradouros públicos.

Disse mais: que em relação ao Fefol, os barraqueiros “não precisarão mais comprar bebidas do atacadista” que compra o direito de ser o fornecedor no interior do Recinto. O vereador Fernandinho (PSD) também manteve este colóquio com o prefeito, e este lhe teria garantido que a forma de trabalho nestas ocasiões “será mudada”, e que “os ambulantes de Olímpia vão poder trabalhar”.

Tamanho imbróglio iniciado lá atrás, no Carnaval, acabou por custar a cabeça de um médio escalão do governo municipal. O blog desde ontem está tentando confirmação junto à prefeitura mas não obteve resposta até agora.

Mas corre na cidade que, em função de certas questões ligadas ao que foi narrado acima, o chefe de Gabinete de Cunha, Odair José De Nadai, o Oda, teria perdido as funções do cargo esta semana. Chegaram até a ventilar que o secretário de Gabinete, Guto Zanette, teria tido o mesmo destino. Mas neste caso, não correspondia à verdade.

Interessante notar que o prefeito, em reunião de homenagem às mulheres de um dos segmentos da administração, no final da tarde de ontem, teria afirmado, logo de cara, que está “combatendo a corrupção”, assim, no presente do indicativo. As razões, em detalhes, não as expôs. Mas a impressão que dá é a de que estaria se antecipando a algo que pudesse ou possa vir por aí.

CÂMARA, BRAÇO ESTENDIDO DO EXECUTIVO?

E a pedra de toque da sessão que deixou isso bem claro, para bom entendedor, foi o projeto de Lei (5.174) do vereador Flávio Olmos (DEM), que tratava sobre o uso de fogos de artifício silenciosos em eventos públicos do município.

Em suma, a intenção era proibir uso de rojões em inaugurações e festejos sob a responsabilidade da prefeitura e Câmara, como forma de proteger não só os animais deste infortúnio mas, também, crianças e idosos, conforme o vereador.

Olmos “apanhou” no que chega por causa desta propositura. A começar pelo parecer da Comissão de Justiça e Redação (nº 03/2017), dando-o por inconstitucional. A pressão foi enorme para cima do vereador, principalmente do colega José Elias de Moraes, o Zé das Pedras (PR), o mais feroz de todos.

Mas, por que afirmar que a Casa de Leis se comportou como braço estendido do alcaide em um caso tão banal? Porque Olmos, segundo informações que o blog apurou, tinha os seis votos necessários para o seu projeto. Tinha, inclusive, duas outras assinaturas apalavradas que, segundo consta, teriam se dissipado após breves telefonemas.

Os votos prometidos, da mesma forma, teriam se dissipado na correria do final da tarde de ontem. Somente dois vereadores, ao que consta, não votariam no projeto, mas teriam de antemão avisado Olmos. E cada um deu suas razões para tanto. Não cabe citar os nomes aqui.

Um terceiro, este Zé das Pedras, era contra por razões político-eleitorais (e citamos o nome pois ele teria sido o pivô de todo “imbróglio”). Era contra também porque se arvora em vereador defensor dos animais “antes que todo mundo ali”. O projeto em questão teria passado pelas mãos de todos. Sugestões daqui e dali, mudança radical no texto para, ao final, ser rechaçado.

Inicialmente, a intenção era proibir, de uma vez, a soltura de rojões também pelo cidadão, em qualquer evento, até mesmo na comemoração de um título, por exemplo. Nas idas e vindas acabou sendo reduzido ao que foi. E mesmo assim levou “pau”.

No final das discussões, Flávio Olmos decidiu então pela retirada do projeto de Lei. Houve episódios de colega o pressionando com telefone na mão mostrando que, do outro lado, alguém estava pedindo que retirasse para “não piorar” a situação.

Zé das Pedras até reproduziu ao microfone da Tribuna uma gravação de uma mulher não identificada, incitando outras dos grupos de apoio aos animais para que fossem à Câmara para pressionar os vereadores. Ele usou isso como uma “prova” da “conspiração” de Olmos contra a própria Casa de Leis.

Mas, os bastidores disseram que Olmos nada teve a ver com isso, que foi iniciativa da própria mulher. “Antes de querer saber o nome da mulher, que estava no papel dela de cidadã defensora dos animais, o vereador devia, isto sim, explicar quem vazou a conversa para ele, que além de tudo foi antiético ao reproduzi-la”, comentou um espectador atento.

Também chamou a atenção o comportamento do vereador Antonio Delomodarme, o Niquinha (PTdoB), que na sessão anterior havia se posicionado de forma radicalmente contra a ingerência de “forças estranhas” na Câmara, mas na noite de ontem surpreendeu pela candura, pela tranquilidade com que retirou seus dois projetos, depois de ter “falado à tarde” com o prefeito Fernando Cunha, levado ao Gabinete pelo vice-líder do Executivo na Casa, vereador-suplente Tarcísio Aguiar (PRP), que tem se revelado a “ponte para o Executivo”.

Engraçado que outros vereadores justificavam suas posturas também deixando claro que haviam conversado com o prefeito. Sempre com Tarcísio fazendo a “ponte”. E estavam todos felizes.

Resumo da ópera: houve um vereador que garantiu da Tribuna que o prefeito não iria mandar na Câmara, por ser “diferente”. Pois bem, quem o conhece, pergunte a ele o que aconteceu depois. E então, caro leitor, tire suas conclusões.

 

SÃO TEMPOS DE ‘PÓS-VERDADES’: TODO CUIDADO É POUCO

Não chegou até nós estes números, que conforme disse, no release disparado à imprensa não constava contagem de espectadores, mas o semanário Folha da Região trouxe em sua edição de sábado que “Mais de 6 mil pessoas viram desfiles das escolas de samba”, bem como “Cerca de seis mil foliões foram aos bailes de carnaval no recinto”.

Este segundo título, até nem carece de comentários, porque é descarada e vergonhosamente mentiroso (não que seja culpa do jornal, mas também não dá para dizer que foi induzido seu editor a erro, dada a experiência na estrada).

Acertadamente pode se dizer que nem mil pessoas foram aos bailes de carnaval no recinto. E pode-se dizer, também, que nem chamando o reforço do público do show da sexta-feira daria este tanto de gente. Ou até daria. Mas compondo cerca de 90% ou pouco menos que isso do total de público no sambódromo do curupira.

Para comentar a quantidade de gente na Avenida Menina-Moça, nas duas noites de desfiles carnavalescos, reproduzo, antes, o critério técnico oficial usado para medir multidões.

Existe uma certa tendência dos organizadores de determinado evento em “inflar” o número de pessoas que participaram. Em um evento político, o partido que organiza sempre tende a aumentar o número de pessoas. Já o partido contra tende a diminuí-lo. Como chegar em um número satisfatório e próximo do real?

De acordo com engenheiros e estudiosos, o número de pessoas que cabem em 1 m², em um local com grande concentração de pessoas, é de no máximo 7 pessoas com estaturas medianas e com peso de 60 kg. Isso com as pessoas se espremendo umas nas outras. É mais objetivo levar em consideração um número de 3 a 4 pessoas, mas este número ainda pode variar.

Vamos considerar seis pessoas por metro quadrado, para ficarmos nos números divulgados? Um metro quadrado, seis pessoas. Dez metros quadrados, 60 pessoas. Cem metros quadrados, 600 pessoas. Mil metros quadrados, seis mil pessoas. lembrando que esta medida seria a de um campo de futebol, com as pessoas aglomeradas entre si, e ocupando um metro quadrado cada seis delas.

Agora voltemos nossos pensamentos ao local de realização dos desfiles e façamos um cálculo… Vejam a foto acima. Calculou? Fim.

(PS: disse no post anterior que era o balanço final do Carnaval. Mas não poderíamos nos calar diante desta “pós-verdade” somente hoje chegada ao nosso conhecimento)

HOJE SE SABERÁ QUEM ‘MANDA NA CÂMARA’ -VEREADORES OU PREFEITO?

Tudo indica que, como se diz no popular, “a cobra vai fumar” hoje, na Câmara de Vereadores. Na sessão de logo mais à noite, a terceira ordinária desta legislatura, dos cinco projetos pautados para primeira discussão e votação, quatro tiveram parecer contrário da Comissão de Justiça e Redação.

E isso gerou tremenda controvérsia entre os pares na Casa, na sessão de quinta-feira passada, 2 (excepcionalmente, por causa dos festejos carnavalescos, feriados e pontos facultativos). Vamos a eles, depois os desdobramentos:

I – Projeto de Lei nº 5174/2017, avulso nº 06/2017, de autoria do Vereador Flávio Augusto Olmos, que dispõe sobre o uso de fogos de artifício silenciosos em eventos públicos no Município de Olímpia e dá outras providências.
II – Projeto de Lei nº 5178/2017, avulso nº 10/2017, de autoria do Vereador Antônio Delomodarme, que autoriza o Poder Público a dispor sobre a obrigatoriedade na contratação de mão de obra local pelas empresas instaladas no município de Olímpia/SP e dá outras providências.
III – Projeto de Lei nº 5179/2017, avulso nº 11/2017, de autoria do Vereador Flávio Augusto Olmos, que torna obrigatória a identificação dos veículos oficiais, máquinas e equipamentos dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de Olímpia/SP.
IV – Projeto de Lei nº 5180/2017, avulso nº 12/2017, de autoria do Vereador Antônio Delomodarme, que autoriza os Vereadores da Câmara Municipal da Estância Turística de Olímpia/SP a estacionarem seus veículos particulares na vaga destinada a “Veículos Oficiais” defronte aos Órgãos Públicos e dá outras providências.
V – Projeto de Lei nº 5184/2017, avulso nº 17/2017, de autoria do Vereador Antônio Delomodarme, que altera dispositivo da Lei nº 4.076, de 03 de fevereiro de 2016, que institui o Código de Posturas do Município de Olímpia e dá outras providências.

Os Projetos de Leis I, II, III e IV foram os que não tiveram acolhida junto à CJR da Câmara, por serem classificados como inconstitucionais.

“Eu quero os meus projetos tramitando nesta Casa”, pediu o vereador Antonio Delomodarme, o Niquinha (PTdoB), logo na abertura da sessão de quinta-feira. “Disse” é força de expressão. O vereador estava bufando e pedindo aos gritos.

“Não sou vereador para ficar barrado pela Comissão de Justiça e Redação”, complementou, ainda nervoso. “Tentaram me amarrar, e não vai ser assim, não”, ameaçou.

“Estou com medo”. Assim fechou seu protesto o vereador Flávio Olmos (DEM). Disse ter medo desta Câmara ficar igual à passada, considerada por muitos talvez a pior da história. “Eu achava que esta ia a ser a melhor, mas estou com medo”, enfatizou. “Se as coisas continuarem deste jeito, vamos vir aqui então somente para assinar os papeis do prefeito. Não precisa de reuniões, se para fazer projetos é preciso pedir autorização (ao prefeito)”, complementou, também bastante irritado.

“Também podemos vir aqui somente para assinar os papeis, quando o presidente pedir”, completou. “Boa sorte para todos nós”, despediu-se.

Um tanto sinuoso, o vereador José Elias de Morais, o Zé das Pedras (PR), tentou por “panos quentes” na discussão. “A Assessoria Jurídica é paga para dar pareceres”, instigou, ao mesmo tempo que cobrou a presença dos advogados contratados nas sessões. “Eu não conheço os advogados desta Casa, são dois ou três”, observou.

Das Pedras encontrou um momento para elogiar o prefeito Cunha. Ele acredita, contra todas as evidências inicias, que o alcaide “vai deixar história realmente” (sabe-se lá em que sentido), garantindo ainda que ele “não vai mandar na Câmara Municipal” (fazendo referência à gestão passada). Mas, quanto a isso, também, há controvérsias. Haja vista as próprias primeiras sessões.

Mas, se o presidente Gustavo Pimenta (PSDB) tem amealhado críticas e desconfianças quanto à sua performance de vereador e presidente da Mesa Diretora, pelo menos usou de sua prerrogativa para garantir que os projetos em questão irão a votação, conforme já atestado com a reprodução acima, e “só não vão ser votados se a maioria não quiser”.

E é exatamente aí que a “porca torce o rabo”, para sermos popularescos. Porque esta é a hora da Casa mostrar que está coesa e unida enquanto órgão independente, aprovando os projetos e deixando para o prefeito vetar ou não, ou se está submissa às vontades do alcaide. Em outras palavras, é agora que se saberá se Fernando Cunha vai ou não mandar na Câmara.

CARNAVAL? ONDE? O BALANÇO FINAL

Diz-se que o jornalismo é o exercício do caráter. Especialmente no jornalismo opinativo e na linha editorial dos jornais, o caráter é ponto central. Constrói-se o caráter de cada publicação analisando seu apego aos fatos, sua generosidade ou dureza de julgamento, sua capacidade de mediação ou parcialidade gritante. E, principalmente, sua credibilidade, o respeito com que trata a informação. (Luiz Nassif)

A Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer faz um balanço do que foi, na visão oficial, o lamentável carnaval 2017 em Olímpia. Pelo menos não extrapolou na avaliação e deixou nas entrelinhas que a festa não foi aquelas coisas. Observem:

A tradição dos desfiles de escolas de samba é preservada em Olímpia e atrai milhares de olimpienses e turistas à avenida durante o Carnaval. E neste ano, na Avenida Menina Moça, novo ‘sambódromo’ da cidade, não foi diferente. Foram duas noites de apresentações, sem chuva, com muita alegria, segurança e conforto. As agremiações mostraram cores, brilho e samba no pé.

Observem a linha fina entre o que foi e o que poderia ter sido o festejo de Momo na Estância Turística. O texto ainda recorreu a dirigentes de escolas de samba para se afirmar como fato.

Exemplo foi o diretor geral da Unidos da Cohab, Luiz Carlos Roberto, que definiu o Carnaval 2017 como “excelente” e classificou a Avenida Menina-Moça como “o verdadeiro sambódromo de Olímpia”.

Puxa, e por que demoramos tanto para descobrir isso? Foi preciso que Roberto se tornasse um adulto em bairro às portas do novo fenômeno estrutural carnavalesco para que sacássemos o óbvio? Tanto tempo assim?

E não foi só. Roberto disse que “a avenida estava linda, o público compareceu e superou nossas expetativas”. Posso perguntar qual era, então, o nível da expectativa do senhor Roberto? Porque, por mais que tentem nos empurrar goela abaixo, nem a avenida “estava linda”, nem “o público compareceu”. Pode ser que as expectativas do senhor Roberto é que estavam minimizadas. Ou embevecidas.

O tamanho do público estava tão diminuto que, observem, nem a própria secretaria teve coragem de conta-lo. Fala em “milhares”, mas talvez alcançasse um milhar, somando as duas noites de desfiles. Na realidade, foi um fracasso de público, em todos os sentidos.

Mais abaixo, no tocante à escola de Samba “Vem Comigo”, o texto beira ao exagero ao frisar que “os batuqueiros levantaram os foliões nas arquibancadas”. A começar que a maioria deles já estava levantada, uma vez que as arquibancadas eram desconfortáveis e pouco favoráveis à visão geral do local.

Mas sobrou elogios de outra presidente. Sueli Filomena Campos disse que foi “um dos melhores carnavais para a escola”. Não sei baseada em que ela fez tal afirmativa. Já vimos esta mesma escola fazer carnavais bem melhores.

“Levar o Carnaval para a avenida foi uma decisão acertada da Secretaria”, prosseguiu na bajulação. Para ela, o percurso foi bom e facilitou a passagem das escolas. Como aquilo pode ser melhor do que as ruas centrais, por exemplo, onde desfilou ano passado? “Nossa escola aprovou o novo sambódromo”, completou. Então ‘ta.

O texto ainda frisa que a secretária Tina Riscali “cedeu transporte para os componentes da Vem Comigo nas duas noites de desfile”. Ué, antes da Tina era diferente? Eles desciam como? Voando?

Estranhamente, não há nenhuma avaliação de qualquer dirigente da Samba Sem. Ao que parece, a escola, ou bloco, como eles preferem ser chamados, pareceu estar dividida quanto à novidade,  embora houvesse integrante rasgando desbragados elogios à mudança.

Aí, chegamos a um ponto que nos pareceu um tanto quanto ato de provocação, pois inocência não pode ser.

A secretária agradeceu o trabalho de divulgação da assessoria de imprensa da Prefeitura e a presença de três emissoras de televisão de São José do Rio Preto, quais sejam, TV Tem, Record e SBT, que acompanharam o evento e destacaram a tradição dos desfiles no carnaval de Olímpia.

Não vou aqui descer a detalhes sobre tal interesse das emissoras de TV quanto ao carnaval “revolucionário” de Olímpia, para não empanar o “brilho” dos organizadores. Até porque, para bom observador, é possível perceber que a última coisa que fizeram no entorno do carnaval local foi jornalismo.

E vamos cobrar aqui o “esquecimento” dos meios de informação locais, que também estavam lá, embora cobertura jornalística -quando é jornalística- não se deve agradecer jamais. Haja vista que os veículos teriam ido pelo interesse público dos fatos.

Bom, aí chega a vez dos bailes. Dois apenas, afinal o povo precisa estar descansado, porque no caso dos não-municipais, a segunda e a quarta-feira foram, como se diz, “dias de branco”.

“Marchinhas, samba, pop e axé animaram o Carnaval de Olímpia”. Animaram? Não foi o que se viu. A primeira noite, no sábado, gatos pingados decepcionaram até mesmo os músicos e cantores no palco, que tocaram e cantaram “como que pra ninguém”, como diz a canção do bom baiano.

O texto diz candidamente que “na primeira noite da festa de momo (sic), muitas famílias olimpienses e turistas prestigiaram os shows”. Estas “muitas famílias”, dizem, eram garotos despretensiosos e sem muita opção pois, menores em sua maioria, não puderam arredar pé da cidade. Diz o texto ainda que “por conta da chuva, os foliões se concentraram na arquibancada coberta do Recinto e também nas barracas”.

Que belo baile carnavalesco esse que foliões ficam a mais de 200 metros dos tocadores?

Bom, aí na segunda banda, presume-se, o povo desceu, porque o “misto de rock e axé incendiou o Recinto e levantou os foliões na arquibancada”. Repararam? O rock e o axé teriam feito isso. Carnaval? Onde?

Daí a reportagem encontrou um turista. Jurandir Silveira de Jesus, 52 anos, que mora na Praia Grande. Estava em Olímpia pela segunda vez, passou o dia no Thermas com a família –esposa, dois filhos, mãe e sogra– e à noite foi ao Recinto brincar o Carnaval. O texto não especifica em que contexto ele “brincou”.

“Esse lugar é lindo. Enorme. Uma bela estrutura. Estamos adorando. É um Carnaval bonito e tranquilo para trazer a família”, disse o turista. Claro que era. Não tinha aglomeração como na praia onde mora. Ou, mais exatamente, estava vazio.

De Olímpia, Silmara de Jesus dos Santos, moradora na Cohab III, levou os netos para curtir a folia e gostou do que viu. “As bandas arrasaram. Gostei muito dos shows. Temos de valorizar nossos talentos”, disse. Perceberam que ela gostou muito “dos shows”? Carnaval? Oi?

Aí a secretária Maria Justina Boitar Riscali, a Tina, psicanalisou: “Toda mudança gera curiosidade, gera crítica, expectativa. O que nos motivou a realizarmos o Carnaval no Recinto foram três fatores principais: conforto, custo-benefício e segurança. E, acredito, sim, que isso foi cumprido”.

Bom, no tocante a conforto, há controvérsias sobre se aquelas arquibancadas deram conta deste quesito. Parece que não, pois viu-se muitos espectadores abandonando-as à passagem das escolas. Custo, outra dúvida, porque muito da “estrutura” (leia-se arquibancadas e coberturas em geral) não seria necessário se a festa tivesse sido na praça. E benefício, para quem?

No mais, seguem-se esforços hercúleos para passar ao público que a festa foi o que efetivamente não foi. Elogios fartos na Câmara de Vereadores, dizem, mas seriam atitudes bajuladoras; elogios de diretores de escolas, dizem, mas seriam manifestações de subserviência carnavalesca.

Faltou a secretária dar um xeque-mate em quem desacreditou da mudança: ouvir os presentes, tirar dali um percentual de “aprovo” e “não aprovo”, “deve continuar aqui”, “não deve continuar aqui”. Enfim, faltou a secretária ouvir a parte mais interessada e para a qual tudo foi feito: o povo.

VAMOS FALAR DE OLÍMPIA EM SEUS 114 ANOS?

Olímpia não comemorava a data de seu aniversário de fundação. Até pelo menos os seus 98 anos. No ano em que completaria 99, comemorou-se pela primeira vez a data de 2 de março como feriado. A festa oficial da cidade era apenas o 24 de junho.

Havia dúvidas se era o 2 de março ou outra data próxima a da fundação. E essa dúvida, que tirou o sono de estudiosos por muitos anos, entre eles os professores Rotschild Mathias Netto e José Sant’anna, só foi sanada mais recentemente, quando se oficializou o 2 de março. Ainda assim, só 24 de junho era o feriado municipal. Até que em 2002 a data foi adotada.

E, desde então, jamais se deixou de dar o feriado nesse dia, e os prefeitos de turno sempre se preocuparam em ter algo para entregar à população, sejam obras grandes ou pequenas, ou mesmo simples reformas ou readequações de espaços públicos.

É claro que não se pode cobrar no novo governo municipal tal façanha, já que está chegando agora. Mas fazer um Ato Cívico na praça da Matriz em plena manhã de uma quinta-feira de expediente normal no comércio e nas repartições públicas, a fim de “lembrar” a data do “natalício” olimpiense, chega a ser um contrassenso, dentre os muitos já protagonizados por esta administração.

O mais recente, exatamente a antecipação do feriado, com festa de comemoração dois dias depois.

Mas, deixando isso de lado, o que se pretende aqui é lançar luz sobre a data, que para muitos, senão para a maioria dos olimpienses, trata-se de nada, apenas mais um ano de existência para somar-se aos demais. Mas, 114 anos não é pouca coisa.

Principalmente se considerarmos que Olímpia, ao longo deste período, foi vítima de políticas predatórias, malversações, distorções, idiossincrasias mil, e outras tantas situações negativas e, no entanto, como se diz, “está viva”. Ao que parece, também, caminhando para o pleno desenvolvimento, embora os solavancos, os muxochos e a má vontade de tantos quantos.

A cidade agora experimenta seu terceiro viés econômico: o turismo de lazer, já que o cultural não deu certo, pois estamos no Brasil e, em particular, Olímpia, onde a vaidade, por incrível que pareça, é indissociável da alma olimpiense.

Olímpia, que já viveu o apogeu da agricultura, quando despontava como importante polo produtor de café, seu primeiro “tesouro”. Depois, perdido este filão, a laranja voltou a tornar a cidade uma das mais importantes do interior do Estado, e talvez a primeira da chamada “califórnia brasileira”, com sua produção de milhões de caixas, que culminou até na implantação de uma grande fábrica de suco, a Citrovale.

Mas, como dissemos acima, as vaidades por aqui não são poucas. E neste âmbito cítrico é preciso ressaltar o individualismo dos produtores, cuja falta de união contribuiu em muito, para que a cultura soçobrasse.

Agora já se houve aqui e ali que a laranja tem crescido em área e produção na cidade. Tomara que sim. Mas, de qualquer forma, jamais seremos o que fomos um dia, neste particular.

Passada a euforia da laranja, a cana passou a ser a nossa “bola da vez”. As arranquias foram frenéticas para dar espaço ao novo “tesouro” agrícola. De início, os próprios donos de terras plantando e comercializando com a nossa usina.

Depois, por mais cômodo e garantido financeiramente, arrendando as terras que antes eram da laranja, para o plantio da cana. Situação que ainda perdura. A ver no futuro não muito distante o que resultará disso.

E agora a cidade vive um “boom” turístico que jamais passou pela mente de quem quer que seja, que assim seria. Há controvérsias sobre se Olímpia já usufrui plenamente desde novo momento, ainda por se concretizar. A ninguém é dado o dom de profetizar o que nos espera daqui 10 anos. E daqui novos 114 anos?

E hoje, se formos eleger um ícone para a cidade, qual seria? Uma foto que descrevesse Olímpia, qual seria? Não vale o lugar-comum Thermas dos Laranjais.

Na verdade é forçoso ressaltar que, se não tomarmos cuidado, muito em breve não teremos história. Não teremos imagem, não teremos um ícone a mostrar que nossa terra foi berço de bravos homens e obreiras mulheres. É preciso vislumbrar o futuro, mas jamais podemos negligenciar o passado.

Um passado preservado diz muito sobre uma cidade e seu povo. A pretexto do moderno não se pode desprezar o que é antigo, pois ali está a história, ali está a vida, incrustada nos velhos casarões, nas antigas estradinhas, nos prédios públicos ou privados, nas memórias dos poucos remanescentes dos primórdios da cidade.

Porém, basta um pequeno passeio pela urbe para presenciarmos que nossa história está morrendo. O abandono e o descaso por sua memorabilia, faz de Olímpia um raro caso de município onde seu povo só valoriza o que é presente, o que é agora e o que pode vir depois.

Nunca o que fomos, de onde viemos, como viemos e o que temos enquanto tesouro indissociável de nossa formação de cidadãos.

Ou amamos nossa terra agora, e isso compreende tratarmos com zelo maior de nossa coisas tantas, aquelas que contam nossa história, ou nossos filhos, netos, bisnetos, enfim, as gerações futuras não terão o que contar. A não ser que nossas atrações aquáticas trouxeram para cá os Habib’s e Macdonald’s da vida.

Então, antes que nossos ícones maiores passem a ser um turco com um balde na cabeça ou um enorme ‘M’ em amarelo e vermelho, ou um palhaço sorridente, resgatemos o nosso, original, infelizmente por ser ainda descoberto.

PS: Sabiam que o 7 de abril já foi feriado municipal em Olímpia? Só que não se sabe até quando foi respeitado. A Lei nº 20, de 31 de março de 1948, foi revogada pela Lei 3.383/2014. Mas não há registros de que, até 2014, folgássemos no 7 de Abril. A data comemorava o aniversário da instalação do município.

 

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