Fôssemos nós conselheiro político do vice-prefeito Gustavo Pimenta (PSDB), à moda dos nem tão desprovidos assim de senso de desconfiança, diria ao nobre vice: “Bote suas barbas de molho”. Já não é de hoje que vimos falando isso aqui neste espaço. E falávamos baseados em nossa intuição política, ou naquilo que batizaram em mim “sensitividade política”. Agora, o que era antes “sensação”, materializa-se nas palavras (ou na falta delas) do prefeito Geninho (DEM), quando em entrevista ao colega da Menina-AM, João Baraldi, não cravou seco o nome do tucano para mais uma eventual jornada no Palácio 9 de Julho.

E para tanto, o alcaide usou de jogo de palavras, dizendo algo como “nem a candidatura a prefeito ainda está definida”. Até as formigas sabem, no entanto, que ele é candidato à reeleição. Só não quis fechar questão neste momento quanto ao vice, e desconversou. Chegou a dizer que “está em conversas”, que “há vários partidos dando-lhe apoio”, etc. Por que o prefeito não cravou o nome de Pimenta com a mesma convicção com a qual o seu atual vice o tirou de um sufoco e constrangimento jamais vistos numa articulação política na cidade, a de buscar um companheiro de “dobradinha” na bacia das almas?

Sim, todo mundo se lembra que Pimenta foi o nome que restou, era o tudo ou nada. E com ele levou também talvez o único grupo partidário de certa forma coeso desta urbe, os tucanos. Digo coeso no sentido de que onde um está, todos estão. E o perigo das falas e titubeios do alcaide residem exatamente aí. Saindo Pimenta, saem todos.

Mas, se o burgomestre for mesmo “rifar” seu vice, trocando-o por outro que no momento lhe parecer mais conveniente, não se preocupem que ele o fará de forma extremamente meticulosa. Como se diz no popular, “vai dar o bote na hora certa”. O que pode dificultar um eventual “golpe” é o prazo eleitoral. No dia 10 de junho inícia-se o período para a realização de convenções dos partidos para escolha de candidatos. Seria neste dia, então, que os tucanos decidiriam os rumos político-eleitorais a seguir. O prazo para a decisão, no entanto, encerra-se no final daquele mês.

O dia 5 de julho é o último dia para os partidos políticos e coligações apresentarem, no cartório eleitoral competente, até às 19 horas, o pedido de registro de candidatos. Observem que há um hiato de cinco dias entre uma situação e outra. Supondo que Geninho (DEM) queira “aprontar” com os tucanos e ao mesmo tempo impedir que se articulem no sentido de barrar qualquer mudança, ele poderia fazer o tal registro às 18h59:30′, certo? Isso, mesmo tendo dado garantias aos tucanos de que seguiriam juntos. Garantias estas que por enquanto não foram dadas.

A coisa está na base do “banho-maria”, do “cozinhando o galo”. E falando em galo, é sempre bom lembrar que há um peso-pesado da política local pleiteando a vaga tucana. O peerrista Dirceu Bertoco não esconde de ninguém que uma vez aqui, outra acolá, dá uma articuladazinha neste sentido. Com o aval de ninguém menos que o megamaster deputado Valdemar da Costa Neto. Geninho já saboreou. inclusive, do néctar do poder político de Costa Neto. Há outros menos cotados, mas que na seara política olimpiense podem trazer significados e indicar significantes para uma eventual próxima gestão.

Isto tudo pode se configurar com mais certeza ainda se o alcaide tiver bons números nas mãos, indicando, por exemplo, que uma rebelião tucana em nada afetaria sua corrida para a permanência na cadeira da Nove de Julho. Ou seja, que mesmo todo o grupo peessedebista engrossando uma candidatura oposicionista, abalaria sua estrutura eleitoral. Para que isso não ocorra com certeza, então, teria que estar o alcaide com números nada animadores, que sem os parceiros de primeira hora iria patinar na busca de votos, correndo o risco de morrer na praia.

Portanto, como politicamente o prefeito é inconfiável – isso dito por seus próximos e parceiros políticos -, sempre se decidindo por aquilo que lhe é mais oportuno no momento, há que se repetir e repetir e repetir: Pimenta, bota suas barbas de molho. Aliás, tucanada em geral, por precaução, botem-nas também.

Até.