Não se trata da invenção da roda, muito menos da decoberta da pólvora, como se diz. Prefiro acreditar que foi a volta necessária aos fundamentos da festa em si que está levando de novo ao recinto o público perdido pelo Festival do Folclore nos dois últimos anos – ou nos dois primeiros anos do atual Governo Municipal. E digo “volta aos fundamentos da festa em si” com certa dor no coração, porque significa que nós, os que vivem o Fefol com “alma”, temos que nos render às evidências: o evento não existe por si mesmo, muito menos pelo que representa ou por sua importância, ou ainda mesmo por ser um valioso patrimônio imaterial da cidade.

E foi esse o foco dos organizadores a partir deste ano. Sabedores que os dois anos anteriores impuseram retumbantes fracassos à festa, em termos de público, e temerosos de que o fenômeno se repetisse este ano, fizeram as mudanças que fizeram, ainda que sob argumentos e justificativas não de todo críveis. E assim, já de saída vem o secretário de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer, Beto Puttini, dizer que o público da abertura “foi o maior da história das aberturas”. Seguramente não foi. E seguramente, também, esta 47ª edição não terá o mesmo público da última antes do atual Governo, em 2008 – 44ª edição.

Mas, com certeza o público, este ano, será no mínimo três vezes maior que em 2009 – estimadas 30 mil pessoas durante os nove dias. Digo três vezes maior que 2009 porque 2010 não dá parâmetro, já que a estimativa de público ficou aquém do ano anterior, embora ninguém o tivesse medido. Li não sei onde que a PM estimou o público do final de semana – sexta e sábado, em 25 mil pessoas. Contagem aleatória poderia acrescentar a estes números mais cerca de cinco mil pessoas da segunda e terça-feira. Pronto, 30 mil pessoas já teriam passado pelo recinto da festa. Assim, os públicos de 2009 e do ano passado, tranquilamente já estão batidos.

A Comissão Organizadora, em 2009 e 2010 não fez a contagem de público por meio de catracas, como nos últimos anos, nem fez uma estimativa oficial, como agora, a Polícia Militar. Em 2009, a expectativa era de receber entre 150 mil a 160 mil pessoas. Em 2008, haviam sido contabilizados 176.746 visitantes, na catraca. Também contou-se muito naquele ano, como agora, com os turistas – foi o ano e o mês da lacração dos poços do Termas, lembram? “120 ônibus de turistas foram cancelados”, relatou a coordenadora dos Festivais, Maria Aparecida de Araújo Manzoli, a Cidinha Manzoli.

Ao final do evento em 2010, Cidinha Manzoli admitiu que “houve erros no desenrolar desta edição da festa”, corroborando críticas na imprensa e entre populares, mas garantiu que eles seriam corrigidos para “a próxima edição”, ou seja, esta edição. Mas, a grandiloquência, como agora, marcou presença: ” Foi um dos melhores festivais”, sentenciou Manzoli. Estranhamente mais “humilde”, o que não é do seu feitio, o prefeito Geninho (DEM) disse na ocasião que o 46º Fefol foi “muito melhor que o do ano passado”. Sim, de fato, foi, porque ali já se notava o retorno aos fundamentos do evento, no seu aspecto festa.

O público não foi oficialmente contabilizado, mas no Recinto de Atividades Folclóricas “Professor José Sant´anna”, foi menor que o do ano anterior, que teve as estimadas 30 mil pessoas. Paulo Duarte Ferreira, presidente da Comissão Executiva da festa disse, por sua vez, esperar que neste ano a festa fosse melhor. E sim, está sendo. Se não melhor, pelo menos igual às de sempre, salvos 2009/2010, ou seja, materialista, feérica, alucinadamente comercial.

Mas, enquanto fato cultural perdeu a razão de existir. Sua essência tornou-se mero “penduricalho” na festa. E para quem ainda insiste em buscar o “profundo” insistentemente camuflado do Fefol, reomendamos ir ao recinto com a “alma”, pois é ela, somente ela, que te pode realizar.

Até.