O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Olímpia-SSPMO, distribuiu esta semana uma confusa nota onde pretende esclarecer que os funcionários da prefeitura, autarquias e dapartamentos, não perderam tanto assim quanto imaginam. Repercutida nos veículos oficiais e semi-oficiais do Governo Municipal, e fora deste circuito na coluna “K Entre Nós”, do semanário Planeta News, a nota admite sim, perdas salariais, mas “só” de 18.59%.

Esta perda é ainda menor, diz o documento sem assinatura, se forem somados à reposição, também o abono assiduidade e o vale alimentação, o que elevaria o índice a 41,87%, ou perda frente ao Mínimo Nacional de apenas 3,13%, fração numérica, uma vez que a comparação percentual eleva este índice a 7.47%.

Mas, a instituição concorda em que os municipais foram reajustados, nos últimos quatro anos, em menos da metade do que receberam os trabalhadores da iniciativa privada – na relação de 45% para 26,41%. Em índice percentual isso representa mais de 70%. Mas, em dedução numérica chega-se aos 18.59% aceitos pela diretoria da entidade.

O presidente Jesus Buzzo agora usa e abusa dos “acessórios” salariais impostos pela atual administração, “acessórios” estes que abominava na gestão passada, sobre a qual faz uma digressão salarial para embasar o que julga ser talvez o melhor dos mundos sindicais já vistos por estas bandas. E invoca o funcionalismo a seu favor e da administração Geninho (DEM), quando diz que “hoje, o servidor municipal olimpiense está muito satisfeito com a atual gestão, pelo respeito e com­panheirismo ao funcionalismo de modo geral, sem perseguições e privilégios apenas para alguns como era feito em gestões anteriores”.

O presidente toma para si o direito de falar em nome de uma categoria composta por mais de 1,5 mil pessoas. E faz comparações que não deveriam constar de sua nota, pois assim parece estar o Sindicato empenhado em alimentar as idiossincrasias deste Governo que aí está, a necessitar de um divã onde exorcizar seus “demônios”.

Cumpre, também, o papel de porta-voz do poder, quando deveria ser a voz “rouca” do funcionalismo, nas negociações hoje feitas dentro do Gabinete e a portas fechadas. Pratica-se o sindicalismo de resultados, a forma mais demotucana de “sindicalizar”. E tocando na questão dos apadrinhamentos e favorecimentos a grupos, Buzzo se esquece de que na atual gestão esta prática está ainda mais fortemente arraigada, legalizada por subterfúgios que são sempre avalizados pela nossa Egrégia Casa de Leis.

Quem há de negar que instituindo o vale alimentação e o abono assiduidade não está o Executivo Municipal forjando o que poderia ser, de fato, o valor dos vencimentos básicos dos municipais, e pior, com o aval do Sindicato, mesmo sabedor de que estes “penduricalhos” não farão parte dos rendimentos da categoria, no futuro, quando da aposentadoria ou outro benefício a receber?

E era exatamente isso que ele tanto criticava, no governo passado. Exatamente com estes mesmos argumentos. Brandia a bandeira do “aumento real”, acima da inflação, e em índices muito superiores aos que aceita hoje.

Além do que, carece o Sindicato de permitir que os municipais acompanhem as negociações e tenham explicações detalhadas de cada passo dado. Porque acertar índice de reajuste a portas de Gabinete fechadas, cheira a subserviência, quando não ingerência, digamos, do “patrão”, sobre a entidade representativa do “empregado”.

Até.