Olímpia acaba de vivenciar o chamado “fogo amigo”, que é quando parceiros político-partidários se atacam. Claro, “fogo amigo” se José Fernando Rizzatti (PSDB), ex-prefeito de Olímpia (1989-1992/1997-2000) ainda puder ser considerado amigo do prefeito Geninho (DEM), depois de ter sido defenestrado da Secretaria Municipal de Agricultura, cargo que assumiu por compromisso de campanha.

E, considerando o fato de que Rizzatti é prócer do partido do vice-prefeito, Gustavo Pimenta, seria sim, “fogo amigo”, mas queimando nos arredores do vice. Esse bate-boca entre o ex e o atual prefeito coloca em saia justa Pimenta, já que leva a mil ilações. Até mesmo a de que o grupo do vice estaria, eventualmente, batendo de frente com o alcaide.

Na verdade, Rizzatti teria agido em legítima defesa, já que foi indiretamente criticado pelo prefeito em recente reunião com sem tetos no Gabinete. Mas ele não foi o único. Seus antecessores também o foram, e pelo mesmo motivo: a alegada pouca disposição para implantar moradias populares no município. Mas Rizzatti melindrou-se mais. E foi à Difusora AM responder à provocação.

Não ficou, porém, só na resposta. Partiu para a crítica, taxando a atual administração de medíocre nos quesitos Saúde e atenção ao turismo. No meio tucano a atitude do ex-prefeito causou desconforto, já que as principais figuras do tucanato local estão encasteladas no poder. E das principais figuras, somente ele foi defenestrado, numa situação até hoje mal explicada. Ou seria numa situação auto-explicável?

Hoje quem comanda a Pasta agrícola é o vereador licenciado Dirceu Bertoco, cujo partido, o PR, havia colocado dois candidatos a vereador na primeira linha da suplência à Câmara, onde hoje estão, substituindo ao próprio Bertoco e a Gustavo Zanette (PSB), secretário de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer. Dizem nos bastidores que o secretário atual e o ex não se comunicam há tempos.

Nesta cruzada empreendida de defesa do próprio nome e da sua administração, Rizzatti atira uma pedra para o ar ao insinuar má-gestão dos recursos públicos, ao comparar o orçamento de R$ 30 milhões que tinha em seu tempo com o R$ 180 milhões do Orçamento que Geninho tem hoje, 14 anos depois. “É uma diferença muito grande”, diz ele, no entanto parando por aí.

Depois, o ex-prefeito, de certa forma, condena o “boom” turístico da cidade, no aspecto imobiliário, já que, para ele, “as invasões de sem tetos são geradas pela especulação imobiliária gerada pelo desenvolvimento do turismo”. Os mais pobres, moradores nas imediações do Thermas dos Laranjais, estão tendo seus imóveis “mais valorizados e mais procurados por grandes investidores”, analisou.

E os assentamentos de sem tetos que foram registrados nos últimos anos “são gerados pela especulação imobiliária, no caso de Olímpia, gerada pelo desenvolvimento do segmento turístico. A Prefeitura tem que estar atenda para isso”, cobrou.

A especulação está tomando conta na cidade, é o que ele dá a entender. E ela estaria sendo praticada por grandes investidores do setor imobiliário. “O Social e a prefeitura vão ter que medir muito bem essa questão”, observou.

De sua parte, diz que deu início ao processo de desfavelamento do então chamado Pedregal (nome dado pelo próprio povo, por causa de uma novela de TV exibida na ocasião – anos 70). Diz que inicialmente realizou as obras de infraestrutura, comprou terrenos, somando 17 mil metros quadrados, para desalojar 450 barracos. No entanto, este trabalho de urbanização ali atravessou praticamente três gestões – duas de Rizzatti, uma de José Carlos Moreira (1993-1996).

Ainda na gestão Carneiro (2001-2004/2005-2008) se fez alguma coisa ali. E o local ainda está longe de ser o mais adequado, o mais confortável.

“Não estou aqui para criar polêmica, não estou aqui para criar uma discussão. Eu não venho a uma emissora de rádio há muito tempo, mas às vezes a gente se sente humilhado. Então, a verdade é que no meu governo nós fizemos quase duas mil casas. Essa é a questão. Naquela época eu tinha uma dificuldade muito grande porque a caixa (CEF) não tinha esses programas”, afirmou à emissora.

Relacionou como suas as obras de implantação da Cohab III (Conjunto Helio Casarini) e a Cohab IV (Conjunto Alfredo Zucca). “A Cohab III começou com o (ex-prefeito) Wilson (Zangirolami-1983-1988), que comprou o terreno, mas o grosso ficou para minha administração”, lembrou. Casas nos distritos, conjunto Esperandio Christófolo (CDHU II), Tropical II, Campo Belo e Alvorada? Foi Rizzatti quem fez, segundo diz, mas alguns concluídos por José Carlos Moreira. “Então, a participação do meu governo foi muito importante”, arrematou.

Resta saber como isso será digerido, ao longo dos dias, pela cúpula tucana, e se não azedará de vez a relação do partido com o DEM. Como se sabe, foram os tucanos que viabilizaram a candidatura, a eleição e a reeleição de Geninho para o cargo.

Não fosse o aval do partido no primeiro momento a Geninho, talvez ele nem tivesse se aventurado a disputar a cadeira da Nove de Julho. E Rizzatti foi ao palanque, falou, bradou contra os adversários. E o homem se fez prefeito.

Queremos crer agora que, ou Rizzatti expõe seu arrependimento tardio ou recolha-se, se arrependido do apoio emprestado não estiver. Ficar remoendo dorezinhas, se melindrando com coisas passadas não é aceitável em quem se posta ainda como líder de uma facção política local.

Até.