Os conspiradores, que bons conspiradores que são, não dormem mesmo em serviço, num feriadão destes, depois de um festão sertanejo na praça, muita cerveja e mulher bonita, ainda encontram tempo para perpetrar teorias e versões. E mais uma vez ligada à saída das hostes genistas, do ex-secretário de Obra e Meio Ambiente, Gilberto Toneli Cunha. Fiz num post anterior um roteiro com quatro versões. Agora surgiu a quinta, que vou narrar abaixo.

Alguém já ouviu falar em logística reversa, ou reversível, ou inversa? Se não ouviu, vai saber agora do que se trata. Segundo o Wikipedia, a logística inversa, conhecida também por reversível ou reversa, é a área da logística que trata, genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até ao local de origem.

Os processos de logística inversa existem há tempos; entretanto, não eram tratados e denominados como tal. Como exemplos de logística inversa, temos: o retorno das garrafas (vasilhame), a recolha/coleta de lixos e resíduos recicláveis. Atualmente é uma preocupação constante para todas as empresas e organizações públicas e privadas, tendo quatro grandes pilares de sustentação: a conscientização dos problemas ambientais; a sobrelotação dos aterros; a escassez de matérias primas; as políticas e a legislação ambiental.

A logística inversa aborda a questão da recuperação de produtos, parte de produtos, embalagnes, materiais, de entre outros, desde o ponto de consumo até ao local de origem ou de deposição em local seguro, com o menor risco ambiental possível. Assim, a logística inversa trata de um tema bastante sensível e muito oportuno, em que o desenvolvimento sustentável e as politícas ambientais são temas de relevo na atualidade.

Bom, e o que tem isso tudo a ver com Gilberto Toneli Cunha? Poucos vão se lembrar disso, mas a Câmara de Vereadores votou ainda em 2010, um projeto de lei autorizando a implantação em Olímpia de um aterro sanitário, cujas despesas iniciais, inclusive a compra, já feita, da área, caberá aos cofres públicos,

mas que depois será terceirizado à iniciativa privada, podendo receber lixo tóxico, radioativo, inflamável e corrosivo, estes e outros tipos de resíduos podendo vir de qualquer cidade da região, mediante contrato de prestação de serviços.

Muito bem, a teoria dos conspiradores diz que aí está a chave da questão. Há informações de bastidores dando conta de que Gilberto Cunha andou viajando muito estes últimos tempos para as imediações de São Paulo, mais exatamente a Grande São Paulo. Por ali existiria uma “grande empresa especializada em meio ambiente” ou, mais especificamente, em logística reversa. Então, ao invés de mirar na lagoa de tratamento de esgoto, conforme uma das teorias publicadas aqui, tais conspiradores, agora, estão chamando a atenção para o aterro sanitário.

Pela lógica do Governo Municipal contida no corpo do projeto aprovado na Câmara, a empresa receberia o terreno da própria prefeitura, um investimento oriundo dos cofres públicos da ordem de R$ 242.813,61, conforme valor das áreas já desapropriadas judicialmente pela prefeitura. São três glebas de terras, de propriedade de José Donizeti Buzatto e outros, tomadas em 2010. É claro que haverá a devida licitação.

Mas, observem uma coisa: O objeto da concessão compreende a implantação, operação, manutenção e eventual ampliação do aterro licenciado pelos órgãos ambientais. Há riscos sérios de danos à comunidade e ao meio ambiente e, nestes casos, a responsabilidade será toda da empresa, segundo o projeto. O PL pede “aplicação de tecnologia nitidamente sofisticada”. Quantas empresas terão esta “tecnologia nitidamente sofisticada” para aplicar? O prazo de concessão será de 20 anos, podendo ser renovado por igual período.

E mais: Até o próprio município terá que pagar para depositar o lixo do olimpiense no aterro terceirizado, através de tarifas unitárias, conforme valores a serem apresentados na concorrência. E a área desapropriada será cedida para a empresa implantar o aterro. O município, prevê o projeto, receberá 1% da receita bruta mensal da empresa, que deverá ser revertido às obras sociais, de preferência às ligadas à saúde pública.

Ficou claro? Ou precisam que eu desenhe. E não se esqueçam: trata-se de uma possibilidade, é uma lucubração, uma teoria. Conspiratória, mas uma teoria.

RESPEITO À MEMÓRIA
O prefeito Geninho (DEM) de uns tempos para cá tem feito circular entre os seus, para que ganhe a dimensão eleitoral da qual ele necessita no momento, que seu modo de administrar a cidade é idêntico ao do saudoso ex-prefeito Álvaro Marreta Cassiano Ayusso. Esta estratégia, aliás, teria por finalidade, talvez, aumentar sua penetração no eleitorado, digamos, da “velha guarda”, saudosista do “prefeito-trator”. Sim, porque no demais a distância entre um e outro é quilométrica, abissal.

Marreta era um político sui generis, mesmo para sua época (ele governou Olímpia entre 1977 e 1982, seis anos porque houve prorrogação de mandato). Um político que dava muito de si, até materialmente falando. Pode-se dizer que ele deu sua vida por Olímpia, uma vez que foi o acidente sofrido numa viagem de emergência a Sâo Paulo, visando salvar a Citrovale, que deu origem aos problemas que o levaram à morte. Se Olímpia, já há décadas teve seu Distrito Industrial, foi porque ele doou uma parte de sua fazenda para implantá-lo, que o caixa da prefeitura estava baixo.

Assim como outras ações que hoje não fazem mais parte do metier dos políticos. Marreta entrou na vida pública rico, e saiu dela sem quase nenhum tostão. Era simples, modesto, do tipo que saía da prefeitura, no final da tarde, e ia tomar cerveja nos seus bares preferidos, e se sentava com quem tivesse uma cadeira vazia à mesa. Gostava, sobremaneira, da alcachofra do Sete Barbas, no saudoso e descolado Sapeka.

Seu carro era um Passat, que com ele ficou por muitos anos. Já o tinha quando se elegeu. Com ele permaneceu quando saiu da prefeitura. Malgrado a situação do funcionalismo, que amargou muitos meses sem receber seus minguados salários, de resto Marreta está no inconsciente e nos corações da “velha guarda” olimpiense.

Esta que agora Geninho busca, usurpando a imagem do saudoso. Mas, só por esta breve e talvez falha biografia, dá para se perceber que entre Geninho e Marreta, há um abismo de proporções incalculáveis. São figuras políticas diametralmente opostas. Portanto, deixem que Marreta repouse em paz.

Até.