A julgar pelas colocações feitas pelo vereador e lider do prefeito na Câmara, Luiz Antonio Moreira Salata (PP), o povo acaba de ter usurpado o seu legado maior, o Festival do Folclore. Isto porque Salata classificou o Fefol de Olímpia como um “legado de Sant´anna que pertence ao povo”. Se pertence ao povo, por que este mesmo povo não foi consultado antes da decisão disparatada de antecipar o evento de agosto para julho? Observem que tão absurda é esta decisão que a cada vez que as autoridades são instadas a falar sobre o tema, mais se enredam em argumentos pífios e contraditórios.

Este comentário acima vem a propósito da aprovação, na sessão ordinári a da Câmara nesta quarta-feira, 9 (por causa do Carnaval), por sete votos a três, do projeto de emenda à Lei Orgânica do Município-LOM, com o objetivo de antecipar em uma semana a data do Fefol. Como se vê, apenas três, dos dez vereadores tiveram a coragem de manter postura firme e independente frente à mais absurda das decisões de um administrador municipal olimpiense. “Não é só de história que vive o município”, disse Salata à certa altura de suas argumentações tortas. “No final, tem-se que pagar a conta”, emendou.

Como se até então tudo fosse diferente. Se não tivesse contas a pagar. Mas, todos os prefeitos até Geninho (DEM) passaram por estas situações, e nenhum deles nunca arrefeceu como faz agora o burgomestre de turno. Imaginar que mudando a festa para julho irá “turbinar” o evento no quesito público, é querer simplificar um problema que não é tão simples assim. Aliás, falta explicar ao povo a razão pela qual o público das duas primeiras edições do atual Governo foi tão irrisório, em comparação às edições anteriores, onde somavam mais de 120 mil a 150 mil pessoas no Recinto nos dez dias. Este é o “xis” da questão. E ele está muito além de uma simples, porém absurda, mudança de datas.

Em um governo que se vangloria da tenra juventude de seu titular e assessores, esperava-se, pelo menos, criatividade para enfrentar adversidades. No entanto, o que se tem visto é o acovardamento intelectual e organizacional, para dizer o mínimo, onde soluções são buscadas em contextos desconectados da lógica e da razão. Bom, pelo menos da lógica e da razão à qual estamos habituados. Nada impede que esta juventude encastelada no poder possa desenvolver sua própria lógica, sua própria razão, sua própria ética. E assim nada se pode fazer, porque serão então regidos por outros padrões, que não os dos simples mortais, como nosotros.

No mais, vale ressaltar que apenas os vereadores Magalhães (PMDB), Priscila Foresti, a Guegué (PRB), e Hilário Ruiz (PT), como disse acima, tiveram a coragem de contestar tamanha sandice, votando contra e se pronunciando em plenário, em nome da história, da tradição e invocando o respeito devido ao criador do Fefol, José Sant´anna. Os demais sete vereadores, por compromissos políticos, votaram a favor, acreditando que a mudança trará mais turistas e facilitará a vinda de mais grupos folclóricos e parafolclóricos, dois dos principais argumentos do alcaide e seu secretário, Beto Puttini.

Um terceiro argumento, já de antemão caiu por terra. Aquele que trata das crianças e das escolas. O prefeito argumentou que fazendo o Fefol em julho, o ano letivo não sofreria interrupção, porque é recesso. Acontece que o Festival foi agendado para 23 a 31 de julho. Porém, na rede municipal o recesso de julho termina no dia 28, plena quinta-feira de festa. O que vai acontecer, então? Não deverá haver aulas na quinta e na sexta-feira, e muito provavelmente também não na segunda-feira, quando as escolas são limpadas e reorganizadas.

Mas, dos males o menor. O vereador Zé das Pedras (PMDB) disse que vai apresentar uma indicação na Casa, pedindo ao prefeito a volta da cerimônia de entrega da chave ao mito Curupira. Os olimpienses de bom senso agradecem. E acho até que torcem para que ele não a devolva nunca mais.

Até.