Um dos episódios mais vergonhosos da Casa de Leis nos últimos anos, todos sabem, foi a compra de um inútil painel eletrônico no apagar das luzes da gestão do então presidente Francisco Roque Ruiz, o Chico Ruiz, então vereador do PSB, em 2008, hoje afastado da política.

Mas, vergonha também o é pelo menos três presidentes passarem por aquela Casa e não darem uma solução para o problema. Lá se vão seis anos, desde dezembro de 2008, e até agora sequer uma piscadela de suas luzes se viu.

No início da atual gestão da Mesa Diretora, tudo indicava que o presidente Beto Puttini (PTB) iria colocar em atividade o tal painel eletrônico até hoje inutilmente afixado na parede dos fundos do Plenário, próximo à Mesa Diretora. Aliás, não se sabe exatamente a razão pela qual isso não aconteceu.

Porque os trâmites para tanto foram realizados. O presidente colocou em pauta numa de suas primeiras sessões o Projeto de Resolução 233, alterando o artigo 259 e seus incisos, do Regimento Interno da Câmara-RI, o qual passaria a contar com o inciso III, que permite a votação por meio eletrônico (Porém, até agora o RI não foi atualizado, nem eletronicamente, nem impresso).

Fato bastante curioso, o Projeto de Resolução é de autoria do vereador Marcelo da Branca, assinado por Puttini, por Becerra Jr. (hoje vereador cassado), pelo Pastor Leonardo (SD), então 1º, e 2º secretários da Mesa, respectivamente, e por Da Branca (PSL). Marco Coca (PDT), vice-presidente, não assinou.

O vereador Leandro Marcelo dos Santos, o Marcelo da Branca (PSL) justificou depois, após a sessão ordinária da Câmara, o pedido de funcionamento do painel eletrônico. O projeto de Resolução foi aprovado por oito votos a um. Disse o vereador que sua motivação foi a de “valorizar o dinheiro que foi gasto”. O painel, comprado no apagar das luzes de 2008, custou R$ 120,8 mil.

“Este painel já deu muita conversa anos atrás, mas está aí, parado. Em conversa com a Mesa Diretora, decidimos que deveria funcionar”, disse. “O objetivo é valorizar o dinheiro que foi gasto, que o povo pagou e (o painel) está parado aí”, complementou.

“Estamos aqui para mostrar trabalho, então pus minha ideia, a Mesa aceitou, e vamos ativar. Isso vem valorizar a Câmara Municipal, independentemente do que o povo ache”, destacou.  “Já está pago, já está aí, e tem que valorizar o painel”, enfatizou.

O painel “deve entrar em funcionamento assim que o Jurídico der seu parecer. Então a empresa será chamada para dar curso a funcionários e vereadores, para ele poder funcionar. É um projeto interessante, só falta fazer um curso. Dentro de 30 a 40 dias começa a funcionar”, insistiu Da Branca. Isso foi no início do ano passado. Portanto, como se vê, promessas vãs.

DENÚNCIA DE IRREGULARIDADE
Por causa de sua inutilidade e, digamos, desnecessidade, o painel de mais de R$ 120 mil fez com que o então presidente Chico Ruiz fosse denunciado pelos vereadores Hilário Ruiz (PT), Gustavo Zanette (PSB), hoje afastado e ocupando a Pasta de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, e pelos então vereadores João Batista Dias Magalhães (PMDB) e Priscila Foresti, a Guegué (PRB), em março de 2009, quando a aquisição virou um caso de justiça.

O Ministério Público, por meio do promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior (hoje já não mais em Olímpia), ajuizou ação civil contra Ruiz, apontando irregularidades na compra do equipamento e pedindo que Ruiz fosse condenado a devolver o valor gasto.

O presidente Beto Puttini, que deixa o cargo em dezembro, disse ao assumir, em 2013, que não via qualquer problema no uso, e que o painel já não estava mais sendo objeto de ação judicial. “Isso já foi resolvido, não há mais nada na Justiça. Por isso vamos usar”, disse.

Puttini chegou a contratar uma empresa para ministrar um curso aos senhores vereadores, como queria da Branca e conforme ele mesmo confirmou depois. Porém, passados dois anos, e assim completando seis anos da compra do trambolho, ninguém deu solução ao painel.

Aguardemos a próxima gestão.

Até.