Não foi com pouca surpresa que na manhã de sábado passado, 5, vi estatampada no semanário “Folha da Região”, de Olímpia, em primeira página. a manchete gigante “Prejuízos por causa das chuvas chegam a R$ 11,5 milhões”. Diz o jornal que a informação foi passada pelo secretário municipal de Obras e Meio Ambiente, Gilberto Tonelli Cunha. Assusta porque trata-se de uma cifra astronômica a qual, o próprio secetário reconhece, será impossível de se obter onde que quer que se vá buscar.

E trata-se, também, de um hiper-super salto para cima, desde a primeira informação sobre os prejuízos, prestada pelo próprio prefeito Geninho (DEM), que falava em meros R$ 1,5 milhão. Depois, nas falas do próprio prefeito, este valor saltou para R$ 2,5 milhões e, em seguida, meados da semana passada, Cunha inflacionava o balanço, estimando em “mais de R$ 4 milhões” os estragos. A semana fecha, e os valores crescem quase oito vezes. Diz o jornal que este valor foi apurado “depois de um levantamento mais criterioso”, do que fizeram à cidade os 169 milímetros de chuvas do dia 25 de fevereiro passado.

Segundo ainda o semanário, os números eram do “relatório completo” dos estragos. Relatório este que foi apenas “informado”, não mostrado, não liberado em cópia para a imprensa de modo geral, para que a chata e impertinente da tal da transparência pudesse prevalecer. Mas, se aquietem os espíritos mais renitentes. O secretário, “de antemão avisa que não é possível gastar todo esse dinheiro”, disse o jornal. Sabem por quê? Porque este valor foi estimado para “fazer tudo de novo” na cidade, e não apenas para “dar uma consertada”. E, de antemão, também, Tonelli deixa claro que “fazer tudo de novo não é possível”. Porque este “é um valor que a gente não consegue suprir facilmente”.

Bom, então, devemos entender que por causa das fortes chuvas do final de fevereiro, seria necessário “fazer tudo de novo” na cidade, o relatório de valores foi feito levando em conta esta necessidade, mas não será feito “tudo de novo” porque não é possível obter tamanha quantia em dinheiro?

Ou seja, quer dizer que o que foi danificado será apenas reparado e não refeito, para que uma nova chuvarada possa levar rio abaixo? Os mais velhos costumam dizer que quando se é pego em uma inverdade, logo se vai precisar inventar outra para sustentar a anterior. Mas, no caso presente, prefeito e secretário se superaram, ao criarem uma situação surrealista na tentativa de justificar a total falta de transparência administrativa que graça na cidade nos últimos tempos.

EM TEMPO: Só agora, depois da tragédia passada o Executivo Municipal tratou de fortalecer a Defesa Civil da cidade, com a reformulação do Sistema Municipal de Defesa Civil. Dá a entender que o prefeito negligenciou antes por não ter tratado desta questão com mais seriedade. Na edição de sábado passado, 5, da Imprensa Oficial do Município-IOM, vem publicado o Decreto 4.952, de 4 de março de 2011, tratando deste assunto. O Sistema Municipal de Defesa Civil será criado junto ao Gabinete do prefeito, “com a finalidade de coordenar as medidas permanentes de defesa destinadas a prevenir consequências nocivas de eventos desastrosos e a socorrer as populações e as áreas atingidas por esses eventos.

Traduzindo: Agora este problema está diretamente afeto ao Chefe do Executivo. É ele que terá que ser acionado primeiro em caso de sinistros semelhantes ao de 25 de fevereiro. E é dele que deverão partir todas as diretrizes quanto ao que fazer. Pelo menos vai evitar, quem sabe, a falta de rumo que tomou conta da Administração desta vez. Quer dizer, tomara que assim seja.

AUTORITARISMO
“Nossa expulsão do Conselho foi um gesto autoritário de um governo que dá mostras de ser extremamente autocrático, voluntarioso, que interviu na Santa Casa e fechou à Hugo Chaves uma emissora de rádio que deixou de comungar com suas idéias.”

A afirmação acima é do artista plástico Willian Antonio Zanolli, na questão de sua expulsão, agora revertida pela Justiça, do Conselho Municipal de Saúde, onde era representante dos usuários do Sistema SUS. Também de acordo com sua concepção, Geninho perde a oportunidade de “passar para a história” como executor de uma administração aberta, transparente, moderna, atuante, ocupando o lugar comum reservado aos menos brilhantes políticos. E mais, diz Zanolli: “O Conselho Municipal de Saúde, se era ruim no passado, parece ter conseguido ficar pior, ter virado mera instância homologatória dos desejos do Executivo.”

E sobra até para a Câmara Municipal, onde sete dos dez vereadores atuam conforme os interesses do Executivo: “A maioria dos vereadores, que deveriam fiscalizar, opinar, propor soluções, se manifestar contra a situação caótica, optam pela omissão.” E são remunerados para isso, “ao contrário dos conselheiros, que fazem um trabalho voluntário, gratuito”.

Depois, Zanolli ainda dispara sua ‘matralhadora giratória’ para cima dos conselheiros, que “não montam comissões para averiguar a falta de médicos e remédios na rede pública, não discutem a vergonhosa destruição da UBS Santa Ifigênia, próprio municipal transformado, por um período, em ponto de distribuição de droga, não acompanham as licitações, não se mostram preocupados com a paralisação da UPA e muito menos com a situação dramática que vive a Santa Casa depois que está sob o controle do governo municipal”.

Já a secretária municipal de Saúde, Silvia Forti Storti, para o artista plástico “dá mostras de não ter justamente condição técnica alguma de estar à frente de uma Secretaria que cuida da continuidade da vida ou que, se mal administrada, antecipa o final dos tempos para as pessoas que necessitam de cuidados médicos”. E manda um recado aos descontentes: “Vou continuar no Conselho. Mesmo correndo o risco de perseguição, retaliação, expulsão, esta paga ingrata para quem faz trabalho voluntário em defesa da população.”

E fecha cravando um aviso: “Na próxima eleição para o Conselho, que se avizinha, a menos que algum casuísmo dos autoritários impeça, estarei lá, presente com meu nome para ser votado. Prefiro a expulsão que a omissão.” (Extraído de entrevista concedida ao semanário “Folha da Região”, edição de sábado, 5)

Até.