Poderia tranquilamente iniciar este post de agora com a seguinte afirmativa: “Já vi este filme antes”. Como vem sendo amplamente divulgado, o prefeito Geninho (DEM), candidato à reeleição, mandou fazer uma pesquisa de intenção de votos na qual aparece com 84,9% da preferência do eleitorado. A pesquisa foi divulgada na edição de sábado passado do semanário Tribuna(l) Regional, que consta lhe pertencer, cujos milhares de exemplares ainda hoje estão sendo distribuídos em todos os bairros da cidade.
A pesquisa foi elaborada por uma tal JET Publicidade e Pesquisa, e realizada no dia 16 de setembro, segundo texto daquele semanário. Ela foi, também, registrada no TSE, conforme manda a lei em caso de divulgação, sob o número SP-00913/2012. No total foram ouvidas 400 pessoas, garantem seus responsáveis.
Muito bem, nada contra a pesquisa, nada contra a sua divulgação, mas o que se pode querer buscar dentro deste episódio é uma coisa chamada lógica. Por que alguém contrata uma pesquisa, constata que está com quase a totalidade dos votos dos cidadãos aptos a exercê-lo na cidade e faz questão de divulgá-la com tanto estardalhaço? Sabendo-se que só para registrar um trabalho como esse há um custo superior a R$ 10 mil, seguramente mais caro que o cobrado para se realizar a própria pesquisa, inclusive?
E mais: sabedor do resultado e da vitória estonteante que vem pela frente, para que gerar comoção com a divulgação dos números e, também, mandar para as vilas os milhares de exemplares vistos dentro de um veículo de propaganda da campanha do próprio prefeito-candidato? Onde está a lógica disso tudo? Bom, é sabido que cada um tem o seu próprio estilo de fazer campanha. E o do Geninho, todos sabemos, prima pelo barulho, pela intensa sonoridade, pela ‘overdose’ visual.
Mas não soa um tanto exagerado o que vem relatado acima, nem tanto quanto aos números apontados, mas, muito mais pela intensidade de sua divulgação, pelo estranhamento com a forma que isso está sendo feito? Quanto ao “já vi esse filme antes” lá de cima, é porque em duas campanhas passadas, pelo menos, acompanhei o desenrolar de atitude igual a esta, divulgando pesquisas nas quais o candidato sabidamente derrotado mandava publicar em jornais locais dizendo estar à frente do seu oponente mais forte. E depois as urnas mostravam o contrário.
Entendam bem, por favor, não se quer dizer aqui que este caso é idêntico àqueles, nem que os números não sejam verdadeiros. Este espaço democrático apenas manifesta seu estranhamento quanto à forma de se lidar com o assunto, uma vez que, segundo os números, Geninho estaria nada menos que 73.7% de intenção de votos à frente do segundo colocado, o candidato Magalhães, com seus 11.2% de intenção de votos, e 81.1% à frente da terceira colocada, Helena Pereira, com seus 3.8% de intenção de votos. Nem um ‘tsunami’ eleitoral mudaria isso, concordam?
Considerando que, segundo o Cartório Eleitoral de Olímpia, estão aptos a votar em 7 de outubro 37.939 olimpienses. E que tirando-se cerca de 21% de votos nulos, brancos e abstenções (o que daria 7.967 votos), sobrarão 29.972 votos válidos, o percentual auferido pela pesquisa colocaria no colo do atual prefeito cerca de 25.500 destes votos, sobrando meros 4.472 votos válidos para serem distribuídos entre os outros dois candidatos, sobrando para Helena Pereira, por exemplo, míseros quase 170 votos, muito menos do que a maioria dos candidatos a vereadores terá.
A pesquisa também aponta índices de rejeição dos três candidatos a prefeito. Helena Pereira estaria disparada neste quesito, com 24,75%, em segundo vem o candidato Magalhães, com 18,25%, e o prefeito com 8,5%. Não seria mais um motivo a reforçar a idéia de que tanto barulho em torno da pesquisa seria desnecessário? E o que dizer da aprovação do Governo Geninho? Diz a pesquisa que esta bate nos 90.61%. É quase uma unanimidade. Inimaginável tal resultado.
Agora, é impossível? Não. Porém, para que tenhamos este quadro ao final da apuração do pleito, no dia 7, teríamos que estar diante do maior fenômeno eleitoral que a história deste município já conheceu. Porém, é prudente que esperemos as horas após o final da votação para confirmarmos ou não. Enquanto isso, é bom que o alcaide e seus correligionários prestem um pouco mais de atenção ao silêncio das ruas e dos recônditos.
Porque enquanto o estrondoso barulho que vêm fazendo agora é audível em qualquer canto da cidade e o será até às vésperas do pleito, talvez as ruas e os recônditos estejam gritando, num silêncio obsequioso, porém, mais estrondoso – afora o paradoxo- e cujos efeitos só poderão ser sentidos após o pleito.
Até.
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