O que mais se pergunta pelas quebradas desta cidade de meu Deus, nos últimos meses, é quanto à real situação financeira do município. E o que terá acontecido para que, de uma hora para outra, tudo tenha paralisado, aquela euforia realizadora do Executivo Municipal se esvaído e as coisas, como um todo, minguado.

Fazendo ilações mil, muitos questionam se a “Operação Fratelli”, desencadeada pela Polícia Federal, Gaeco e Ministério Público Federal para desbaratar um esquema de fraudes em asfalto tem alguma coisa a ver com isso. Já se perguntou aqui mesmo neste blog se tal operação havia “quebrado” Olímpia. E ninguém soube a resposta.

Há ainda aqueles que concluem, diante desta situação, que o prefeito Geninho (DEM) deve ter “carneirado” administrativamente falando. A explicação vem no sentido de que o ex-prefeito que ocupou a cadeira principal do Palácio 9 de Julho a partir de 2001 e até 2008 apenas realizava obras conforme o próprio Orçamento do município o permitia, ou seja, com “restos” em torno de 10% a no máximo 15% da arrecadação própria e de repasses estadual e da União.

Por isso apenas se via obras de médio e pequeno portes, aquelas cujos orçamentos eram possíveis serem bancados com o dinheiro arrecadado diretamente ou recebido dos entes estadual e federal (Índice de Participação dos Municípios-Dipam e Fundo de Participação dos Municípios-FPM, respectivamente), que são recursos “livres”, para uso a bel prazer do mandatário, mas geralmente usados para despesas obrigatórias, como folha de pagamento, por exemplo.

Então, pagava-se a Folha, luz, telefone, despesas gerais como combustíveis, consertos, prestação de serviços diversos e aí, talvez, sobrasse um certo tanto. E este tanto é que se usava, então, para as obras naquela gestão, que todos sabem muito bem o enredo.

Mas, com a chegada do atual alcaide à prefeitura, em 2009, os ventos mudaram, passaram a soprar mais fortes, um “barulhinho bom” tomou conta da cidade, que vivia de receber mais e mais verbas para isso e para aquilo, mas, mais ainda, para asfalto, festas, portais e quetais. Um novo tempo? Pelo menos na propaganda oficial sim. Porque o barulho que se fazia andava sempre mais rápido que a realizações efetivamente concretizadas.

Tudo ia tão bem que o alcaide se reelegeu com mais de 70% dos votos dos cidadãos, embevecidos com a velocidade das coisas. Mais ainda, com a facilidade com que se conseguia recursos para obras médias e pequenas. Daí que se comparava, sempre, a atual administração com a de Carneiro, mas de forma pejorativa – “O Carneiro não conseguia isso, nem aquilo, não recebia verba etc., etc.,e tal” -, esquecendo-se, os críticos, que o “modus operandi” administrativo de então era outro.

Era, talvez, aquele que agora Geninho adota: o de só investir em obras quando houver condições de caixa. E talvez, também, esteja o burgomestre demista, experimentando do mesmo remédio amargo de ter que fazer e não ter como. E deixa a dever. E decepciona seus mais ferrenhos admiradores. Como se diz, Geninho deve ter caído na real, agora que o mundo da fantasia “fratelista” se desmancha no ar.

Talvez uma coisa não tenha nada a ver com outra. Mas o fato é que a cena político-administrativa local mudou, e radicalmente, após o episódio. E isso ninguém pode negar. Como também não podemos aqui cometer a leviandade de jogar o alcaide neste poço, no sentido de agente ativo. Pois, como ele mesmo disse, se “acertam” por fora, o que se poderia fazer?

Mas tamanha profusão de recursos, tamanhas facilidades em tê-los liberados chamava a atenção de uns poucos e não seria de se duvidar que era do conhecimento de tantos outros qual o caminho que eles percorriam e quais dutos abasteciam, e como. Reza a lenda que Carneiro botava para correr quem minimamente sugeria algo de teor duvidoso no tocante a verbas, daí suas dificuldades de caixa para obras.

Geninho – e isso não quer dizer, em princípio, que tenha as mãos sujas com a “Fratelli” -, já é possuidor de uma ética política, digamos, um tanto mais “solta”, mais “frouxa”, menos “fundamentalista”. Bem do tipo “viva e deixe viver”, quer dizer, se o caminho é esse, tanto se me dá se me possibilita realizar algo aqui e acolá.

E isso tanto parece ser verdade que, agora, no ritmo em que se vê a administração municipal, há uma espécie de “carneirismo” rondando o Palácio. Oxalá seja verdade, se é que me entendem.

Até.