Obra da ETA sob responsabilidade da Scamatti e Seller

Obra da ETA sob responsabilidade da Scamatti e Seller

PODE QUEIMAR? Na sessão ordinária de ontem, 22, o Legislativo olimpiense meio que botou a “mão no fogo” pelo prefeito Geninho (DEM). Pode ter sido este um expediente perigoso e nada sutil. PDT, PTB, PR, PPS e as demais siglas – exceto o PT e, simbolicamente, o PP -, hipotecaram solidariedade ao alcaide. Mais que isso, o defenderam do “fogo cruzado” do qual estaria sendo vítima nos últimos dias, após aportar por aqui a “Operação Fratelli”.

INDO A FUNDO Somente Hilário Juliano Ruiz de Oliveira não foi no ritmo da maré de aliados ao prefeito nestes tempos difíceis. Para o petista, “é, sim, muito triste”, Olímpia estar sob suspeita dentro da operação desencadeada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Procuradoria Federal. E diz esperar que tudo seja apurado a fundo, para que não restem dúvidas quanto à isenção, se houver, do Governo Municipal sobre o esquema de fraudes em licitações de asfalto em investigação, e que já mandou mais de uma dezena para a cadeia.

QUE RATOS? Interessante foi o enunciado do discurso do presidente da Casa, vereador Beto Puttini (PTB), quando, chamando a atenção do seu primeiro secretário à Mesa, vereador Becerra (PDT), disse: “Quando o barco começa a fazer água, você vê os ratos caírem fora!” Só não disse quem eram os tais ratos. Mas defendeu “com unhas e dentes” o prefeito-amigo-de-primeira-hora, dizendo que é preciso esperar o julgamento final para depois condenar. Para Puttini, Geninho estaria sendo execrado sem sequer que se saiba se Olímpia tem culpa ou não neste “cartório”.

NÃO É ELE Marcão Coca, o representante do PPS, defendeu o burgomestre, enfatizando que o defenderá “em tudo o que for preciso”. Para ele, repetindo Puttini, “só quem faz é criticado”. Entende que “não é o Geninho quem está sendo fiscalizado. É uma das empresas que prestam serviços ao município (Demop)”.

VERGONHA DOS PREFEITOS O vereador Becerra, por sua vez, não economizou no verbo. Começou dizendo que manteria um posicionamento de defesa do prefeito “por tudo que ele tem feito”. Chegou a dizer que, em função disso, “os prefeitos anteriores devem ter um pouco de vergonha”. E mais: “Os prefeitos anteriores só sabiam reclamar. Geninho só sabe realizar”. “Antes de condenar, vamos aguardar”, pediu. “É essa a manifestação do PDT, a de que estamos lado-a-lado com o prefeito pelo bem de Olímpia”.

O EFEITO REALI Interessante foi ver a vereadora Cristina Reali quase desconstruir o Governo Carneiro, antecessor ao de Geninho, do qual ela fez parte, como secretária, por oitos anos. Ao hipotecar apoio ao prefeito de turno, lembrou que já foi oposição, mas que hoje está “apoiando” a atual gestão, “pela maneira inovadora de governar”. Disse que o prefeito “sai do marasmo e vai buscar alternativas”, para investimentos em creches, escolas, saúde e obras. Depois, imagino, caiu a ficha da vereadora, e ela disse: “Já tivemos investimento antes, mas não nesse nível”. Hipotecou então o apoio ao Geninho, “pelo que tem feito pela comunidade e pelo que tem inovado”.

DA BRANCA O vereador do PSL, Marcelo da Branca, de passagem também saiu em defesa de Geninho, na linha do “esperar-o-final-das-investigações-para-poder-julgar-se-for-o-caso”. Jesus Ferezin, do PTN, nada disse em favor de, nem contra o alcaide. Presume-se, pois, que seu silêncio pode indicar uma coisa ou outra. Pastor Leonardo (PDT) também falou alguma coisa nesta linha. No tocante a Paulo Poleselli (PR), a fala e o apoio de Reali em nome do partido, deve ter bastado.

O SILÊNCIO DO LÍDER O mais intrigante em tudo isso foi o silêncio absoluto do vereador e líder do prefeito na Casa, Salata (PP), a quem, por dever de posição, caberia a defesa do chefe do Executivo, e nada disse. Absolutamente nada. Aliás, Salata nunca esteve tão conciso em suas falas como na sessão de segunda-feira. Não usou da Tribuna por mais de dois minutos, nem fez qualquer aparte em projetos de autoria do Executivo. Considerando que Salata é um arquivo valioso, tal postura dá o que pensar…

POR QUÊ? Agora, o que não deu para entender muito bem foi a insistência de alguns vereadores – até Hilário Ruiz e Da Branca -, em saírem na defesa – e até elogiarem -, do responsável pelo Escritório de Captação de Recursos-ECR, repartição com status de Secretaria que tem à frente o também-amigo-de-primeira-hora do alcaide, Pita Polisello. Agradeciam pelo andamento de processos visando captarem verba por emendas parlamentares de deputados estaduais. Com eu disse, não deu para entender muito bem…

ENQUANTO ISSO A Casa aprovou ontem, o projeto de Lei Complementar 156, por oito votos a um – Hilário Ruiz foi voto discordante -, criando mais dois cargos em comissão de assessor especial, referência T3.5, com vencimentos de R$ 2.486,13. Para ocupar o cargo, basta que o felizardo tenha apenas ensino médio completo ou esteja cursando. “Nós votamos outro projeto, criando cinco cargos em comissão há menos de um mês”, contestou Ruiz, por nada. A propósito, o PLC foi aprovado em primeiro turno em regime de urgência. Afinal, amigos não podem esperar tanto, né não?

EM TEMPO: TRIBUNAL MANTÉM PRISÃO
DE LÍDER DA ‘MÁFIA DO ASFALTO’

Desembargador rejeitou pedido de habeas corpus para o empresário Olívio Scamatti, suspeito de chefiar esquema de fraude de licitações em 78 cidades do interior de SP

Fausto Macedo – O Estado de S.Paulo

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) rejeitou pedido de habeas corpus para o empresário Olívio Scamatti, preso há uma semana sob suspeita de chefiar organização criminosa que fraudou licitações em 78 municípios do interior de São Paulo com verbas de emendas parlamentares. A decisão que mantém Scamatti preso é do desembargador Márcio Mesquita. Ele também indeferiu habeas corpus para a mulher de Scamatti, Maria Augusta, e para um irmão dela, Luis Carlos Seller.

Em sua decisão, Márcio Mesquita, por outro lado, concedeu habeas corpus para outros cinco envolvidos com a “máfia do asfalto”, que se instalou em administrações municipais na região noroeste do Estado. Entre os investigados que foram soltos está Oswaldo Ferreira Filho, o Oswaldin, apontado como lobista da quadrilha – ele foi assessor na Assembleia Legislativa e na Câmara do deputado Edson Aparecido (PSDB), atual secretário-chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Continuam foragidos quatro irmãos de Olívio Scamatti. A Polícia Federal já incluiu o nome de todos no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos para que não deixem o País.

O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Scamatti, disse que vai pedir ao TRF3 reconsideração da decisão que mantém o empresário preso.

Até.