O prefeito Fernando Cunha (PR) esteve de novo na TV, na semana passada (agora a TVTem-Rio Preto), quando foi entrevistado para falar dos problemas existentes e das soluções pensadas. Não nos iludamos. Foi mais do mesmo. Destrinchou a “cartilha” eleitoral e não disse qualquer novidade. Seu rol de pretensões é deveras conhecido de todos. E ele ficou por aí.

O que de diferente disse, mas não é novidade, foi sobre as três pontes que pretende construir ao longo da Aurora Forti Neves, que logicamente teria que ser prolongada, visando desafogá-la em seu trecho central. Projeto de oito anos do ex-prefeito Geninho. Teremos mais oito?

Sobre a Saúde, aquela ladainha do Pronto Socorro na Santa Casa. Já tratamos aqui deste assunto, portanto o nobre leitor já sabe da posição deste blog quanto a esta “solução”. O que se pode destacar de bom na fala sobre a Saúde é que não houve “desmonte” no setor de Vigilância Epidemiológica, a exemplo de tantos outros setores do Governo.

“Vamos aperfeiçoar o que não está ruim e resolver e melhorar o que não está bom” na área da Saúde, observou Cunha. Oxalá falasse assim sobre todos os outros setores da administração, onde técnicos especialistas estão sendo trocados por acordos políticos.

Sobre a UPA, disse que está “sobre­car­regada”. E que pretende melhorar os atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde, para melhor resolutivi­dade. Para tanto, só é necessária uma coisa: monitorar médicos, fazê-los cumprir suas horas cheias. Ainda está por vir um administrador que consiga tal feito. E há quem aposte que o gestor Fábio Martinez também não o conseguirá.

E médicos com pouca vontade de trabalhar para o Setor Público é o maior problema no setor público. Se vai haver mudanças radicais, que se comece por aí. Um PS na Santa Casa é só um paliativo, e talvez um mal paliativo, se não for erradicada de vez a insubordinação dos homens de branco.

“Na UPA estamos fazendo um diagnóstico administrativo para reordenar, pois entendemos que o problema é mais administrativo. Vamos fazer o que for necessário para que a população que precise ir lá seja melhor atendida, mais acolhida”, diz Cunha. Sim, o problema é administrativo. Mais especificamente, de administrar o tempo e as ações dos médicos.

O prefeito quer instalar um sistema de videomonitoramento nas principais áreas da cidade. Quais sejam, nas praças públicas, entradas e saídas, rodoviária e onde mais? E um sistema como esse previne o quê? Em certos casos apenas facilita a identificação do malfeitor. Mas sempre depois que o mal foi feito.

Se for um homicídio, como reparar? O próprio alcaide saca a ironia: “Vamos ter um Big Brother em Olím­pia”. Talvez sirva só pra isso mesmo. Bisbilhotar cidadãos de bem.

Curiosamente, Cunha começa a desenhar uma cantilena que espera-se não se avolume, que é a da falta de recursos para investimentos. Diz que o município só dispõe de R$ 10 milhões para tanto, e que precisa economizar para juntar outros R$ 10 milhões e assim, com R$ 20 milhões, fazer os investimentos necessários.

Quem passou oito anos de governo fazendo este discurso foi o ex-prefeito Carneiro (2001-2004/2005-2008). E assim foi fazendo uma pracinha aqui, outra ali, um  emissário aqui, outro ali, numa semi-paralisia irritante, que “travou” a cidade por quase uma década. Veremos este filme de novo, ou o prefeito fará despertar em si o arrojo necessário para conseguir os feitos prometidos em campanha?

A fixação de Cunha em relação às praças centrais não condiz com suas decisões, uma vez que, ao mesmo tempo que fala em revitalizá-las para trazer os turistas para “dentro da cidade”, decide que a festa popular do Carnaval saia delas. E pode ter o mesmo destino, seguindo esta lógica, também o Festival Internacional de Folclore?

“O turismo tem que ser incorporado para dentro da cidade e isso a gente vai fazer nos próximos quatro anos”, disse o prefeito, que pretende dotar as praças de centro de artesanato, centro de alimentação típica da região, a­presen­tações de grupos per­ma­nen­tes (folclóricos?), etc.

E quer calçadões no centro e u­ma concha acústica, com apresentações permanentes de grupos musicais e de danças. Será que a vizinhança vai autorizar?

E a novela “Vicinal Natal Breda”, claro, teve mais um de seus capítulos. E uma solução, segundo Cunha, seria os turistas em Matão pegar a Faria Lima até Bebedouro e depois vir para Olímpia pe­la Armando de Salles Oliveira, a SP-322. Impressão nossa, ou a culpa é do motorista?

“A Natal Breda foi feita co­mo uma vicinal há trinta anos e não suporta o trânsito atual, principalmente de caminhões pesados que a utilizam para fugir do pedágio da Washington Lu­iz”, lembrou. E quer estadualizá-la. Roteiro de oito anos de Carneiro, mesmo tempo de Geninho. Teremos agora um final feliz?