Já faz alguns dias que o blog tem ouvido à boca pequena, que há uma situação no mínimo estranha envolvendo, para variar, o programa “Minha Casa, Minha Vida”, em construção em Olímpia. E nem se trata de novos episódios semelhantes àqueles que vimos registrando neste espaço desde o anúncio daquelas obras. Agora, é algo que tem intrigado bastante aos ainda poucos que já tiveram acesso à informação, e que esperam, no mínimo explicações, e convincentes, de quem de direito.

Pode ser legal, pode não ser. Mas a ex-proprietária da área onde estão sendo erigidas as 786 moradias do “Village Morada Verde” detém, em seu nome, 62 unidades do conjunto. Idalina Delefrante de Carvalho é dona, por exemplo, de uma quadra inteira, a quadra 2, com 33 casas. Depois, tem outras duas casas na quadra 3. E mais oito casas na quadra 6. Na quadra seguinte, a 7, há outros 4 imóveis em seu nome, que vão se somar a mais 3 na quadra oito, além de outros 12 na quadra 16.

Pode ser que aleguem estar a quadra dois fora da área do “Minha Casa, Minha Vida”. Mas, neste caso, porque segue a numeração sequencial, inclusive ficando espremida entre a quadra 1 e as demais? As outras quadras, então, não restam dúvidas de que fazem parte do conjunto. E o estranho é que todas elas ficam bem na ponta, talvez o lado mais próximo do Jardim Menina-Moça, ou seja, no trecho mais “urbano” do conjunto.

Trata-se de uma questão legal? É possível uma só pessoa deter em seu poder tantas casas assim? Isso não vem em prejuízo de outras tantas famílias que poderiam ter suas casas ali também? É sabido que não se trata de um programa habitacional popular, na acepção do termo, já que os compradores estão pagando e vão pagar caras prestações – na casa dos R$ 400 -, financiadas junto à CEF, e que à prefeitura coube apenas a compra do terreno de dona Idalina Carvalho – consta que por R$ 2 milhões -, para viabilizar a construção.

Mas, tem dinheiro público investido, cerca de R$ 50 milhões, por meio do Governo Federal, ou seja, o meu, o seu, o nosso dinheiro. Além do mais, as agora 724 famílias foram selecionadas de uma lista de 1.214 inscritas. Ainda estariam nela, portanto, 490 famílias que anseiam por um imóvel. Poderiam ser menos, 428. Será que estes imóveis vão permanecer fechados, serão alugados, ou comercializados? Isso é possível, dentro da conceituação de conjunto popular imposta ao “Minha Casa”?

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FARTURA
Falei aqui esta semana sobre o “Tribuna(l) Regional”, aquele semanário que era do empresário Fernando Martinelli, da Band FM, que o vendeu ao grupo do prefeito Geninho (DEM), além do que arrendou também a Difusora AM para este mesmo grupo, lembram? Falei do grande volume de exemplares, distribuídos à farta pela cidade. E que só no nosso endereço haviam quatro exemplares. Pois bem, hoje, sábado, ao abrirmos a porta, pela manhã, vejam o que encontramos sob ela:

Quem tem (nosso) dinheiro para bancar, banca!
Quem tem (nosso) dinheiro para bancar, banca!