O vereador e lider do prefeito, Salata (PP), aproveitou a Tribuna da Câmara Municipal na sessão ordinária de segunda-feira, 9, para “explicar” as razões pelas quais “invadiu” os estúdios da Rádio Menina-AM na semana passada, episódio que teve ampla repercussão – e negativa no caso deles – no seio da opinião pública nos dias seguintes. Entre outras coisas, disse que foi rebater “manifestações maléficas feitas pelo órgão de imprensa com relação aos vereadores desta Casa (a Câmara)”.

A “invasão”, para o vereador, foi puro “exercício de cidadania de cumprir o direito constitucional de desagravar mentiras”. Salata disse querer deixar “registrado” que é “homem da paz, da harmonia e da serenidade”. O que está ocorrendo, disse, enfático, é “a apologia da delinquência jornalística”, onde são atacadas “gente de bem”. Por fim, chamou os profissionais da emissora de “caluniadores de aluguel”.

Porém, só para lembrar: em nenhum momento de seu discurso, Salata desfez tudo o que foi dito por estes mesmos profissionais da emissora, e que tanto o ofendeu e “caluniou”. Tudo o que foi dito pelos profissionais, depois rebatido pelo defensor do prefeito na Câmara, foi reiterado por estes mesmos profissionais, aí até com maior riqueza de detalhes, e nada mais foi dito depois. Ou seja, os “caluniadores” não são tão “caluniadores” assim.

GASTAMOS, MAS
MAS NÃO GASTAMOS
Foi mais ou menos isso que disse o vereador e 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara, Guto Zanette (PSB), segunda-feira, em relação à divulgação dos gastos da Casa neste início de ano, cinco meses após o presidente Toto Ferezin (PMDB) tomar posse. Na tentativa de defender a Casa, Zanette apenas confirmou o que foi divulgado neste blog, depois repercutido na imprensa escrita e até regionalmente – a TVTem esteve na cidade na quinta-feira, em busca destas mesmas informações.

“A Câmara comprou sim o carro, mas é um patrimônio da Casa, e de acesso a todos, até mesmo os funcionários”, começou dizendo. O carro, um Linea HLX 2011/2011, custou R$ 57.300. “Fiz a palestra, sim, do Dia da Consciência Jovem. E todos os vereadores foram convidados, mas só o Toto veio”, disse, sobre a palestra com o tema “Um Jovem Inteligente e Empreendedor”, pela qual a MS Consultoria, Assessoria e Treinamento Ltda., cobrou a bagatela de R$ 3.200, pagos também à vista, como o carro. “Foi um dinheiro muito bem gasto, mais de 100 jovens estiveram aqui (na Câmara)”, comemorou.

Depois, disse que “não foram gastos R$ 171,2 mil”, porque tais despesas estão previstas em cartas-convite, e são, portanto, “previsão (de gasto) até o final do ano” – mas como, se o carro e a palestra foram pagos à vista? Quanto à assessoria de R$ 33.360 para “serviços técnico-profissionais especializados de assessoria e consultoria”, disse Zanette que “é de praxe”, por causa da complexidade das leis orçamentárias. “Vamos precisar desta assessoria”, arrematou. O carro, disse ele ainda, “está abaixo do valor de mercado”. Tudo isso foi feito, finalizou Zanette, para “valorizar o Legislativo”.

Só se esqueceu de dizer que cumprir a obrigação básica que é fiscalizar os atos do Executivo também valoriza, e sobremaneira, o Legislativo. E não precisa gastar dinheiro, para isso. Gasta-se apenas fosfato, e desenvolve-se o raciocínio. Áh, e para não esquecer, embora ele não tenha citado, destas contas também faz parte a compra de periféricos para manutenção, reposição e conservação dos computadores da Casa, nos quais se gastará R$ 77.342,81, com a empresa Renan A. J. Buzatto-ME, ou quase R$ 8,6 mil por mês. Este valor mensal daria para comprar 6,5 máquinas de última geração por mês.

Pois é, jeito estranho de “valorizar” um Legislativo, não?

Até.