O prefeito Geninho (DEM) abordou este que vos escreve por volta das 20h30 da última segunda-feira, no início da Rua São João, próximo à Avenida Dr. Andrade e Silva, preocupado em desfazer o clamor popular sobre os malfadados telegramas intimidatórios encaminhados ao blog, dando prazo de 24 horas para que um comentário postado pelo leitor que se autodenomina Zaratustra, fosse retirado, por conter, segundo o entendimento do Governo Municipal, “ofensas” ao chefe do Executivo.

Suponho que não precisamos nos ater muito mais a detalhes sobre o ocorrido, uma vez que o caso é por demais conhecido, dada a repercussão que teve até mesmo regionalmente. Mas, quem quiser se inteirar primeiro do que aconteceu, volte ao post do dia 2 de março – “Cunha, a 5ª Versão; Geninho não é Marreta”, e depois vá ao comentário postado pelo leitor em questão, no dia 3 de março, na caixa de comentários do blog. Vá também aos posts “Na Trilha do Absolutismo” (do dia 8) e “A Contra-contra-notificação do sr. Geninho” (do dia 13). Se não for necessário nada disso, então segue a leitura.

Pois bem, naquela noite, o prefeito, em carro oficial dirigido pelo seu assessor Pitta Poliselo, interpelou este blogueiro nos seguintes termos:

– “O Danilo (não identifiquei quem seja, mas parece tratar-se de um assessor interno do Gabinete) me disse que você publicou um telegrama que eu te enviei no Facebook?”. Respondi que na verdade havia publicado no próprio Blog. Ele perguntou:

– “Mas que telegrama é esse?”. Eu disse tratar-se de não um, mas dois telegramas encaminhados por ele ao blog.

– “Assinado por quem?”, perguntou. Eu respondi: “Por você”.

– “Mas é um telegrama com timbre do correio e tudo?”. Respondi que sim.

– “E como era a assinatura?”, insistiu. Respondi que era “Prefeito Municipal Eugênio José Zuliani”, com endereço da 9 de julho.

Ao que ele reagiu: “Juro pela minha filha que não te mandei telegrama nenhum”. Ainda reforcei, dizendo que foram dois telegramas, o primeiro com três folhas, recebido no dia 5 de março, e o segundo com duas folhas, recebido no dia 12 passado.

Disse que mandei protocolar uma contra-notificação junto à sua secretária executiva de Gabinete, Cássia Cristina Recco, que o assinou, carimbou e devolveu cópia, no dia 8 de março. E no dia 12 veio o segundo telegrama, reiterando as exigências do primeiro e especificando em que tópicos o prefeito havia se sentido atingido.

– “Você tem os originais?”, perguntou Geninho.

– “Sim, tenho”, respondi.

– “Você pode me mostrar?”, pediu.

– “Claro, mas só amanhã (terça-feira)”, observei.

– “Você leva na rádio e eu vou lá para ver”, combinou. Pediu meu telefone celular, eu dei os números.

– “Eu te ligo antes”, avisou.

Geninho disse ainda que iria pegar os telegramas e elaborar um boletim de ocorrência para apurar quem teria sido o autor, que ele insistia não ter sido de sua responsabilidade. Uma conversa de pouco mais de 10 minutos.

Na terça-feira, no caminho para a emissora, tirei cópia dos telegramas e da contra-notificação para entregar a ele, que teria a oportunidade de ver, também, os originais, para não ter dúvidas. No período da manhã não houve nenhum contato. Também nenhum contato foi mantido no período da tarde, muito menos à noite. E ainda hoje, até o momento em que escrevo estas linhas (15h15), ninguém da parte do Executivo nos procurou para tratar do assunto.

Registro este encontro para que o leitor fique por dentro de todos os lances envolvendo esta questão da tentativa de intimidar este blogueiro, e porque agora o prefeito vem tentar se eximir da responsabilidade. Não se sabe se por alguma estratégia política, visando atenuar o desgaste sofrido com a equivocada atitude, ou se há alguém atuando à sua revelia, dentro do Gabinete ou em algum de seus anexos.

Porque não é possível acreditar que um protocolo assinado por sua secretária Executiva de Gabinete não tenha passado por suas mãos. Se passou e agora o prefeito busca com a negativa livrar-se da pecha de ditador que lhe colou, isso é muito ruim do ponto de vista político.

Se não passou e ele de fato não viu, não ouviu e não sabe quem é o autor dos telegramas, isso é pior ainda, porque demonstra que o alcaide estaria deixando lacunas por onde estariam entrando os “excessivamente preocupados com sua imagem”, a ponto de falar por ele, responder por ele e ter atitudes intimidatórias, reacionárias, totalitárias e fascistas em seu nome.

De qualquer modo, caso o alcaide, tão logo volte para a Terra Brasilis e, ao depois à província de São João Batista dos Olhos D´Água – nèè Capital Nacional do Folclore – queira ainda tomar ciência dos telegramas, para a prometida elaboração do BO de investigação de autoria, informamo-lhe, ou a qualquer um seus assessores, estarem à disposição.

Até.