Está tudo muito louco. Os deuses estão loucos. Os homens, como seus assemelhados, ainda mais loucos. O mundo virou de ponta-cabeça. E ninguém mais entende ninguém, ao que parece, nem tudo o que está acontecendo. Turbilhões de informações, contra-informações e outros genêros de coisas circulam aqui e ali, em todos os lugares. Ferramentes sociais e blogs se tornaram depositários dos estrumes ideológicos e políticos. Cada um fala o que quer, via de regra bobagens, “tonterias”, como se fosse o fino do pensamento. Será esse o chamado câncer da modernidade: A “babelização” do entendimento?
(“Nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-lo num falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade – Theodore Adorno, in “Minima Moralia”).
Maniqueismos de toda espécie assumem o lugar de “atos de justiça”, os mais humildes sendo manipulados pelos poderosos, a sociedade calada e vencida pela troca dos interesses, o indefectível toma-lá-dá-cá. As instituições, antes tão ativas, pensantes, agentes da opinião pública, hoje silentes, agentes da quietude que prescinde do questionamento. Mentes divididas, opiniões – quando as há com certa razoabilidade – desencontradas. Consequência dos tempos viventes, dos não-seres, daqueles que habitam o mundo vazio de virtudes, de ética, da decência e do saber humano.
(“O que constitui o valor do homem não é a verdade, que qualquer pessoa pode possuir ou supõe possuir, mas o empenho sincero que o homem empregou para descobrir a verdade. Pois é por meio da busca pela verdade, e não com a posse desta, que as suas forças se ampliam, e somente nisto consiste a sua perfeição sempre crescente – Gotthold Lessing, in “Eine Duplik”)
Pessoas que mentem conforme suas necessidades, temores e, ou, conveniências. Voltam atrás na palavra dada, desdizendo, descaradamente, o dito. E assim seguem erigindo seus castelos de vento, plantados os alicerces no próprio caráter cediço, abstendo-se, ainda que seja legítimo, de qualquer ato ou palavra que levasse a algo próximo de uma sedição. Só a subserviência humana explica. Para os outros só a loucura sádica advinda dos interesses contrariados. Da abrupta descontinuidade daquilo que em tudo se assemelha à promiscuidade nem disfarçada.
(“A humildade fica perto da disciplina moral; a simplicidade de caráter fica perto da verdadeira natureza humana; e a lealdade fica perto da sinceridade de coração. Se um homem cultivar cuidadosamente essas coisas na sua conduta, não estará longe do padrão da verdadeira natureza humana. Com a humildade, ou uma atitude piedosa, um homem raramente comete erros; com a sinceridade de coração, um homem é geralmente digno de confiança; e com a simplicidade de caráter é comumente generoso. Cometerá poucos erros – Confúcio, in ‘A Sabedoria de Confúcio’.”)
Aonde a falsidade, a mentira, a dissimulação podem levar alguém? A lugar nenhum. Se levar, será certamente por caminhos tortos, escuros, assombrados, rumo a um lodaçal. De podres e fétidas criaturas. Monstros balofos sequiosos por almas perdidas. Que ali hão de se derramar, de se diluir. Hão de ser devoradas por estes espíritos do pior pesadelo.
(PS: perceberam que num acesso de petulância dividi meus pobres pensamentos com grandes pensadores da história? Não levem a mal.)
Até.
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