Ao mesmo tempo em que o alcaide corre para lá e para cá, e usa os mais disparatados argumentos para escamotear o reajuste dos funcionários públicos municipais, abre um enorme buraco no quadro de servidores, para encaixar mais 23 comissionados e nada menos que 133 novos funcionários efetivos. Para tanto, distribuidos entre Daemo e prefeitura, foram criados 15 cargos de provimento em comissão – aqueles de livre nomeação e exoneração pelo prefeito, e 39 de provimento efetivo – aqueles preenchidos por concurso.

No caso do Daemo, os gastos mensais com os novos comissionados que vão chegar alcançarão R$ 23.308 por mês, ou R$ 279.703 no ano, e com o 13º, R$ 303.011,80. Na prefeitura, a folha crescerá mais R$ 18.194 no mês; no ano, sairão dos cofres públicos e irão para os bolsos dos “ungidos” pelo poder, R$ 218.331, que com o 13º vai a R$ 236.525. Ou seja, a cada mês, os amigos do “rei” vão levar para casa, no total, R$ 41.502 entre prefeitura e Daemo. No ano, R$ 498.024. Ou seja, quase meio milhão de reais! Aliás, mais que meio milhão de reais, se computado o 13º a que também fazem jus: R$ 539.526.

Para se ter uma idéia do volume de dinheiro jogado em bolso alheio ao quadro de funcionários, a UBS recém-construída na Cohab IV custou, segundo informações oficiais, R$ 250 mil. A praça, construída e entregue na mesma época, naquele mesmo bairro, (embora a discrepância de valores) teria custado R$ 200 mil. Isto significa que, em um ano, esta gente terá levado para casa mais de uma UBS, mais de uma praça. Mas, quem está ligando para isso, não é mesmo? Na Câmara, pelo menos, só três vereadores estão. Os outros sete sequer têm a curiosidade de levantar números, como fizemos agora.

E há ainda aqueles que defendem os projetos com unhas e dentes, e não por dever de função na Casa além da de vereador, como é o caso de Salata, líder do prefeito; defendem porque devem estar ao mesmo tempo defendendo interesses próprios, como é o caso do neo-zulianista-mimetista Guto Zanette (PSB), que quase bateu boca com Magalhães, que questionava os projetos na sessão de ontem, segunda-feira, 28.

Em números, o Daemo está criando sete cargos em comissão, com 11 vagas, extinguindo 19 cargos efetivos, e criando outros 14, com 55 vagas. Já a prefeitura está criando 33 cargos – dos quais oito em comissão, com 90 vagas – das quais 12 para comissionados. Um detalhe: o prefeito Geninho (DEM) está extinguindo os cargos de assessor de comunicação e assessor de redação, mas criando em seus lugares, quatro vagas para o cargo de assessor de imprensa.

Ambos os projetos (123/11, da prefeitura, e 115/11, do Daemo) estão para serem votados em 2º turno na sessão ordinária da Câmara Municipal, em 4 de abril. Não restam dúvidas de que, muito mais que um simples “trem da alegria”, trata-se esta decisão do alcaide, de uma “locomotiva do escárnio”.

Até.