O jornal Planeta News publicou em sua edição mais recente, de sexta-feira passada, interessante matéria onde questiona o secretário de Gabinete do prefeito Geninho (DEM), Paulo Marcondes, sobre a nova diretriz imposta aos secretários municipais, diretores e responsáveis pelos departamentos e demais setores da Administração Municipal, que ficam proibidos de concederem entrevistas à imprensa, sem antes passarem as questões pelo “crivo” de sua Secretaria, à qual está subordinada a Assessoria de Imprensa.

Embora essa decisão tenha forte odor de censura prévia, a grosso modo, Marcondes diz se tratar de uma adequação, negando censura: “O trabalho é de suporte e profissionalização do setor”, diz.

Se por um lado este decisão, de certa forma atravanca o trabalho de uma certa parcela da mídia local, conforme diz o texto, por outro lado até melhoram – se é que irá melhorar – a relação da mídia com o poder público, num único aspecto: toda e qualquer informação, contato, “fofoca”, “rumor”, comentários de bastidores, “vieses de desconfianças” ou mesmo denúncias, poderão se checadas de imediato junto à fonte geradora deles, o Poder Público, quando dele se tratar.

Isso quando este mesmo Poder Público se dispuser a responder com verdades ou com intuito de derrubar mentiras ou invencionices. Sendo assim, neste aspecto o Gabinete criou uma amarra da qual não poderá se soltar a bel-prazer. Terá que sempre prestar contas à imprensa, ainda que por meias verdades, que no amplo sentido filosófico implicará em meias mentiras.

Se o intuito verdadeiro é de fazer um “trabalho de suporte e profissionalização do setor”, nunca jamais o setor poderá se furtar a esclarecimentos ou notas oficiais sobre o que quer que seja relacionado ao Governo. E neste âmbito, se for para ser plural, que venha!

Reproduzo abaixo, na íntegra, o material publicado na edição de sexta-feira, 30, do semanário Planeta News:

“Gabinete impõe censura prévia a secretários

Marcondes diz se tratar de uma adequação e nega censura: ‘O trabalho é de suorte e profissionalização do setor’, diz

Os 14 secretários municipais de Olímpia estão proibidos de conceder entrevista à imprensa sem antes passarem os assuntos pelo “filtro” do Gabinete do Executivo Municipal, ao qual está subordinado o Setor de Imprensa. Mais exatamente, o veículo de informação que quiser entrevistar um secretário tem que antes encaminhar e-mail ao Gabinete, constando o tema ou assuntos a serem abordados, para que os jornalistas lotados no setor possam agendar dia e horário do encontro.

Embora o secretário de Gabinete, Paulo Marcondes, alegue que esta mudança foi implantada para que as informações possam ser passadas “de forma profissional e organizada”, é certo que ela trouxe dificuldades enormes para os veículos de informação, principalmente emissoras de rádio, que necessitam de contatos imediatos com os setores do Executivo Municipal, em busca de respostas para as muitas reclamações que recebe.

Não fosse este e outros inconvenientes, há também há questão de sempre parecer censura prévia aos secretários ou responsáveis por departamentos ou setores estratégicos da Municipalidade. Sendo assim, a redação do Planeta News encaminhou questionário a Paulo Marcondes, com sete questões, a fim de que pudesse esclarecer a situação. Seguem, abaixo, as perguntas da redação e as respostas de Marcondes.

Planeta News: Por qual razão os secretários e chefes ou diretores, encarregados não podem mais falar diretamente com a imprensa sobre questões ligadas às suas responsabilidades?

Paulo Marcondes: Pelo simples fato de hoje a Imprensa Oficial estar melhor estruturada e pronta para apoiar e executar sua função junto com os mesmos.

PN: Trata-se da tentativa de unificação do discurso, ou é para evitar que alguém fale o que não deve ou não agrade o Governo?

PM: Para podermos passar as noticias de forma profissional e organizada. Com relação às falas de cada um, a interpretação do que deve ou não, depende muito do veículo de comunicação e seus interesses, que todos têm.

PN: Não preocupa o fato de isso parecer à opinião pública censura prévia?

PM: Como disse, isso é interpretação de cada um. Para nós, do Governo como um todo, o trabalho é de suporte e profissionalização do setor.

PN: O objetivo seria o de “travar” a imprensa, digamos, não alinhada, uma vez que para os veículos oficiais e neo-oficiais as informações chegam aos montes, e a toda hora?

PM: Essa questão também é de sua interpretação, pois aqui estamos à disposição de todos os meios de comunicação, desde que chegue a consulta de maneira correta e a tempo de resposta.

PN: Ao senhor, como editor do jornal oficial “Tribuna Regional”, não lhe parece pouco confortável ditar regras e normas para os demais veículos, enquanto o jornal que dirige está, por força das circunstâncias, dentro da “fábrica de notícias” governamental?

PM: Chamo-lhe a atenção para sua colocação. Não sou editor de jornal nenhum, e peço para que seja mais profissional e tente trabalhar com a razão e não com a emoção, o que normalmente tira seu crédito de bom jornalista que é (o questionário foi assinado pelo repórter deste semanário, por questões de agilidade, mas está oficialmente em nome da editoria).

PN: Também não lhe parece que acaba de ser dotado de superpoderes, num momento em que, circula nos bastidores, havia uma espécie de campanha pela sua queda?

PM: O que você chama de superpoderes, digo que é apenas as funções determinadas pelo decreto que rege esta Secretaria, e essa questão da minha saída, o único veiculo de comunicação que divulgou erroneamente foi este, e também não lembro de ter sido procurado por vocês para me perguntarem sobre a questão. Quando precisarem, estou a disposição.

PN: Que explicação o senhor dá para as informações de que sua saída do Governo era iminente em 2014?

PM: Posso até sair, por conta de propostas de trabalho que tenho em São Paulo, mas não tenho nada definido e continuo exercendo minhas funções, o resto é tudo especulação. Na oitava questão, deixada em aberto para que Marcondes acrescentasse os comentários e informações que julgasse necessários, ele disse:

PM: Acrescento apenas que lidamos com todas as mídias, rádios, jornais, blogs e televisão, e principalmente nos casos das TVs sempre foi feito da maneira que hoje será aplicado a todos os meios. Repito que estamos à disposição para quaisquer informações dentro de um prazo que seja possível ela ser retornada de maneira correta e oficial. ”

Até.