O colega José Antonio Arantes, editor do semanário “Folha de Região” e da “Coluna do Arantes”, daquele mesmo jornal, é risível, para dizer o mínimo. Entusiasta que é deste governo de quantidades e valores e nunca de resultados e qualidade naquilo que faz, pratica o que tempos atrás muito se usava classificar de “uma no cravo, outra na ferradura”. Ou seja, primeiro detrata depois “defende”, numa espécie de elogio da insensatez.

Em sua coluna de sábado, sem saber exatamente o que dizer quanto ao episódio da “invasão” dos estúdios da Rádio Menina-AM pelo vereador e líder do prefeito na Câmara, Salata (PP), tergiversou e escamoteou às escâncaras, atacou, agrediu, desrespeitou, para depois posar de democrata e defensor dos direitos constitucionais da profissão e dos profissionais envolvidos. Dentro da mais estrita manifestação de bipolaridade jornalística. Se não, leiam a abertura de sua coluna: 

“Como é duro assistir ao festival de hipocrisia que começa a se instalar principalmente entre os chamados formadores de opinião, forçados por seus senhores, virtuais futuros candidatos, ou apoiadores de algum ou alguns…” Para na sequência, completar: “É como se todos os ouvintes, leitores ou meros interlocutores, fossem imbecis, ou vivessem nos tempos em que a simples retórica servia como publicidade fulminante, ou como se multidões pudessem ser convencidas com argumentos de tamanha pequenez que causam nojo, asco ou mesmo incredulidade…”

E mais: “Não dá para acreditar que ainda exista quem viva como se estivéssemos nos tempos dos coronéis, onde tudo era decidido ao som das chibatas. São capachos deste ou daquele tocando a trombeta como a anunciar que só existiria uma saída: aquela defendida por seus senhores. Depois, prossegue: “Claro está que hoje, embora ainda exista quem seja influenciado por tais artimanhas, não é concebível trilhar caminhos únicos, prescrever remédios milagrosos, ou mesmo combater um mal que não existe.”

E conclui: “É o que está acontecendo no cenário local. Às vezes chega-se a tal ponto que a fantasia é tão intensa que a gente não sabe se está ouvindo, lendo ou conversando sobre coisas reais ou imaginárias. É como se a ficção tivesse tomado conta da imaginação destes soldados que vendem a palavra e, por conseguinte, acabam por entregar a alma para o diabo….”

O que não dá para comprender é o tamanho da raiva, do furor que acomete este profissional. Nos parece mais preocupado com o que fazemos e com o volume de olimpienses que concordam com as críticas feitas a este Governo que ele tanto preza – e lá embaixo ele diz por que – do que, exatamente, com as “coisas do jornalismo”. Os mesmos assinantes de hoje do jornal sãos os assinantes de ontem, acrescidos de uns e outros. E, portanto, são testemunhas do comportamento “jornalístico” deste semanário durante os quase oito anos da administração passada.

Como com esse, teve um início de plena “lua de mel”, até que o maná virou “fel”. Aí tornou-se, aquele Governo, o pior dos infernos. Com este, a tática do medo funcionou. Por razões que a própria razão dsconhece, mas uma primeira impressão corre as ruas da cidade, as rodas sociais, os cafés e os butecos. Arantes critica tanto o mundo imaginário que diz ser este governo, mas não se isenta de ser mais um personagem dele. Ou um de seus indutores.

E as linhas gastas com sua postura de cobrança são meros adornos para um pensamento corroído pelas dificuldades de dizer o contrário. Se não, basta folhear esta mesma edição a que me refiro, a de sábado passado, 7. Mas, aí, vem a mudança de foco, quando parte para a “defesa” dos direitos constitucionais.

Começa dizendo: “Um fato talvez inédito, no entanto, acabou ocorrendo esta semana na emissora de rádio que, pelo que se depreende, pertence ao grupo político dos antigos Marechal e General.” E descreve a ida de Salata à emissora, com “um punhado de assessores de imprensa”, dizendo que ele “praticamente invadiu a rádio” e “armou bate-boca com os locutores defensores escancarados do grupo do general e do marechal”.

E aqui carece de um adendum, carece de o nobre colunista dar aos seus leitores a seguinte explicação: do que, exatamente, o “grupo do general e do marechal” precisa ser defendido? Tratam-se alí, de cidadãos comuns, como qualquer um de nós, sem pretensões futuras e até impedidos de tal, caso pensem nisso. Então, se prima pelo jornalismo isento, explicar-se há de o nobre colega.

O nobre jornalista vai mais fundo, ainda, desta vez enveredando pelo linguajar rasteiro e desrespeitoso, que prefiro reputar a um sentimento talvez de despeito: “Que os locutores vivem a despejar abobrinhas pelas ondas da ‘rádio marechalaica’,  não há que se questionar, no entanto, não dá para acreditar que se use da força para poder defender verdades construídas de um outro lado que tenta estabelecer um mundo virtual, onde a cidade seria a melhor do mundo.”

Assim, respalda nossas “abobrinhas” que nada mais são que uma tentativa de manter acordado o povo, para exatamente não cair “nas verdades construídas” do grupo que está no poder. Oxalá seu semanário fosse tão mais recheado de “abobrinhas” que de anúncios fartos e caros, mostrando a seus leitores, exatamente, este mundo “construído”, “virtual”, de “cidade melhor do mundo”. Se isso não for bipolaridade jornalística não sei o que é.

Ele reclama, ainda, que “não dá para acreditar que esta política mambembe vai continuar persistindo em Olímpia em pleno século XXI”. Já eu reclamo que não dá para acreditar que este tipo de jornalismo mambembe vai continuar persistindo em Olímpia, em pleno Século XXI. Porque logo a seguir ele mostra bem a que veio a sua coluna de sábado.

“A verdade é que se El Gênio conseguir cumprir o que está prometendo e agora não é nem mais questão de dinheiro, pois já tem as verbas todas liberadas, vai ser muito difícil alguém pelo menos querer contestar o título de ‘Melhor Prefeito de Olímpia’ que não foi dado por ninguém, mas apenas conferido pela simples constatação dos números.” A que números ele se refere não foi dito. Mas, ainda deu tempo de sair pela tangente:

“Se o imperador Genioso conseguir implantar o Médico de Saúde e resolver o problema da falta de médicos, já que, ao que se informa, mais quatro teriam abandonado o barco; instalar a nova captação de água do rio Cachoeirinha e por a Nova ETA – Estação de Tratamento de Água para funcionar; e, ainda, construir a Estação de Tratamento de Esgoto, ou o nosso “Bostódromo” bem longe do Thermas, não tem como não dizer que nunca, na história deste município, se conseguiu tanta verba para uma mesma cidade.”

Não, Arantes, se tudo isso for feito, não haverá como não dizer que o prefeito Geninho (DEM) não cumpriu com sua obrigação ou, mais que isso, que não cumpriu com suas promessas de campanha. E, mais ainda, não dará para dizer que ele, ainda que em final de exaustivos quatro anos de poder fez o básico: administrou a cidade, e dotou-a dos equipamentos necessários que venham contribuir para o bem estar coletivo. Porque números são apenas números, valores são frios.

E Governo nenhum pode ser considerado o melhor de todos pelo fato de ter trazido “tanta verba para uma mesma cidade”. Isso só pode acontecer, se esta “tanta verba” for bem gerenciada. A impressão que dá é a de que, para Arantes, quantidade é qualidade. Ou que a primeira prescinde da segunda. Se dizer “abobrinha” é pensar o contrário disso tudo, defenderei meu direito de dizê-lo o quanto for necessário. Porque não falo – como alguns escrevem – com o extrato da conta bancária nas mãos.

Até.